sexta-feira, 3 de maio de 2019

As origens do Imperador Palpatine – e seu retorno a “Star Wars”

Rey, a protagonista interpretada por Daisy Ridley, aciona seu sabre de luz em meio ao deserto (talvez em seu planeta natal, Jakku), enquanto um caça TIE Interceptor da Primeira Ordem se aproxima. É assim que começa o trailer de The Rise of Skywalker, o Episódio 9 da saga Star Wars e  último filme da trilogia começada em 2015 após a aquisição da Lucasfilm pela Disney em 2012. O lançamento está marcado para 20 de dezembro nos EUA. Em 12 de abril, saiu o primeiro teaser promocional – que apresenta os personagens, mas diz pouco sobre o enredo.

Luke Skywalker morre no fim do filme anterior, mas ouvimos sua voz rouca em off: “Passamos adiante tudo que sabemos. Mil gerações vivem em você agora. Mas esta é a sua luta.” Nada demais: faz tempo que os Jedi mortos reaparecem como assombrações azuladas da Força, dando consolo e conselhos sábios.

Nesse meio tempo, vemos cenas em rápida sucessão: Kylo Ren na neve; Rey abraçando Leia às lágrimas (sim, ela está viva no filme, embora a atriz Carrie Fisher tenha morrido em 2016) e até Lando Calrissian – ainda interpretado por um Billy Dee Williams vovô – no comando da Millenium Falcon com Chewbacca. Nos últimos segundos, os personagens se aproximam da carcaça abandonada da Estrela da Morte. Luke diz “ninguém realmente se vai”, a tela escurece e ouvimos uma risada… maléfica.

Sim, aquela risada de bruxa velha. A risada inigualável do Imperador Palpatine – também conhecido por seu título Sith, Darth Sidious. Pelo jeito, é ele que não se vai completamente. Dê uma olhada no vídeo e tire suas próprias conclusões, antes de continuarmos.

O problema é que você talvez tenha esquecido quem é Imperador Palpatine. Star Wars tem nove filmes oficiais e dois spin offs – não dá mesmo para pegar o bonde andando e logo de cara já saber o nome de todo mundo. Sendo assim, vamos revisar tudo, do começo:

Na galáxia fictícia em que se passa Star Wars, todos os seres vivos possuem organelas chamadas midi-chlorians em suas células. Elas são tipo as mitocôndrias ou cloroplastos dos seres vivos de verdade, e são responsáveis por tornar o sujeito sensível à Força. A Força, nas palavras de Obi-Wan Kenobi, é “um campo de energia criado por todas as coisas vivas. Eles nos rodeia e nos penetra; ele mantém a galáxia unida”. 

Pessoas que nascem com uma grande concentração de midi-chlorians em suas células têm a capacidade meio esotérica, meio sagrada, de manipular esse campo de energia. Por causa disso, elas são capazes de mover objetos sem tocá-los, confundir mentes fracas e “ver” sem usar os olhos – dentre outros superpoderes leves.

Mil anos antes dos acontecimentos do primeiro filme de Star Wars na ordem cronológica (A Ameaça Fantasma, de 1991), havia duas ordens de usuários da Força: os Sith (de sabre de luz vermelho) e os Jedi (de sabre de luz azul ou verde). Essa foi uma época mítica, praticamente medieval. Os Sith cultivavam o ódio e a inveja, e desejavam o poder; já os Jedi eram os mocinhos da história: eram pacíficos e meditativos, e só usavam a violência quando ameaçados. 

Os Sith foram derrotados pelos Jedi, e após esta guerra passou a vigorar uma República protegida pelos Jedi – que duraria um milênio. Todo mundo pensou que os Sith haviam sumido de vez. Mas a verdade é que eles não desapareceram: só estavam armando a vingança na surdina.

A regra de dois

Para manter a discrição, foi estabelecida a “regra de dois” (rule of two). Nas palavras de mestre Yoda: “Há sempre dois, nem mais, nem menos. Um mestre e um aprendiz.” Dentro da doutrina Sith, é natural que o mestre traia o aprendiz ou o aprendiz traia o mestre. Passar a perna é rotina. Só não vale existirem mais de dois ao mesmo tempo. 

É aí que entra Sheev Palpatine. Ele nasceu no planeta Naboo (o mesmo da rainha/senadora Padmé) no décimo século de existência da República, e era extremamente sensível à Força. Palpatine poderia ter se tornado um Jedi, mas foi atraído pelo lado negro e se tornou aprendiz de Darth Plagueis – um dos mais poderosos mestres Sith que já viveu. 

No Episódio 3, A Vingança dos Sith, Darth Sidious conta sua jornada com seu mestre na terceira pessoa. “Ele podia usar a Força para influenciar as midi-chlorians a criar vida. Ele conseguia evitar a morte daqueles que amava. Infelizmente, ele ensinou a seu aprendiz tudo que sabia. E então seu aprendiz o matou no sono. Irônico. Ele era capaz salvar os outros da morte, mas não a si mesmo.”

Não é lá muito simpático matar seu próprio mestre, mas, como já explicamos, se você não é um Sith malandro, você é um Sith mané. 

Palpatine, agora chamado Darth Sidious (todo Sith leva um “Darth” antes de seu codinome), se tornou mestre e teve diversos aprendizes. Um é Darth Maul, que você conhece no primeiro filme. Outro é o Conde Dookan, apresentado no Episódio II, O Ataque dos Clones – cujo nome Sith, menos conhecido, era Darth Tyranus. Por fim, o mais famoso deles: Darth Vader, que costumava ser o Jedi Anakin Skywalker.

Acontece que Palpatine mantém sua identidade sombria em segredo, enquanto segue uma carreira política perfeitamente respeitável como senador de Naboo, o planeta em que nasceu. É assim que ele dá um golpe de Estado digno de Hitler, se torna chanceler supremo da República e então a transforma no autocrático Império Galáctico – que comanda com auxílio de Vader. A vingança dos Sith se consuma, enfim.

É aqui que começa a trilogia original – aquela com Luke Skywalker, Princesa Leia e Han Solo combatendo o governo autoritário. Palpatine é morto junto com a queda de seu Império, na batalha narrada no Episódio 6, O Retorno de Jedi. Digo: morto mesmo. Ele é arremessado pelo próprio Vader em um poço de alguns milhares de metros de profundidade no interior da Estrela da Morte II – que então explode. Não dá para ficar muito mais morto do que isso.

É por isso que ouvir a risada do dito cujo no trailer do Episódio 9 – que se passa tantos filmes depois – deixou todos os fãs arrepiados. O Supremo Líder Snoke – que todo mundo esperava ver fazendo um belo estrago no segundo filme da trilogia da Disney – morreu no Episódio 8 sem nenhuma explicação satisfatória sobre suas origens. O retorno de Palpatine daria a Star Wars de um vilão de peso, que assombra a saga há décadas. Como fazê-lo voltar sem deixar o roteiro absurdo demais? Aí já é outra história. É pagar para ver.


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