segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Como voltar à rotina e à forma após as férias?

O fim das férias implica em retomar as atividades que fazemos regularmente no nosso dia a dia.

Muitas pessoas acreditam que a rotina é algo cansativo e estressante. De fato ela pode ser, mas isso se o contexto que a envolve não estiver alinhado com nossos valores e princípios. Ou seja, fazer algo que está desconectado contigo será muito desagradável.

Entretanto, é exatamente a rotina que nos dá segurança e uma possível previsibilidade dos nossos dias.

É dentro dela que conseguimos nos organizar e planejar atividades como o treino, a alimentação, a diversão e outros tantos compromissos.

Dessa forma, voltar de férias representa retomar os costumes que estabelecemos para a nossa vida. Mas como fazer, então, para recuperar aqueles hábitos que tínhamos antes do descanso?

+ Leia também: Emagrecimento não aceita atalhos

Comece com pequenos passos, dando prioridade àquelas atividades que mais te fazem falta.

Por exemplo: eu adoro correr. Mesmo nas férias mantive a prática, porém, num ritmo mais confortável. Então, nesse retorno, tento atingir a intensidade e a distância que fazia antes do recesso.

Por que eu escolho essa alternativa entre tantas outras? Ora, trata-se da atividade que mais me dá prazer. Assim, as demais acabam se tornando agradáveis, como fazer o fortalecimento das musculaturas estabilizadoras de tornozelo e joelho, algo que reduz o risco de lesões durante minhas corridas.

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E a alimentação?

O raciocínio do prazer ainda vale. Eu, por exemplo, sinto muita falta de realizar refeições que contanham salada. No retorno à rotina, busco preparar novamente grandes pratos de hortaliças, verduras e legumes – incluindo minha granola salgada.

Retomar hábitos significa voltar a um ambiente confortável de controle, o que traz o prazer da previsibilidade.

Recupere suas atividades para chegar onde deseja, mas aproveite a satisfação que isso acarreta – assim, novos costumes bacanas surgem na sequência.

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Vá devagar

Agora, cuidado: a tentativa de resgatar tudo de uma única vez pode fazer com que essa missão se torne exaustiva e desanimadora. É como tentar subir uma escada pulando três degraus: até conseguimos fazer isso uma ou duas vezes, mas cansaremos rapidamente.

Portanto, para dar início ao plano de forma sustentável, dê um primeiro passo e certifique-se de que está confortável nele. Em seguida, parta para o segundo, o terceiro…

Decidiu que primeiro quer retomar os treinos? Ok. Está funcionando? A prática está tranquila na sua rotina? Em caso positivo, você foca no segundo passo e assim por diante.

Lembro, aqui, uma frase repetida frequentemente por um grande amigo jurista, o dr Caesar: “o boi se come aos bifes”. Entrar em forma em 2022 é nosso boi. Vamos, então, bife a bife.

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Parto vaginal: desmistificando tabus e medos

O Brasil é o vice-campeão mundial de cesarianas, com 55% dos partos realizados dessa forma. Fica atrás apenas da República Dominicana, com 58%. É um percentual bem maior que os 10% a 15% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em seus consultórios, ginecologistas e obstetras estão acostumados com a frase taxativa de algumas gestantes: “Eu quero cesárea”. E a explicação mais frequente para essa opção é o medo da dor do parto. No estudo “Nascer no Brasil”, feito pela Fiocruz em 2015, mais de 80% das mulheres apontaram essa razão para preferir a cesariana.

Além disso, há uma parcela de gestantes que acredita que o parto vaginal traz maior risco de sequelas para o bebê. Esses são alguns importantes fatores que aquecem o caldeirão cultural pró-cesariana com temores sem sentido e fake news.

Não se trata de desconsiderar a cesariana, um procedimento necessário quando há risco para a mãe ou para o bebê. Mas é só. Nos demais casos, que são a imensa maioria, o indicado é o parto vaginal mesmo.

É justamente esse o conceito do Parto Adequado, um programa liderado pelo Einstein em parceria com o Institute for Healthcare Improvement (IHI) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que tem ajudado a diminuir o número de cesarianas desnecessárias nos hospitais participantes. Como o nome diz, trata-se de fazer o parto mais adequado para cada gestante.

+ Leia também: A importância da fisioterapia na gravidez e no próprio parto

Um dos problemas da cesariana eletiva é que o bebê pode não ter alcançado a maturidade pulmonar, com maior risco de desconforto respiratório ao nascer e até necessidade de cuidados em UTI neonatal.

A cesariana também aumenta em três vezes o risco de morte materna. Afinal, trata-se de uma cirurgia abdominal aberta, com mais chances de infecção, sangramento e tromboembolia. Mais: cesáreas vão deixando cicatrizes no útero que podem comprometer gestações futuras.

Um estudo realizado pelo Einstein abrangendo todos os partos realizados na nossa maternidade entre 2016 e 2019 mostrou que, em 6,7% das cesáreas, os bebês precisaram de internação na UTI Neonatal (contra 4,5% nos partos vaginais) e 0,8% das mães necessitaram cuidados intensivos em UTI (ante 0,3% nos partos vaginais).

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Além disso, o índice de amamentação na primeira hora foi de 93% nos partos vaginais e de 88% nas cesarianas.

Pois bem, se o parto vaginal apresenta tantas vantagens, quer dizer que a mãe deve suportar a dor em nome de sua segurança e de seu bebê? A resposta é não. Existem vários recursos para controlar a dor.

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Quando não é intensa, banho de chuveiro ou piscina morna, exercícios de movimentação do períneo, exercícios com bola ou agachamento com apoio de uma barra são alguns “truques” que funcionam.

Se o incômodo é maior, pode ser usado o óxido nitroso, um gás inócuo para mãe e bebê que alivia a dor e cuja inalação a própria mulher controla.

Por fim, se a dor é muito intensa, pode-se recorrer à anestesia peridural, que bloqueia as fibras nervosas, mas permite que a mãe sinta as contrações e mantenha a força dos movimentos.

Lógico que tudo isso depende de a maternidade ter estrutura adequada para atender o parto vaginal, com todos os recursos necessários e um modelo de assistência com enfermagem especializada e anestesista 24 horas.

A grávida tem o direito de escolher a modalidade de parto que prefere. Mas certamente fará uma melhor escolha se desfizer mitos e descartar informações falsas e infundadas.

A não ser em gestações de risco, o parto vaginal é o mais seguro e, como vimos, não faltam opções para espantar o temido fantasma da dor.

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domingo, 30 de janeiro de 2022

Saúde mental e alimentação: existe uma relação aí?

A pandemia de Covid-19, entre tantas questões, chamou atenção para um assunto, até então, pouco discutido: saúde mental.

Nos Estados Unidos, antes da pandemia, observavam-se sintomas de ansiedade em 8,1% da população e sintomas de transtorno depressivo em 6,5%. Esses números saltaram para 37% e 30%, respectivamente, no final de 2020. 

Já no Brasil, após os primeiros meses dessa crise sanitária, a prevalência de depressão e ansiedade chegou a 61% e 44%, respectivamente.

Infelizmente, negligenciada pela população e também por programas de saúde pública, a saúde mental custará à economia global cerca de 16 trilhões de dólares em 2030.

