“Cyberpunk 2077: Phantom Liberty” tem gráficos impressionantes, com uso intenso de ray tracing – e, agora, uma geração de consoles à sua altura
Em dezembro de 2020, quando “Cyberpunk 2077” foi lançado, os consoles da nova geração haviam acabado de chegar ao mercado, e pouquíssima gente tinha um: com a escassez de chips durante a pandemia, eles eram bem difíceis de encontrar nas lojas.
Por isso, e por uma questão financeira óbvia, o estúdio polonês CD Projekt Red, autor do game, decidiu lançá-lo também para os consoles da geração anterior. Foi um desastre. O Xbox One e o PlayStation 4 não conseguiam rodar “Cyberpunk 2077” decentemente.
Milhões de consumidores se sentiram lesados, e a Sony tomou uma decisão radical: ofereceu a devolução do dinheiro e excluiu o jogo da PlayStation Store, num banimento inédito. As ações da CD Projekt Red despencaram 22% em apenas um dia – e “Cyberpunk 2077” ficou injustamente marcado como um fiasco.
Mas o tempo passou, e as coisas mudaram. O jogo melhorou e foi desbanido, e a “nova” geração de consoles se tornou a atual: hoje, bem mais gente tem um PlayStation 5 ou um Xbox Series X/S que há três anos atrás. E esses consoles possuem hardware suficiente para rodar bem o jogo. Em certos casos, muito bem.
A expansão “Phantom Liberty”, que será lançada amanhã para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC, deixa o visual de “Cyberpunk 2077” ainda mais impressionante. Como antes, a magia está na tecnologia ray tracing (que usa física real para desenhar a iluminação dos cenários).
Mas, agora, ela é usada de forma mais intensa. “Cyberpunk 2077” já tinha os melhores gráficos da atual geração; com “Phantom Liberty”, eles sobem um degrau. Veja só:
Testamos o jogo no Xbox Series X e também num PC, com placa de vídeo GeForce RTX 3080 Ti, de 34 teraflops. Nos consoles, os efeitos de ray tracing são menos realistas que no PC. Mas, na prática, a diferença não é tão grande assim. Confira um exemplo:
A diferença que realmente importa é a taxa de quadros: no Xbox Series X, e também no PlayStation 5, o modo ray tracing é limitado a 30 fps. Os consoles também oferecem um modo “performance”, de 60 fps, mas ele desativa o ray tracing – e, com isso, mata a riqueza gráfica do jogo. É preferível jogar a 30 fps (que com exceção de um cenário específico, o Estádio, são bem estáveis). O Xbox Series S roda a 30 ou 60 fps, com níveis de qualidade diferentes, mas sempre sem ray tracing. Seria pedir demais.
No PC, você não precisa escolher: tendo uma placa de vídeo suficientemente potente, dá para jogar com ray tracing e 60 fps. Nos testes, a RTX 3080 Ti conseguiu executar o jogo no modo RT Ultra, com resolução 4K (upscaling via DLSS), a 60 fps, sem quedas de frames.
Além do modo RT Ultra, o jogo oferece um ainda mais pesado e visualmente sofisticado, o RT Overdrive. Mas a placa de vídeo ideal para ele é a RTX 4090, monstruosa na performance (82 teraflops) e no preço – atualmente, ela custa em torno de R$ 11 mil.
O resultado, veja exemplo abaixo, é lindo. Mas o RT Overdrive é só para os mais abastados maníacos por hardware (a placa mínima para rodá-lo é a RTX 4080, que custa de 8 a 9 mil reais no mercado brasileiro).
“Phantom Liberty” é grande, muito maior do que os DLCs típicos: tem 13 missões principais e 17 secundárias. A história se passa em Dogtown, uma periferia ao lado da Night City do jogo principal. E o objetivo, como antes, é sobreviver: seu implante cerebral está se deteriorando, e você tem de achar uma solução antes de morrer.
O game desenvolve bem a premissa, que é ponto de partida para uma história interessante. A história tem o retorno de Keanu Reeves, que faz uma espécie de alter-ego do protagonista. Mas ele não aparece tanto quanto no jogo principal; agora o destaque é o ator Idris Elba, que faz o papel de um policial.
“Phantom Liberty” tem seus poréns: o começo é lento e meio confuso, o grau de desafio oscila (algumas missões são fáceis demais e outras difíceis demais, o que acaba obrigando você a mexer no nível de dificuldade durante a campanha), e alguns cenários são absurdamente escuros – a ponto de ser difícil enxergar o que está acontecendo.
Parece ser algum bug na implementação do modo HDR. Consegui resolver o problema, no Xbox, ajustando o controle tone-mapping midpoint para 3 (no PC, coloquei o gamma em 0,90).
Deu certo, com uma ressalva: os cenários escuros de “Cyberpunk 2077” são o paraíso das telas OLED, mas representam um desafio considerável para as televisões de LCD (como a minha, uma Samsung 4K já meio antiga).
Outro porém é que, no Series X, o carregamento é relativamente lento: a cada vez que eu morria, tinha de esperar 30 segundos até o jogo recarregar a fase. Isso lembra a era dos HDs mecânicos, não é performance de SSD. Tomara que resolvam em algum update.
“Phantom Liberty” vale a pena. Tem ação envolvente, bom enredo e gráficos sensacionais. Para quem jogou “Cyberpunk 2077”, é uma continuação imperdível. E, para quem não jogou, uma boa oportunidade para experimentar (dá para começar direto por ela, não é necessário completar a história do jogo principal antes – embora isso seja recomendado).
A expansão custa de R$ 100 a R$ 150, dependendo da plataforma. Para jogá-la, é preciso ter o game principal – que está em promoção, até o dia 1 de outubro, por R$ 120 a R$ 150.
Expansão ressuscita o genial e injustiçado “Cyberpunk 2077” Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
Nenhum comentário:
Postar um comentário