O consumo de cafeína durante a gravidez é um tema amplamente discutido e causa preocupação em muitas mulheres.
A substância estimulante é encontrada não apenas no café, mas também em chás, refrigerantes e até mesmo no chocolate. Embora seja consumida globalmente, seu uso durante a gestação pode apresentar riscos.
A cafeína tem a capacidade de atravessar a placenta, afetando tanto a mãe quanto o feto. Na gestação, aumenta o tempo necessário para eliminar metade da cafeína no organismo, chamado de meia-vida, variando entre 9 e 11 horas no terceiro trimestre.
Conforme as diretrizes da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), a ingestão de até 200 mg de cafeína por dia pela mãe parece ser seguro para o feto.
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No entanto, existem evidências de que doses inferiores a 200 mg/dia podem causar complicações durante a gravidez e para o feto.
A utilização da substância está ligada a riscos como aborto espontâneo, especialmente no primeiro trimestre, natimortos, bebês com baixo peso ao nascer ou pequenos para a idade gestacional, e ainda filhos com sobrepeso ou obesidade.
Um estudo publicado na JAMA Network em 2022 também mostrou que o consumo de cafeína pela mãe, mesmo em quantidades menores do que as 200 mg/dia recomendadas, estava associado a menor estatura da criança, começando aos 4 anos e persistindo até os 8 anos.
Além disso, a cafeína pode prejudicar a absorção de nutrientes como o ácido fólico, que é crucial para o desenvolvimento adequado do feto.
Outra preocupação é o impacto da cafeína no sono da gestante, tornando-o mais irregular e reduzindo a qualidade do descanso.
Uma boa qualidade de sono é fundamental para a saúde da mãe e do bebê, e a falta de sono durante a gravidez pode estar relacionada a problemas como hipertensão gestacional e parto prematuro.
Mecanismo de ação da cafeína na gravidez
Ela age como um estimulante do sistema nervoso central, bloqueando os receptores de adenosina, neurotransmissor que promove relaxamento e sonolência.
Isso resulta em aumento da atividade cerebral, frequência cardíaca elevada e, possivelmente, aumento da pressão arterial.
É importante destacar que cada organismo reage de maneira diferente à cafeína, e algumas mulheres podem ser mais sensíveis aos seus efeitos do que outras. É crucial estar ciente dos potenciais riscos associados ao consumo de cafeína nesse período.
Diante dessas considerações, a orientação geral é evitar o consumo da substância antes da concepção e durante a gravidez. Reduzir sua ingestão já é uma medida sensata para garantir a saúde tanto da mãe quanto do bebê.
Existem alternativas à cafeína, como optar por café descafeinado e substituir o café por chás liberados para a gestante, como chá de casca de laranja, chá de casca de abacaxi e chá de gengibre.
* Natalia Barros, é nutricionista, mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e fundadora da NB Clinic.
Cafeína na gestação: afinal, grávida pode ou não tomar café? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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