No contexto da pandemia, muitos fatores contribuíram para o aumento desses distúrbios psíquicos, como medo de contrair o vírus ou de perder um ente querido e a incerteza sobre questões econômicas.

Mas há outra questão, talvez mais inusitada para uma porção de gente, que provavelmente fez diferença: a relação existente entre alimentação e saúde mental.

A influência da microbiota

O eixo intestino-cérebro pode ter grande importância causal para ansiedade e depressão. Nessa condição, o uso de probióticos – bactérias capazes de melhorar a saúde intestinal – teria o poder de minimizar os sintomas psíquicos.

+ Leia também: Probióticos: um universo em expansão

Mas, se a microbiota intestinal é capaz influenciar a saúde mental, então todos os alimentos que a modificam poderiam também ter esse papel? A ciência indica que sim.

Diversos estudos que avaliam os hábitos de vida e a alimentação de indivíduos em diferentes partes do mundo têm observado que um padrão alimentar saudável, caracterizado pelo consumo adequado de frutas e vegetais, grãos integrais, fontes de proteína magra, oleaginosas, além de baixa ingestão de açúcares adicionados, pode reduzir o risco de transtornos de ansiedade.

Em contraste, uma dieta de estilo ocidental, caracterizada pela forte presença de alimentos doces e gordurosos, grãos refinados, itens fritos e processados, carne vermelha, laticínios com alto teor de gordura, além de baixa ingestão de frutas e vegetais, está associada a um maior risco de ansiedade.

Os pesquisadores, no entanto, ainda não chegaram a um consenso sobre o que vem primeiro nessa história. Isso porque, ao mesmo tempo que a alimentação desequilibrada favorece o surgimento de sintomas de ansiedade e depressão, observa-se que pessoas com transtornos mentais geralmente fazem escolhas alimentares ruins.

O que se sabe é que alguns padrões alimentares e nutrientes parecem contribuir para saúde mental. Veja exemplos:

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Dieta mediterrânea

Conhecida por incentivar o consumo de vegetais, peixes, azeite e oleaginosas, esse menu é rico em nutrientes anti-inflamatórios e antioxidantes. Não à toa, é relacionado com a prevenção e o tratamento de diversas doenças crônicas.

E seus benefícios também têm sido ligados à saúde mental. Pesquisadores observaram que a adesão à dieta mediterrânea por três meses, somada à suplementação de óleo de peixe, melhorou a qualidade de vida e reduziu sintomas de depressão entre adultos com essa doença.

Ômega-3

Falando em óleo de peixe, seu grande diferencial é ser fonte de ômega-3. Sabe-se que esse tipo de gordura – sobretudo a versão DHA, uma fração dos ácidos graxos ômega-3 – se destaca na manutenção das funções cerebrais, evitando processos inflamatórios envolvidos no aparecimento da depressão.

No entanto, as evidências sobre o papel da suplementação de ômega-3 no desenvolvimento dos transtornos mentais ainda são fracas.

Outros tipos de gorduras também têm sido vinculados ao desenvolvimento de ansiedade e depressão.

Pesquisadores brasileiros observaram que consumir uma dieta típica de nosso país – caracterizada pelo consumo de alimentos saudáveis, como verduras, legumes, frutas frescas e alimentos minimamente processados – em combinação com a ingestão diária de 52 ml/dia de azeite de oliva extravirgem (cerca de 4 colheres de sopa), reduziu sintomas de ansiedade e depressão em pessoas com obesidade grave.

Os autores destacam que o azeite oferece gordura de boa qualidade, enquanto o consumo de frutas e vegetais favorece o consumo extra de nutrientes antioxidantes, considerados aliados contra a depressão.

+ Leia também: Meia colher de sopa de azeite por dia para viver mais

Vitaminas e minerais

Sempre reforçamos que uma alimentação variada garante a ingestão de todos os nutrientes necessários para manutenção da saúde.

No entanto, a deficiência de nutrientes como zinco, magnésio, selênio, ferro, e as vitaminas D, B6, B12, E e ácido fólico têm sido associada a um maior risco de depressão, uma vez que esses compostos participam de caminhos importantes do nosso metabolismo, como a produção de serotonina – substância que promove o bem-estar e controle da inflamação.

Portanto, ter uma alimentação diversificada, rica em vegetais de folhas verde-escuras, grãos integrais, sementes, clara de ovo, produtos à base de soja, carnes magras, peixes, castanhas e frutas frescas é fundamental para quem quer prevenir ou tratar os transtornos mentais.

* Dan Waitzberg é nutrólogo, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do grupo Ganep; Natalia Lopes é nutricionista do Nutritotal e pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP

(Este texto foi produzido pelo Nutritotal em uma parceria exclusiva com VEJA SAÚDE)

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sábado, 29 de janeiro de 2022

Um método alternativo para rastrear o câncer de mama?

O câncer de mama, como já foi apontado neste espaço, é o mais incidente entre a população feminina mundial, a principal causa de morte específica por câncer e a segunda dentre todas as causas de mortalidade em mulheres, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Só no Brasil o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima mais de 66 mil diagnósticos em 2019 e mais de 18 mil óbitos pela doença.

O processo de formação dos tumores de mama ainda não é totalmente compreendido, o que dificulta traçar medidas 100% efetivas à prevenção. Ainda assim, o diagnóstico precoce amparado por alguns exames é uma das melhores estratégias para ampliar as chances de cura e qualidade de vida.

Nesse contexto, a mamografia é considerada o exame padrão ouro com o objetivo de detectar tumores pequenos. Diversos estudos mostram redução da mortalidade por câncer de mama entre as mulheres que fazem o rastreamento mamográfico em comparação às que não o fazem.

Mas o método apresenta algumas limitações, principalmente nas mamas que não são predominantemente gordurosas, e outros exames podem ser utilizados como complementares, caso da ultrassonografia, da ressonância e da mamografia com contraste.

O uso da inteligência artificial está aumentando de forma exponencial na medicina e não poderia ser diferente quando falamos em câncer de mama.

+ Leia também: Inteligência artificial: ela está no meio de nós

Já temos pesquisas mostrando que ela auxilia na leitura e interpretação de mamografias, ultrassons e ressonâncias. Outra aplicação visando ao rastreamento da doença se dá com a termografia.

A termografia é uma técnica que utiliza a radiação infravermelha emitida pelo corpo convertida em valores de temperatura e mapeada em uma imagem. Foi inicialmente muito utilizada na área militar.

A primeira imagem térmica para auxiliar o diagnóstico de um tumor na mama foi obtida em 1956 em Montreal, no Canadá. Em 1982, a FDA, agência que regula o mercado de saúde americano, aprovou o método para ser utilizado em conjunto com a mamografia

Mas a tecnologia térmica mais primitiva foi desacreditada entre os médicos devido às altas taxas de diagnósticos falsos e de falhas na detecção da doença.

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Com o tempo, foram feitos melhoramentos no padrão de imagem e hoje se estuda a associação da termografia com o uso da inteligência artificial. A ideia é aumentar a precisão do exame, pois o olho humano não diferencia padrões térmicos diferentes tão facilmente.

+ Leia também: Quando a Covid e o câncer se encontram

Com um sistema automatizado e inteligente, portanto, conseguiríamos identificar melhor padrões e ter mais precisão e qualidade no exame. Ainda assim, mesmo com o aperfeiçoamento da tecnologia, a eficácia da termografia é controversa.

