segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Entenda a polêmica envolvendo o autoteste de Covid, que a Anvisa pode liberar esta semana no Brasil

Ele é feito em casa, dá o resultado em 15 minutos e é o mais usado nos EUA, onde custa US$ 10 – mas estudo questiona sua capacidade de detectar a variante Ômicron; FDA fala em “sensibilidade reduzida” 

O autoteste de Covid, que você mesmo faz em casa, é o mais usado na Inglaterra e nos EUA – mas, com a pandemia entrando em seu terceiro ano, ainda não chegou ao Brasil. Isso deve mudar nos próximos dias. Com o avanço da variante Ômicron, a explosão no número de infectados e a falta de testes de Covid nas farmácias, o Ministério da Saúde pediu à Anvisa que regulamente e libere a venda do autoteste no País – o que pode ocorrer já nos próximos dias.

Ele seria uma solução para amenizar a escassez ds testes tradicionais, e também permitiria que mais gente soubesse se está ou não com Covid, podendo ajudar no controle da pandemia. Mas, ao mesmo tempo em que os autotestes parecem prestes a chegar ao Brasil, eles geram polêmica nos Estados Unidos. 

Os autotestes são produzidos por várias empresas (nos Estados Unidos o mais comum é o BinaxNOW, do laboratório Abbott), custam em média US$ 10 e têm várias diferenças em relação aos testes atualmente usados no Brasil. A primeira, óbvia, é que você mesmo poderá fazer o teste em casa. Ele vem com um cotonete que deve ser passado nas narinas, e aí há outra diferença: não precisa ser enfiado bem no fundo para alcançar a nasofaringe, como nos testes atuais. Basta introduzi-lo 1 a 1,5 cm na entrada das narinas. 

O cotonete deve ser girado pelo menos cinco vezes, por ao todo 15 segundos, para coletar a amostra. Em seguida, ele é inserido no teste propriamente dito, no qual você pinga algumas gotas de um reagente. Esse líquido carrega a amostra para uma fita horizontal – por isso, os autotestes também são conhecidos como lateral flow tests, ou LFTs.

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O teste tem uma janelinha com duas linhas. A primeira, chamada “Controle”, serve apenas para verificar que o reagente alcançou a fita. O que interessa está na segunda linha, “Amostra”. Esse ponto da fita é impregnado com anticorpos contra o Sars-CoV-2. Se você estiver infectado, as partículas virais vão reagir com os anticorpos do teste – e linha “Amostra” se formará, indicando que deu positivo. O resultado sai em 15 minutos. 

Diagrama de funcionamento dos “testes de fluxo lateral”, como os autotestes de Covid-19; repare na “Test Line”: ela contém anticorpos que reagem com o antígeno (no caso, o coronavírus) e mostram se a pessoa está ou não infectada.Wikimedia Commons/Reprodução

O autoteste tem 78% a 92% de sensibilidade (para pessoas assintomáticas e sintomáticas, respectivamente). Ou seja, ele tem alguma chance de dar falso negativo. Mas isso é aceitável; o problema é a incerteza envolvendo a variante Ômicron. No começo de janeiro, um estudo feito nos EUA submeteu amostras de 30 pessoas a testes PCR (em laboratório) e a dois autotestes: o BinaxNOW e o QuickVue, da marca americana Quidel. Ambos foram repetidos várias vezes. 

Resultado: os autotestes só conseguiram detectar a Ômicron a partir do terceiro dia de infecção – nos dois primeiros dias, eles deram falso negativo em todos os casos. Isso é preocupante, pois poderia levar pessoas contaminadas a sair e se expor a outras, espalhando o vírus. 

O laboratório Abbott, que fabrica o BinaxNOW, diz que ele mantém a sensibilidade contra a nova varianteA FDA (equivalente americano da Anvisa) afirmou, baseada em testes feitos pelo National Institutes of Health, que os autotestes são capazes de detectar a Ômicron, e permitiu que continuem sendo comercializados e usados – mas fez a ressalva de que eles “podem ter sensibilidade reduzida” contra a nova variante.

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