Os denisovanos são uma espécie extinta de hominídeos, contemporâneos ao Homo sapiens e aos neandertais. O nome vem da caverna de Denisova, na Sibéria, onde, na década de 2000, saíram os primeiros indícios de sua existência.
Eles eram tão parecidos conosco que podíamos transar e produzir bebês viáveis. E, sim: esses cruzamentos deixaram vestígios em nosso genoma. No leste e sudeste da Ásia, por exemplo, 1% do DNA é de origem denisovana; nos nativos de Papua Nova Guiné, na Oceania, 6%.
Apesar disso, ainda sabemos pouco sobre os denisovanos. Até hoje, só cinco fósseis deles (e um híbrido) foram identificados por análises de DNA ou proteínas. Mas um novo candidato pode ter aparecido.
Recentemente, cientistas anunciaram a reconstrução do crânio de um indivíduo que viveu entre 160 e 200 mil anos atrás. O trabalho foi feito juntando três fragmentos de ossos que, até então, haviam sido estudados apenas separadamente.
O crânio (bem como o indivíduo a quem ele pertencia) foi chamado de Xujiayao 6. Xujiayao é o sítio arqueológico no norte da China de onde os tais fragmentos saíram. O local começou a ser escavado nos anos 1970. Desde então, 21 fósseis de 10 hominídeos foram encontrados. São pedaços de dentes, mandíbulas – e crânios.
A reconstrução do Xujiayao 6 (ou XJY 6) revelou que o cérebro do indivíduo tinha um volume entre 1.555 e 1.781 centímetros cúbicos. É um tamanho grande para a época, quando a média entre os hominídeos era de 1.200 cm3. É maior, inclusive, que a dos sapiens modernos.
O tamanho do crânio do Xujiayao 6 é semelhante ao dos neandertais. Se XJY 6 for mesmo um denisovano, faz sentido. Acredita-se que os denisovanos tenham divergido dos neandertais há 400 mil anos, e dos heidelbergensis (o hominídeo africano que deu origem também ao sapiens e aos neandertais) há 600 mil. Ou seja: eram mais parecidos com os neandertais do que conosco.
Outros indícios que apontam para a hipótese são a localização de Xujiayao, o tamanho dos dentes do XJY 6 (grandes como os de denisovano) e as semelhanças desse crânio com outro fragmento: o crânio de Harbin.
Esse fóssil foi encontrado em 1933 na cidade de Harbin, extremo leste da China, mas só em 2018 ele foi doado à ciência. Pelas suas características, os pesquisadores propuseram, em 2021, classificar o crânio como uma nova espécie de hominídeo, a Homo longi (“Homem dragão”). Mas outra hipótese defende que, na verdade, o crânio de Harbin pertenceu a um denisovano.
Apesar dos indícios, ainda é cedo para cravar uma definição. “É uma possibilidade que o XJY 6 esteja relacionado aos denisovanos”, disse à New Scientist Xiu-Jie Wu, da Academia Chinesa de Ciências em Pequim e líder do estudo. “Mas como ainda não temos confirmação de como são os crânios denisovanos, são necessárias mais evidências para provar.”
Crânio de 160 mil anos pode ter pertencido a um denisovano Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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