Antes de oferecer a técnica aliada à inteligência artificial como algo revolucionário para rastrear o câncer de mama, precisamos realizar mais estudos, contemplando todos os estágios do tumor, mamas grandes, mulheres obesas, entre outras condições.

Os levantamentos preliminares sobre o método mostram que seus resultados são subjetivos e inconsistentes no diagnóstico do câncer de mama. Daí o ceticismo da comunidade médica e a perda de interesse pela tecnologia.

Mesmo somada à inteligência artificial, a termografia enfrenta o desafio da falta de estudos robustos e de qualidade e a escassez global de bancos de dados clínicos públicos.

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Para obter resultados consistentes, são necessárias mais investigações quanto à interpretação de imagens térmicas e o estabelecimento de protocolos padronizados.

Além disso, ainda existem limitações importantes do método, como a dificuldade em diferenciar o câncer de mama e áreas de inflamação, por exemplo, e a existência de fatores que podem influenciar o resultado do exame, como temperatura ambiente (ela deve estar entre 18 e 25º C) e ingestão de chá ou café.

Como conclusão, pelos dados atuais, não dá para dizer que a termografia associada à inteligência artificial poderá substituir a mamografia como método de rastreamento do câncer de mama. Ainda aguardamos novas pesquisas para estabelecer seu papel definitivo na detecção da doença.

* Eduardo Carvalho Pessoa é mastologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – Regional São Paulo e médico do Centro de Avaliação em Mastologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp)

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Retinoblastoma, um câncer que acomete os olhos e é mais comum nas crianças

O apresentador Tiago Leifert e a jornalista Daiana Garbin contaram, por meio das redes sociais, que a filha deles está em tratamento contra o retinoblastoma, um câncer nos olhos que é mais presente na infância.

Trata-se de um tumor raro: cerca de 400 crianças são diagnosticadas por ano no Brasil.

Como o retinoblastoma se manifesta

Esse câncer atinge a retina, a área que forma as imagens. Um dos principais sintomas é a leucoria, um reflexo branco na pupila que muitas vezes só é notado quando se irradia luz artificial no globo ocular ou em fotos.

Antes dela, a criança pode apresentar sensibilidade à luz, estrabismo e outros desvios oculares.

Em resumo, atente-se a esses sinais:

  • Estrabismo
  • Vermelhidão
  • Deformação do globo ocular
  • Perda de visão
  • Dor ocular
  • “Reflexo de olho de gato”: ao tirar uma foto com flash, a pupila normalmente fica vermelha, mas, nas crianças com a doença, o reflexo é esbranquiçado.

Em geral, o diagnóstico acontece com aproximadamente 18 meses de vida. Se não é tratado logo cedo, ele pode exigir a remoção cirúrgica do olho.

+ Leia também: 4 fatos importantes sobre o retinoblastoma

O tratamento

Uma forma de aplicar medicamentos quimioterápicos tem trazido ótimas respostas entre os pequenos com essa doença.

A técnica, chamada de quimioterapia intra-arterial, consiste em injetar o remédio diretamente no vaso sanguíneo que abastece os olhos.

Assim, o medicamento ataca o câncer com mais precisão e não precisa ser administrado em alta dose, o que diminui os efeitos colaterais e, em muitos casos, evita a perda da visão.

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A importância do diagnóstico precoce

Descobrir a doença cedo aumenta as chances de cura e preservação da visão. Nesse sentido, o teste do olhinho é um aliado.

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Como é o teste do olhinho

Obrigatório na rede pública, ele deve ser feito em todos os bebês ainda na maternidade.

Basicamente, o médico observa o reflexo da luz emitida pela lanterninha no fundo do olho da criança. Se há alguma alteração na estrutura, esse reflexo ganha uma cor diferente e pode não ser igual entre os dois globos oculares.

Catarata congênita, hemorragias e o retinoblastoma estão entre os problemas detectáveis nesse exame.

Mas, sozinho, o teste do olhinho não crava o diagnóstico. Por isso, caso seja observado algo estranho, a criança deve ser encaminhada a um oftalmologista para uma análise mais detalhada.

+ Leia também: 9 problemas de saúde que aparecem pelos olhos

O bebê aparentemente está bem? De qualquer forma, tem que acompanhar

Embora a repetição do teste do olhinho na infância varie caso a caso, o crucial é conversar sobre a saúde ocular com o pediatra.

Bebês prematuros ou que sofrem com estrabismo e alergias oculares ou que já apresentaram problemas visuais obviamente precisam de um acompanhamento próximo com o oftalmo.

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Foguete abandonado da SpaceX pode atingir a Lua em março

A foto acima foi tirada no dia 15 de fevereiro de 2015 em Cabo Canaveral, na Flórida. Na época, nem todo mundo conhecia Elon Musk, mas sua empresa aeroespacial já funcionava a todo vapor. A SpaceX usou o foguete Falcon 9 para mandar um satélite de monitoramento climático a 1,5 milhões de quilômetros da Terra.

A missão foi bem sucedida. Após consumir todo o combustível, o foguete ficou vagando no espaço durante os últimos sete anos, como acontece com a boa parte dos satélites e tecnologias espaciais desativados. O problema é que o estágio superior do foguete está viajando a 9.288 km/h – e, segundo novos cálculos, deve atingir a Lua daqui um mês.

A estimativa foi feita por Bill Gray, um desenvolvedor de software que monitora objetos espaciais próximos à Terra. Em uma postagem no seu blog, ele menciona que o foguete se aproximou da Lua no dia 5 de janeiro, mas o impacto deve acontecer no dia 4 de março. “Esse é o primeiro caso não intencional de pedaços de foguete atingindo a Lua, pelo que eu saiba”, escreve.

É bom lembrar que os resultados não foram publicados em um periódico revisado por pares – ou seja, não passaram por um processo rigoroso de revisão por outros pesquisadores. Mesmo assim, alguns cientistas se manifestaram sobre o achado. 

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O astrofísico Jonathan McDowell, da Universidade de Harvard, fez um tweet confirmando a previsão de impacto, mas disse que o achado não era “grande coisa”. À BBC, McDowell diz que isso já pode ter acontecido outras vezes, e nós só não notamos. “Ao longo das décadas houve talvez 50 grandes objetos que nós perdemos de vista. Isso pode ter acontecido um monte de vezes”, diz ele. O astrofísico também diz que esse será o primeiro impacto registrado de um objeto que não pretendia ir parar na Lua.

O impacto não deve ser observado da Terra. A previsão é que o foguete caia no equador, no lado da Lua que permanece contrário a nós (erroneamente chamado de “lado escuro”, mas que recebe luz do Sol em alguns períodos). A trajetória ainda pode ser alterada por diferentes fatores, como a pressão exercida pela radiação da luz solar.

Estimar onde o foguete deve cair é importante para que os satélites ao redor da Lua (como o Lunar Reconnaissance Orbiter e a espaçonave Chandrayaan-2) possam tentar observar o impacto e as consequências na superfície lunar.

