quinta-feira, 6 de maio de 2021

CureVac: nova vacina alemã pode acelerar imunização contra a Covid-19

Prestes a apresentar os resultados da terceira e última fase de testes, a vacina da CureVac, biofarmacêutica alemã, pode acelerar a luta global contra a Covid-19, sobretudo nos países que ainda estão em estágios iniciais de imunização. A vacina usa a mesma técnica que as bem-sucedidas versões da Moderna e da Pfizer/BioNTech, mas com um trunfo: por não precisar de temperaturas muito baixas para refrigeração, ela se torna mais fácil de conservar – e transportar.

Antes de tudo, é preciso explicar que esses três imunizantes funcionam a partir de uma técnica inovadora e que, até a pandemia, jamais havia sido aprovada para uso em humanos. Trata-se da vacina de RNA, feita com um pedaço do código genético do vírus – no caso, o RNA mensageiro (mRNA) que codifica a proteína spike, a arma do Sars-CoV-2 para invadir células humanas. A ideia é que nossas células usem as instruções contidas nesse RNA para fabricar a proteína spike. Ela é reconhecida pelo sistema imunológico, que produz anticorpos e deixa a pessoa protegida contra uma eventual infecção pelo coronavírus.

Cerca de 29 equipes escolheram a técnica na criação de vacinas contra a Covid-19 – a CureVac, por exemplo, desenvolve o seu imunizante desde março de 2020. BioNTech e Moderna, por receberem altos investimentos, saíram na frente e já estão sendo aplicadas em ao menos 90 países (nos EUA, por exemplo, elas representam boa parte das doses distribuídas à população). Mas há um fator que diferencia a vacina alemã destas duas: o armazenamento.

Tanto a vacina da Pfizer/BioNTech quanto a da Moderna apresentam altos níveis de eficácia (90% e 94,5%, respectivamente). Porém, elas têm um problema: ambas precisam ser armazenadas a baixas temperaturas. A da Pfizer, que tem validade de 15 dias, precisa ficar guardada a -70 ºC. Já a da Moderna, que dura 30 dias sob refrigeração (e 12 horas em temperatura ambiente), precisa ficar a -20ºC.

Tais condições dificultam o armazenamento e transporte dos imunizantes – sobretudo para regiões distantes dos centros de produção e que podem não possuir geladeiras suficientemente potentes para conservar as doses. Já a vacina da CureVac é mais simples. Ela precisa ser guardada a -5ºC, além de permanecer estável por três meses (fora da geladeira, por até 24 horas).

Após resultados positivos em etapas anteriores, a fase 3 de testes do imunizante alemão começou em dezembro de 2020 e reuniu 40 mil pessoas da Europa e da América Latina. Vai funcionar assim: quando 56 voluntários (0,14% do total) desenvolverem Covid-19, a equipe de cientistas analisará os dados. Se a maior parte dos doentes pertencerem ao grupo placebo, então eles saberão que a vacina é, de fato, eficaz.

A CureVac integra o que os especialistas estão chamando de “segunda onda de vacinas”, na qual se incluem, por exemplo, a Novavax, dos EUA, e a ButanVac, produzida pelo Instituto Butantan. Elas poderão ser vitais para suprir a demanda global e controlar, finalmente, a pandemia.

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