O impacto do foguete de quatro toneladas a uma velocidade de 9 mil quilômetros por hora deve formar uma cratera artificial na Lua. Mas não há motivo para preocupação. Outros objetos próximos já colidiram com o satélite natural. O satélite LCROSS, da NASA, colidiu intencionalmente com a Lua em 2009, revelando a presença de água na forma de gelo em seu subsolo. As agências espaciais irão monitorar a “poeira” que o Falcon 9 deve levantar.

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Cientistas avaliam mutações da Ômicron e refletem sobre efeito das vacinas

Apesar de a ômicron ter emergido como uma variante de preocupação apenas em novembro de 2021, todas as mutações existentes nela, exceto uma, já haviam sido descritas anteriormente.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apoiados pela FAPESP, atribuem a esse fator a eficácia das vacinas atuais contra a variante, refletida no relativo baixo número de casos graves e mortes, apesar da maior transmissibilidade da nova cepa.

A hipótese foi levantada pelos cientistas numa carta ao editor publicada no Journal of Medical Virology.

“Os dados disponíveis até agora nos fazem crer que as vacinas atuais são de fato eficazes, respeitando as devidas proporções, contra todas as variantes do vírus. E possivelmente serão contra as outras cepas que vierem a surgir”, afirma Ricardo Durães-Carvalho, pesquisador da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) apoiado pela FAPESP e coordenador do estudo.

Ainda em outubro de 2021, antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecer a emergência da ômicron, outro estudo liderado pelo pesquisador, publicado na plataforma medRxiv e em processo de revisão por pares, descreveu a ocorrência de uma série de mutações compartilhadas entre diferentes variantes.

+ Leia também: Tire 7 dúvidas sobre isolamento e testagem por Covid-19

O grupo analisou mais de 200 mil genomas do SARS-CoV-2 e de outros coronavírus humanos. Foram encontradas mutações iguais em diferentes cepas, que poderiam servir como alvos de futuras vacinas.

“A ômicron corrobora nosso estudo. Das 35 mutações da variante existentes na proteína spike [usada pelo SARS-CoV-2 para se conectar com o receptor da célula humana e viabilizar a infecção], apenas uma não era conhecida. Vinte e cinco estão nas chamadas RBD [domínio de ligação ao receptor] 15 e RBM [motivo de ligação ao receptor] 10, regiões em que o vírus se liga às células humanas e, portanto, potenciais alvos para anticorpos neutralizantes”, explica Durães-Carvalho.

“Isso pode explicar por que a vacinação tem sido eficaz até aqui, embora nenhuma vacina no mercado tenha sido planejada especificamente para a ômicron. Apesar de não impedirem a transmissão, os imunizantes têm evitado mais casos graves e mortes quando comparamos essa nova onda com outras ocorridas quando não havia vacinas ou uma menor parcela da população havia completado o esquema vacinal”, diz Robert Andreata-Santos, que realiza estágio de pós-doutorado na EPM-Unifesp com bolsa da FAPESP, primeiro autor da carta.

Leia também: O que fazer se tiver contato com alguém infectado por Covid ou gripe?

Os pesquisadores esclarecem que a carta é baseada nos dados existentes até o momento sobre a ômicron e nos genomas que foram sequenciados das outras variantes. Apenas o desenrolar da pandemia, afirmam, é que pode confirmar ou não as hipóteses.

Mutações compartilhadas

No estudo publicado em outubro, que contou com outros coautores, os pesquisadores analisaram a dinâmica de dispersão e a evolução viral ao longo do tempo no Brasil, na China, nos Estados Unidos e na Índia, de fevereiro a agosto de 2021.

Os dados mostraram um aumento no número de regiões do genoma do SARS-CoV-2, sobretudo na proteína spike, sob o que os pesquisadores chamam de evolução convergente.

Isso quer dizer que mesmo variantes diferentes podem sofrer mutações iguais, uma vez que essas alterações podem trazer vantagens para o vírus, como escapar do sistema imune ou se ligar melhor ao receptor das células humanas.

“Mostramos que a maioria esmagadora das mutações foi resultado desse fenômeno”, esclarece Carla Torres Braconi, professora da EPM-Unifesp e outra coordenadora do estudo publicado em outubro de 2021.

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Braconi é uma das pesquisadoras associadas a um projeto apoiado pela FAPESP, coordenado por Luiz Mário Ramos Janini, professor da EPM-Unifesp e coautor da carta publicada agora no Journal of Medical Virology.

Em fevereiro de 2021, nove posições diferentes na proteína spike do SARS-CoV-2 foram detectadas como as que mais sofreram mutações direcionais, número que subiu para 14 até julho do mesmo ano.

Com a introdução da variante delta, além de mais posições na proteína spike do vírus sob evolução convergente, os pesquisadores observaram ainda sinais do que eles chamam de recombinação – fenômeno que consiste na troca de material genético entre diferentes cepas, um dos fatores que podem levar ao surgimento de novas variantes.

Sinais de recombinação foram observados envolvendo a ômicron também.

Em dezembro, os pesquisadores analisaram os dados de 146 genomas da variante coletados em Hong Kong, Botsuana, África do Sul, Canadá, Austrália, Itália, Bélgica, Israel, Áustria, Inglaterra e Alemanha.

+ Leia também: As principais perguntas dos pais sobre as vacinas de Covid para crianças

Evidências de recombinação apareceram somente quando as sequências da beta, delta e ômicron foram alinhadas, indicando que a circulação de diferentes variantes pode propiciar esses eventos.

“Um aumento na circulação do vírus aumenta as chances de um mesmo indivíduo se infectar por diferentes variantes e, portanto, gerar essa troca de material genético entre as variantes”, esclarece Danilo Rosa Nunes, que realiza doutorado na EPM-Unifesp e é primeiro autor do artigo de outubro.

Agora, o grupo pretende verificar como se comportam o soro e o plasma sanguíneo de pacientes imunizados frente às diferentes variantes do SARS-CoV-2 com as mutações encontradas.

“Queremos saber, por meio dos chamados ensaios de soroneutralização, se esses indivíduos conseguem neutralizar as diferentes variantes, incluindo a ômicron”, informa Braconi.

Outro desdobramento possível é a utilização de modelos computacionais para tentar prever o que cada mutação altera na proteína spike e na capacidade de ligação do vírus com as células humanas.

+ Leia também: Por que não podemos falar que as vacinas para Covid são experimentais?

Combinados, os resultados desses experimentos podem ajudar a elucidar o possível efeito dessas mutações compartilhadas por diferentes variantes, podendo no futuro se tornar alvos de vacinas ainda mais eficazes.

Como os próprios pesquisadores reconhecem, ainda não é possível ter certeza de que as vacinas atualmente disponíveis permanecerão eficazes contra eventuais novas cepas do SARS-CoV-2 que venham a surgir.

Desse modo, evitar aglomerações, usar máscaras de boa qualidade e completar o esquema vacinal, por enquanto, continua sendo a melhor estratégia para desacelerar o processo de evolução viral e, assim, minimizar o risco de mutações inéditas que favoreçam o escape imunológico.

*Esse texto foi publicado originalmente na Agência Fapesp

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Na nova sociedade digital, você nunca está só

Mênfis, no Antigo Egito, foi a maior cidade do planeta por quase 1 000 anos, entre 3100 a.C. e 2200 a.C. Tinha 20 000 habitantes. É menos que o bairro da Sé, no centro de São Paulo, nos dias atuais. Imagine o quanto era difícil proteger a privacidade numa cidade de 5 000 anos atrás.

Não é que a preocupação não existisse. Aristóteles, que viveu no século 4 a.C., defendia que a vida se dividia em duas esferas, a pública, que acontecia na pólis, e a privada, que o filósofo chamava de oikos.

Mas, na prática, as comunidades humanas moravam em vilas. Ali tudo o que acontecia era, de uma forma ou outra, público, especialmente no ambiente familiar, que era muito mais extenso do que hoje em dia.

A preocupação de garantir o direito a proteger a vida de bisbilhoteiros é uma invenção muito mais recente: a primeira proposta de lei com esse objetivo surgiu nos Estados Unidos, na década de 1890. E os juristas Samuel Warren e Louis Brandeis propuseram, de forma pioneira, no artigo “The Right of Privacy”, que todo cidadão tinha o “direito de ser deixado sozinho”.

Na época, a maior cidade do mundo era Londres e tinha 5,5 milhões de habitantes. Em metrópoles desse porte, era possível, pela primeira vez, garantir segredo em pelo menos alguns aspectos da vida. Como apontou o escritor Edgar Allan Poe no conto O Homem na Multidão, publicado na capital da Inglaterra em 1840, numa grande cidade era possível estar no meio da rua, cercado por pessoas, e não conhecer absolutamente ninguém.

A iniciativa foi transformada em diferentes leis, difundidas inicialmente no mundo anglo-saxão, num momento em que a Inglaterra controlava as terras onde viviam 23% da população global, e os Estados Unidos ainda estavam sob a influência dos códigos britânicos. O conceito jurídico de privacidade continuou avançando. As leis europeias desenhadas entre meados dos anos 1960 e início dos 1970 o atualizaram, mergulharam em detalhes e se mostraram visionárias – a lei sobre a divulgação de dados pessoais promulgada na cidade alemã de Hessen é ainda hoje citada como referência para a legislação a respeito da internet.

Mundo fascinante

Acontece que agora, com a nova sociedade digital, voltamos a viver em vilas. O privado e o público estão novamente misturados, quase como uma babilônia digital. “Ao atender um telefone dentro de um teatro, estamos vivendo um momento privado em um ambiente público. Por outro lado, ao publicar um post com uma foto tirada dentro do nosso quarto, estamos vivendo um momento público em um ambiente privado”, avalia o sociólogo e professor Massimo Di Felice, coordenador do Centro Interacional de Pesquisa da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP).

O digital muda tudo, inclusive num sentido inédito na história da nossa espécie, segundo o professor: agora, a sociedade humana não é exclusivamente formada… por seres humanos. Os espaços são ocupados por pessoas e equipamentos, em um nível quase de igualdade. “Agora convivemos com tecnologias ligadas à internet o tempo todo. Estar conectado é uma condição básica da vida. A divisão física entre ambiente público e privado, que costumava ser definida pela arquitetura, não existe mais”, explica. Nesse contexto, o cenário muda, enquanto a noção de privacidade se ajusta de acordo com a cultura, a vivência e a geração.

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As oportunidades proporcionadas pela digitalização são enormes, de fato. Assim como os riscos. Afinal, agora é muito mais fácil perder imagens privadas, dados financeiros ou qualquer outro tipo de informação sensível, sem sequer saber de onde veio o ataque. Por isso, o momento exige novas medidas de segurança, que vão além de alarmes ou grades.

“A natureza dos dados, no mundo digital, é complexa”, diz Massimo Di Felice. “Em muitos casos, vai ser vantajoso compartilhá-los. Mas, quando a pessoa desejar protegê-los, ela vai contar com ferramentas tecnológicas eficazes.” Mais eficazes, aliás, do que alguns instrumentos do passado recente, que poderiam soar altamente invasivos aos olhares da década de 2020, como as listas telefônicas impressas, com endereço e telefone de cada um dos moradores de uma cidade.

Identidade digital

Celebrado dia 28 de janeiro, o Dia Internacional da Proteção de Dados reforça a importância da proteção de direitos fundamentais de liberdade e privacidade relacionados ao uso de dados pessoais. É o primeiro ano que o Brasil comemora a data com a plena vigência da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

É também uma ótima ocasião para refletir sobre um caminho firme para preservar a privacidade das pessoas por meio da maior proteção de dados sensíveis: a identidade digital autossoberana, que nada mais é do que uma forma de provar quem a pessoa é sem que seus dados estejam expostos. Assim, facilita fazer negócios, manter canais de comunicação interpessoal confiáveis, abrir contas digitais em bancos, aprovar crédito, efetivar pagamentos, autenticar transações online, entre inúmeras outras possibilidades que envolvem a comunicação interpessoal.

Em outras palavras, a identidade digital permite consumir, fazer negócios e exercer cidadania, direitos e deveres, além de evitar fraudes e diminuir burocracias. Já funciona assim na Estônia, por exemplo. Lá, as pessoas já conseguem realizar mais de 90% dos serviços básicos digitalmente, incluindo transporte público e saúde.

Também existem serviços de identidade digital segura no Brasil. A empresa líder nesse setor é a unico, a maior IDTech do país. Com as tecnologias da companhia, setores de RH fazem todo o processo de admissão de profissionais de forma online, bancos abrem contas sem entrar em contato físico com os clientes e acordos de compra e venda são validados com assinaturas eletrônicas digitais seguras.

Paulo Alencastro, cofundador da startup, reforça que as tecnologias atuais fazem parte de um ecossistema em construção. “Nosso sonho é que as pessoas possam viver uma vida mais simples, conectada e, principalmente, segura. Nesse sentido, trabalhamos para, por meio da identidade digital, conectar os brasileiros e empresas, garantindo acesso a serviços e direitos, sempre colocando a privacidade como essencial nesse processo e assegurando ao usuário transparência de como tudo isso acontece. No futuro próximo, teremos ainda mais possibilidades, ajudando setores e seus clientes”.

Para saber mais, acesse https://unico.io/.

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Óleo de lavanda em cápsulas

A Galena Farmacêutica trouxe para o Brasil o primeiro óleo de lavanda em pó que pode ser encapsulado e ingerido.

Da mesma forma que a versão usada pelo aroma, a novidade se destina a quem busca relaxar e ter noites mais tranquilas e reparadoras.

+ Leia também: Óleos essenciais: o que um cheiro pode fazer por você?

“O produto atende a todos os pré-requisitos de segurança e pode ser indicado para reduzir o estresse e a ansiedade decorrentes de uma rotina intensa, melhorar a qualidade do sono e minimizar a tensão muscular”, resume Claudia Coral, farmacêutica e vice-presidente da Galena.

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Experimento fornece indício sólido da natureza quântica da gravidade

A física de partículas tem um problema: é a área mais bem sucedida da ciência. Nenhum experimento se desvia do esperado. Em 1973, rolaram os toques finais no Modelo Padrão, uma teoria que descreve com doze casas decimais de precisão as 17 partículas fundamentais do Universo os tijolos mínimos e indivisíveis que compõem nós e tudo ao nosso redor. Desde então, ele é o exemplo mais bem-acabado de um time em que você não mexe porque está ganhando. 

O acelerador de partículas LHC, túnel circular de 27 quilômetros e US$ 4,75 bilhões na fronteira da Suíça com a França, foi construído com o intuito de colidir partículas em energias altíssimas para realizar alguma medição que se desviasse do Modelo Padrão. Esse desvio representaria uma lacuna nas nossas equações, que permitiria aos físicos teóricos dar o próximo passo na compreensão do mundo em escala microscópica. Não rolou: o LHC passa a maior parte do tempo confirmando o que o Modelo Padrão já sabe, colisão após colisão. 

De tempos em tempos, um resultado ligeiramente anômalo no LHC ou em algum outro laboratório nos dá bons motivos para pensar que é possível reverter esse quadro de estagnação. (Nas palavras de um paizão da física de partículas, o Nobel italiano Enrico Fermi: “Um experimento que confirma uma predição é só uma medição. Um experimento que contradiz uma predição é uma descoberta”.)

Foi o que aconteceu durante dois experimentos anunciados nas últimas semanas. Um deles fornece um indício favorável à natureza quântica da gravidade. O outro é uma medição que parece indicar uma partícula nova, desconhecida do Modelo Padrão. Vou explicar as duas brevemente em posts aqui no blog: a gravidade neste texto, e a partícula no próximo, semana que vem. 

A gravidade quântica

Você pode se perguntar: “Se o Modelo Padrão está certo, por que procurar lacunas nele?” A resposta é que ele está certo, mas não está completo. O Modelo Padrão não explica o espaço, o tempo e a força da gravidade, que estão todos sob a alçada de outra teoria: a Relatividade Geral, de Einstein. 

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Aqui, vou citar a mim mesmo em outro texto: “As duas são, isoladamente, as maiores realizações intelectuais da história da civilização. Porém, juntas, elas não se conversam matematicamente. A gravidade se nega a passar por um procedimento chamado renormalização, que elimina infinitos das contas e permitiria incorporá-la ao resto do Modelo Padrão.” 

O problema de incorporar a gravidade ao Modelo Padrão é que o Modelo Padrão é uma teoria quântica e a Relatividade é uma teoria clássica. 

De maneira muito simplificada, a mecânica quântica descreve as partículas como entidades que exprimem características de onda e partícula simultaneamente. Isso permite experimentos bizarros como o da dupla fenda, em que as partículas de luz, os fótons, se comportam como ondas eletromagnéticas quando não estão sendo observados, mas agem como bolinhas quando há um detector por perto. (Essa é uma explicação simplificada, claro. Um texto mais completo está aqui.)  

Essa descrição do mundo microscópico, que não corresponde à nossa experiência intuitiva na escala humana, está na base do Modelo Padrão. Ninguém sabe por que é assim (essa é uma questão para os filósofos e teóricos da física), mas sabemos que é assim, pois as equações que incorporam a dualidade onda-partícula geram previsões certeiras que explicam o funcionamento de tudo no Universo, de caixas de som a estrelas de nêutrons. O comportamento duas-caras das partículas fundamentais está verificado acima de qualquer dúvida por dúzias de experimentos geniais, replicados à exaustão. 

Descobrir que a gravidade também se comporta assim – que existe uma partícula chamada gráviton, que ela exibe a dualidade onda-partícula e que ela cabe no Modelo Padrão – seria uma revolução comparável à de Einstein. 

E essa é a boa notícia: um artigo recente, publicado em 13 de janeiro no periódico especializado Science, descobriu que um efeito quântico chamado Aharonov-Bohm, descoberto em 1959 e verificado em todas as forças da natureza que já são descritas pelo Modelo Padrão, também ocorre com a gravidade. Isso não prova que a gravidade seja quântica, mas dá razão para otimismo. 

Interessados em mergulhar fundo nas minúcias da descoberta podem ler este texto do físico Ethan Siegel. Eu vou ficar com uma citação dele que resume a importância da descoberta, mas sem tirar os pés do chão: “É um triunfo tremendo para a mecânica quântica sob influência da gravidade, mas ainda não é suficiente para demonstrar a natureza quântica da gravidade em si. Talvez um dia nós cheguemos lá, nesse meio-tempo, a busca por uma compreensão mais profunda da gravitação continua.”

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Cosméticos com canabinoides

O mercado cosmético à base de canabidiol (CBD), composto extraído da cannabis, está virando uma febre.

Marcas como The Body Shop, Avon, Tresemmé e Kiehl’s já lançaram produtos com o ativo, que tem efeito calmante, e andam expandindo suas linhas. Só que, no Brasil, ainda existem barreiras para vender ou adquirir esses produtos — tanto é que as empresas nem comercializam por aqui.

Tudo por causa da lei: o acesso hoje só é possível por importação mediante receita médica e autorização da Anvisa.

Mesmo assim, a brasileira GreenCare, que já atua na área de medicamentos à base de canabinoides, resolveu apostar no segmento cosmético.

“Não promovemos para o consumidor final, mas via médico, pois ele é quem vai decidir o melhor tratamento e agora terá a opção de usar o canabidiol em problemas como acne”, explica Andrea Chulan, head de marketing da empresa.

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Compare

CBD
Ativo da cannabis que possui ações antioxidante e anti-inflamatória. Daí a aplicação em produtos cosméticos e dermatológicos, sobretudo para quem tem pele sensível.

CBA
É um mix de óleos amazônicos patenteado pela empresa de insumos Beraca. Ele promete efeitos próximos aos do CBD e é uma alternativa usada em produtos nacionais.

+ Leia também: Maconha medicinal também é estudada em animais

E o THC?

O famoso tetraidrocanabinol, molécula responsável pelos efeitos psicoativos da maconha, não está presente em nenhum produto cosmético que usa derivados da cannabis.

A ciência investiga as propriedades terapêuticas do THC em outros departamentos e para outras finalidades: o composto tem ação anti-inflamatória, ansiolítica, relaxante e anticonvulsivante, por exemplo.

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É verdade que homens têm mais libido que mulheres?

No imaginário popular, o estereótipo diz que, num casal heterossexual, normalmente é o homem quem quer ter relações sexuais o tempo todo, enquanto a mulher tentaria evitar uma parte das investidas. Será?

De fato, alguns estudos já mostraram que homens tendem a pensar em sexo de duas a quatro vezes mais do que mulheres. E outra diferença marcante são os estímulos que excitam e instigam o pensamento sexual em cada gênero: homens tendem a ser mais movidos por imagens e estímulos visuais; mulheres apresentam maior resposta a sensações táteis.

Mas, apesar dessas diferenças em termos quantitativos e qualitativos, o desejo por relações sexuais seria tão desigual entre homens e mulheres? Uma pesquisa recente do Datafolha em parceria com a plataforma Omens sugere que essa disparidade não é tão grande assim.

Homens e mulheres responderam qual seria sua frequência ideal de relações sexuais. A resposta mais selecionada em ambos os sexos foi a de três relações ou mais por semana. Ela foi escolhida por 39% das mulheres e 36% dos homens. Em segundo lugar, ficou a resposta de uma a duas vezes por semana, englobando 27% dos homens e 28% das mulheres.

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Ou seja, as respostas mais frequentes mostram um comportamento muito compatível entre ambos os sexos. E, pensando em uma relação heterossexual, parecem metas muito facilmente conciliáveis.

Porém, existem algumas diferenças captadas pelo mesmo levantamento. Enquanto 18% dos homens afirmaram querer ter relações todos os dias, essa porcentagem foi de 10% entre as mulheres − aludindo, nesse aspecto, ao estereótipo do maior desejo masculino. No outro extremo, 8% das mulheres afirmaram não desejar ter relações, contra apenas 4% dos homens.

Ainda que existam distinções entre os sexos, principalmente qualitativas na forma de lidar com a excitação, esses dados brasileiros mostram que, em termos de frequência sexual, os comportamentos são mais semelhantes e harmonizáveis do que se imagina. Bom pra todo mundo!

* João Brunhara é urologista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e diretor da Omens, plataforma que trata problemas de saúde sexual masculina

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Enquete: o que você tem feito pela saúde do planeta?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu as mudanças climáticas como a principal ameaça à existência e ao bem-estar do homem. Ora, tudo que degrada o ambiente pode respingar em nosso organismo.

Mas pequenas atitudes serão decisivas para salvar o planeta e a vida aqui dentro. De olho nisso, responda a nossa enquete abaixo e, depois, clique no botão indicado para ver a experiência de outros internautas.


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Pessoas com artrose podem (e devem) fazer exercícios físicos

Parece contraditório estimular uma pessoa com dores nas articulações a praticar exercícios físicos, mas a atividade é considerada benéfica e parte essencial do manejo dos sintomas da artrose.

Também conhecida como osteoartrose, a doença degenerativa surge a partir do desgaste do tecido que reveste as extremidades dos ossos (cartilagens) e é mais comum nas mãos, joelhos, quadril e região lombar.

De acordo com Ana Paula Simões, ortopedista e presidente da Sociedade Paulista de Medicina do Esporte, quem tem o diagnóstico da artrose deve trabalhar a musculatura para ganhar mais força e amortecer o movimento da articulação. Com isso, protege a “dobradiça” e evita que ela se desgaste ainda mais.

“O esporte é o melhor remédio para qualquer problema de saúde, e isso inclui a artrose”, explica a especialista, que também é professora instrutora e médica assistente do grupo de Traumatologia do Esporte pela Santa Casa de São Paulo.

+ Leia também: Artrose nos dedos: causas, exercícios e tratamentos

O problema é que, muitas vezes, a dor causada pela inflamação — na fase aguda da doença — faz com que o paciente se afaste da atividade física com medo de machucar ainda mais a articulação.

“Mas isso é ruim pois a musculatura vai enfraquecer, pode haver ganho de peso e até uma piora do humor, agravando o problema”, avalia a ortopedista.

Sintomas e culpados

A condição pode acometer qualquer articulação do corpo, e manifestar sintomas semelhantes. Nos joelhos, por exemplo, costuma provocar estalos ao se mexer, dores, inchaço, limitação de movimentos e a sensação de “pontadas” ou “queimação”. Ainda, a pessoa pode sentir dores ao iniciarem um movimento, que passam em pouco tempo depois.

As causas do problema são variadas: excesso de peso, condições genéticas e até traumas físicos podem provocar um desgaste da cartilagem.

O diagnóstico é feito de forma clínica por um especialista que avalia a possibilidade de inflamação na articulação. Exames de imagem como ressonância magnética e radiografia para comprovar o quadro podem ser solicitados.

+ Leia também: Exercícios vigorosos não causam artrose nos joelhos

Como praticar com segurança

Segundo a ortopedista, os exercícios mais indicados são aqueles que não sobrecarregam os joelhos ou a área acometida pela condição. Nessa lista entram os treinos de musculação, Crossfit, Pilates e o uso de elásticos para promover a resistência e o fortalecimento muscular.

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“Para um idoso, isso pode assustar, mas ninguém começa carregando 10 quilos. A ideia é começar aos poucos, do zero, e ir aumentando de forma progressiva”, diz.

Para garantir que tudo isso seja feito de forma segura e diminuir os riscos, o recomendado é que os portadores de artrose iniciem o fortalecimento com o acompanhamento de um fisioterapeuta. Essa etapa é importante para garantir que o indivíduo tenha saído da crise inflamatória e que não sinta dor para iniciar os movimentos do treino.

Para aliviar a dor, podem ser indicadas compressas geladas, o uso de pomadas e sprays anti-inflamatórios, ultrassom, acupuntura e bandagens, além do uso de anti-inflamatórios via oral (apenas quando receitados por um médico).

Uma vez que o paciente adquira consciência corporal, o treino pode seguir com um profissional de educação física. “Mas é importante o acompanhamento anual para avaliar a evolução do quadro e, em alguns casos, também utilizar medicação oral para ajudar no controle da doença”, diz a ortopedista.

Em tempos de pandemia, esse acompanhamento pode ser feito também de forma online com bons resultados. É o que aponta um estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália, e publicado no periódico Annals of Internal Medicine.

No trabalho randomizado, os pesquisadores constataram que o acompanhamento virtual melhorou a percepção da dor e a funcionalidade de pessoas com artrite no joelho, excesso de peso e obesidade.

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E se a dor não passar?

Quando o quadro de artrose provoca muita dor, fica difícil mesmo praticar qualquer atividade física. Por isso, a recomendação é que o paciente saia da crise inflamatória antes de começar a se movimentar.

Quando a dor é grande e não passa mesmo após lançar mão de medicamentos e de iniciar o processo de fortalecimento da musculatura, uma opção passa a ser uma cirurgia que vai “limpar” a articulação ou até trocá-la por uma versão sintética. Apenas um médico especialista pode avaliar e recomendar o procedimento.

O importante, segundo Simões, é tentar buscar formas de se manter ativo. “O ganho também é mental, pois o paciente consegue socializar e ainda tem ganhos cardiorrespiratórios, melhorando a saúde como um todo.”

*Esse texto foi originalmente publicado pela Agência Einstein.

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Por que não podemos falar que as vacinas contra a Covid são experimentais?

O Brasil completou um ano de vacinação contra a Covid-19 neste mês e ainda há dúvidas sobre a rapidez com que os imunizantes foram elaborados e aprovados. Tem muita gente inclusive usando esse fator para espalhar desinformações a respeito das vacinas, ao dizer que elas são “experimentais”.

Ocorre que a afirmação está incorreta. As vacinas disponíveis já estão aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), algumas liberadas de maneira emergencial, outras com o registro definitivo. “Uma fórmula é experimental quando é indicada para ser usada apenas dentro de estudos clínicos”, define a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Esses estudos são compostos de diversas etapas que obedecem a regras rígidas de agências reguladoras.

Pesquisadores iniciam seu trabalho na bancada do laboratório e só depois de um tempo podem recrutar voluntários. Quando chega a hora, são três fases de análises, sendo a última em dezenas de milhares de indivíduos, para atestar segurança e eficácia da fórmula.

“Os imunizantes contra a Covid-19 também seguiram todo esse ritual, e os resultados foram apresentados às agências regulatórias, que comprovaram esses dados antes de liberar a fabricação”, pontua Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). A partir daí, já não dá mais para chamar as vacinas de experimentais.

No momento, estamos na fase 4, aquela em que os imunizados são acompanhados para saber se há efeitos ou reações diferentes das listadas durante os estudos clínicos. Isso acontece com todas as vacinas aprovadas para outras doenças. Ainda há estudos controlados sendo conduzidos para averiguar a duração da imunidade e a eficácia frente a novas variantes.

+ LEIA TAMBÉM: Tire 7 dúvidas sobre isolamento e testagem por Covid-19

Fora que os dados de vida real confirmam aquilo visto nos testes. Até a primeira semana de janeiro, quase 4 bilhões de pessoas foram imunizadas em todo o mundo contra a Covid-19, segundo dados do Our World in Data – número suficiente para comprovar a eficácia e segurança das vacinas disponíveis.

E, embora o Brasil esteja vivendo uma explosão de casos da variante Ômicron, a taxa de mortalidade e severidade não está subindo na mesma velocidade. Hoje, grande parte dos indivíduos internados com quadros graves são justamente aqueles que não se vacinaram ou não completaram o esquema de imunização.

Mas, então, por que algumas vacinas receberam uma aprovação chamada de “emergencial”?

Bem, no caso de uma crise urgente de saúde pública, como uma pandemia, o surgimento de um fármaco ganha relevância especial.

A liberação em caráter emergencial justifica certas medidas, como fornecer dados dos experimentos na medida em que eles vão saindo — em vez de mandar a papelada toda de uma só vez. A ideia é apenas adiantar alguns passos do processo regulatório. Isso tudo, claro, sem abrir mão principalmente da segurança.

E vale destacar que a vacina da Pfizer, uma das principais vítimas da campanha difamatória, já recebeu o registro definitivo da Anvisa.

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“Essas vacinas ficaram prontas rápido demais”

Acontece que, pela primeira vez, uma capacidade tecnológica muito avançada casou com a urgência de combater uma doença mortal, de fácil transmissão e sem tratamento.

Em paralelo, todos os pesquisadores do mundo se empenharam em buscar soluções para a mesma questão. Ou seja, trata-se de um contexto inédito.

Lá atrás, quando ainda não se fazia ideia de que o Sars-CoV-2 iria surgir, muita coisa já acontecia nos bastidores da ciência – incluindo o estudo de vacinas para o Sars-Cov-1 e o MERS, outros coronavírus que ameaçaram causar pandemias no passado.

“Há pequenos grupos de pesquisadores trabalhando em todo mundo 24 horas por dia, e em várias frentes. Eles atuam no desenvolvimento de moléculas e tecnologias inovadoras. Quando uma nova ideia ganha força, passa a circular em seminários e publicações científicas até amadurecer o suficiente para ser levada ao mercado”, comenta Stanislau.

Nesses ambientes, há ainda o conceito de multiplataforma: uma mesma tecnologia pode servir para criar tratamentos, medicamentos e vacinas para diferentes doenças.

Mas o que isso tem a ver com os imunizantes contra o Sars-CoV-2?

Perceba: “A tecnologia de RNA mensageiro, por exemplo, serviu como solução para Covid-19, mas já vinha sendo utilizada no tratamento do câncer e de outras doenças infecciosas”, relata Stanislau, referindo-se ao tipo de vacina criada pela BioNTech e fabricada pela Pfizer.

Aliás, a BioNTech foi fundada por um casal de cientistas alemães no início dos anos 2000 justamente para encontrar soluções contra o câncer.

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“Parece rápido, mas eles estudavam esse método de RNA mensageiro há décadas”, reforça o infectologista. A vacina da Moderna também é feita com essa tecnologia, considerada revolucionária entre os experts.

+ LEIA TAMBÉM: Como funcionam as vacinas de RNA

A história é semelhante em relação à tecnologia de vetor viral, utilizada pela AstraZeneca, Janssen e pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya (da vacina Sputnik V). É que esse sistema já era conhecido há alguns anos, e estava sendo testado em humanos contra o ebola desde 2015.

A Coronavac, por sua vez, foi elaborada a partir da inativação do vírus, um processo considerado clássico para a formulação de vacinas. A da gripe, que tomamos anualmente, parte desse princípio.

“Esses imunizantes foram resultado de um esforço nunca antes visto na história. O número de mortos impunha essa agilidade”, resume Flávia.

Em junho de 2020, já haviam 17 candidatas contra a Covid-19 em testes clínicos – aqueles conduzidos com pessoas. Outras 132 formulações estavam na fase de testes pré-clínicos (in vitro e em animais), segundo publicação da revista Pesquisa Fapesp.

Depois das primeiras aprovações, o número explodiu. De acordo com o site Covid-19 Vaccine Tracker, da Universidade McGill, 33 vacinas já foram aprovadas em 197 países, e outras 178 candidatas estão sendo testadas em mais de 500 ensaios clínicos mundo afora.

+ LEIA TAMBÉM: As principais perguntas dos pais sobre as vacinas de Covid para crianças

Toda essa experiência com os imunizantes, vale dizer, renderá frutos. “As tecnologias utilizadas contra a Covid abriram portas para investigar vacinas e tratamentos para outras doenças que podem não ser tão urgentes, mas precisam ser combatidas”, pontua Flavia.

Por que, então, não houve rapidez com vacinas para outras doenças?

A primeira vantagem que os estudiosos têm em relação ao coronavírus é que se trata de um micro-organismo que não se transforma tanto. Há notícias de novas mutações, mas esse número é considerado baixo.

Além disso, a chave que o coronavírus utiliza para entrar e infectar nossas células, chamada de proteína Spike, foi descoberta rápido. Ou seja, ter o alvo identificado facilitou o desenvolvimento das fórmulas.

Entre os grupos anti-vacina, vira e mexe surge uma contestação ligada ao vírus HIV, causador da aids: “Por que, então, depois desse tempo todo, ainda não há vacina contra ele?”.

Mas é preciso frisar que a comparação é completamente descabida. Os vírus não usam necessariamente das mesmas artimanhas para bagunçar nosso organismo.

+ LEIA TAMBÉM: Variante Ômicron pode representar o fim da pandemia?

“É difícil estabelecer uma tecnologia boa contra o vírus da aids porque ele se esconde justamente dentro dos nossos linfócitos, que são as células de defesa”, justifica Flavia.

Em resumo, trata-se de um micro-organismo que age de maneira muito mais complexa do que o coronavírus, apresentando diversos desafios aos cientistas.

Mas ela conta que vários estudos estão em andamento para chegar a uma vacina contra o HIV, principalmente com base nessas tecnologias apresentadas durante a atual pandemia.

Há, por outro lado, vacinas que acabam perdendo o sentido, porque o desafio de desenvolvê-las é grande e, mais importante do que isso, surgem tratamentos e formas de prevenção eficazes – esse é o caso da hepatite C. “É uma vacina desejável, claro, mas não com a mesma urgência da Covid-19”, informa Stanislau.

Falando em urgência, frente a uma ameaça global é muito mais fácil convencer farmacêuticas, governos e empresários a investirem pesado no desenvolvimento de vacinas. O dinheiro é fundamental para contratar mais cientistas, construir infraestrutura, comprar insumos… E tudo isso contribui para a produção andar mais depressa.

Por fim, na hora de fazer os estudos havia muita gente contaminada ao mesmo tempo, acelerando a disseminação do Sars-CoV-2. “Assim, ficou fácil recrutar pessoas que foram expostas ao vírus ou que tinham chances de serem infectadas para comparar seus efeitos”, finaliza o infectologista do HC.

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