domingo, 31 de outubro de 2021

O que esperar da COP26

Começa hoje a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26. O evento, sediado no Reino Unido, vai se estender por duas semanas, até o dia 12 de novembro. Chefes de Estado e delegações governamentais de 200 países se reúnem na cidade de Glasgow, na Escócia, com o objetivo de atualizar as metas para conter o aquecimento global e a crise climática.

Cerca de 25 mil pessoas são esperadas no evento, entre líderes mundiais, jornalistas e negociadores para as metas que virão a ser definidas. A conferência ocorre todos os anos desde 1995, mas essa edição é particularmente importante, já que marca o aniversário de cinco anos do Acordo de Paris, assinado por 196 países em 2015 (a COP26 deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada devido à pandemia).

As expectativas para a COP estão altas: trata-se do primeiro encontro desde o lançamento do sexto relatório do IPCC, em agosto deste ano. O documento, que compilou dados de 14 mil estudos, apresenta cinco cenários possíveis (do mais otimista ao mais pessimista) para o aumento das temperaturas globais – e o que precisamos fazer para atingir cada um deles. Ou seja, se há um momento para discutir e decidir ações, é agora.

Em quatro respostas, veja abaixo o que precisa saber sobre a conferência:

O que é o Acordo de Paris?

Assinado em 2015, é o tratado mais ambicioso já feito pela ONU para conter a crise climática. Ele foi ratificado por 196 países e visa manter o aumento da temperatura da Terra abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais até 2100 (a meta é limitar esse aumento a 1,5ºC).

Para atingir esse objetivo, os países se comprometeram a desenvolver estratégias para diminuir (ou compensar) as emissões de gases-estufa, sobretudo dióxido de carbono (CO2) – os principais responsáveis pelo aquecimento global. 

Potências como EUA e União Europeia assumiram o compromisso de atingir a neutralidade de carbono até 2050; a China, até 2060. Isso é especialmente importante, já que os três, juntos, representam 46% do total de emissões de gases-estufa do planeta.

O Acordo de Paris prevê que, a cada cinco anos, os países signatários reafirmem o seu compromisso e apresentem metas ainda mais concretas e ambiciosas para conter a crise climática. Esse é o intervalo estipulado para que as nações elaborem uma nova versão do seu plano de ação, ou NDCs (“Contribuições Nacionalmente Determinadas”, em inglês). 

Analisar as versões atualizadas dos NDCs é um dos motivos que tornam a COP26 uma conferência tão aguardada por especialistas. Até agora, 140 países já submeteram à ONU uma versão 2.0 desse plano de ação – os envios mais recentes, de China e Austrália, aconteceram na última quinta (28/10). 

Vale ressaltar que a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris só será alcançada no cenário mais otimista do IPCC, no qual as emissões de carbono estariam zeradas até 2050. Em um segundo cenário, se puxarmos o freio até 2078, daria para fechar o século com 1,8ºC de aumento. A partir daí, só piora. Você pode conferir todas as projeções neste gráfico.

O que será discutido na COP26?

As apresentações irão ocorrer ao longo das próximas semanas, mas dá para ter uma ideia do que será discutido. Uma das principais pautas é o desequilíbrio entre os principais emissores e os que mais sofrem com as mudanças climáticas. Países em desenvolvimento tendem a emitir menos gases de efeito estufa, mas são os mais afetados pelos eventos climáticos extremos.

“Esse é um debate infinito. A mudança do clima atinge todos, sem exceção – e os últimos eventos climáticos extremos deixaram isso bem claro. Mas quem paga a conta?”, diz Lincoln Alves, pesquisador do INPE e autor-líder do Grupo 1 do IPCC. Estados Unidos e União Europeia reconhecem que estão entre os principais emissores, mas também exigem mais ações de países como China, Índia, África do Sul e Irã.

Em 2009, países desenvolvidos se comprometeram a investir US$ 100 bilhões por ano em fontes de energia limpa em países em desenvolvimento. No entanto, essa meta ainda não foi atingida. Nos últimos anos, países desenvolvidos dedicaram entre US$ 52 bilhões e US$ 79 bilhões anualmente à agenda. 

Outro foco de discussão será a meta de 1,5ºC. O relatório do IPCC mostrou que, se as emissões continuarem subindo até 2100, a temperatura global atingirá um aumento de 3,6ºC em comparação a níveis pré-industriais. Se os países reduzirem suas emissões de carbono em 45% até 2030, e então zerarem até 2050, pode ser possível reverter a situação.

Um relatório da ONU publicado este ano mostrou que as atuais NDCs resultariam em uma diminuição de 16% nas emissões de carbono até 2030 – bem abaixo dos 45% ideais. Daí a importância de revisar e atualizar os planos de ação. 

Além de reduzir as emissões de gases, as lideranças internacionais ainda devem discutir a restauração de florestas, pantanais, entre outros mecanismos naturais que absorvem carbono do ambiente. Nesse contexto, o desmatamento da Amazônia também estará em pauta.

Ao final do evento, espera-se que os países assinem uma declaração com os principais pontos discutidos. O documento pode incluir compromissos específicos e metas climáticas a serem atingidas, como foi o caso do Acordo de Paris.

Quem irá participar?

A maioria dos países irá mandar representantes do governo à convenção. No entanto, alguns chefes de Estado também estarão presentes, como os presidentes da França, Coréia do Sul, Suíça, República Democrática do Congo, Argentina, Nigéria, Ghana, Turquia e Colômbia. Os primeiros-ministros de Israel, Índia, Canadá, Itália, Suíça, Austrália e Reino Unido também irão participar.

O maior destaque, no entanto, é a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que deve comparecer nos primeiros dias do evento. Donald Trump tinha tirado os EUA do Acordo de Paris. Uma das primeiras ações do mandato do atual presidente americano, porém, foi reintroduzir o país no Acordo. Os Estados Unidos são o segundo país que mais emite gases de efeito estufa no mundo, ficando atrás apenas da China.

Entre outras presenças importantes está a ativista sueca Greta Thumberg, de 18 anos. A rainha Elizabeth II cancelou a presença no evento devido a problemas de saúde, mas outros membros da família real britânica, como os príncipes Charles e William e a duquesa Kate Middleton irão participar.

O Brasil enviará o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Bolsonaro não deve participar do evento – ao invés disso, o presidente comparecerá ao encontro do G20, que acontece em Roma entre os dias 30 e 31 de outubro.

Quais são as expectativas em relação à participação do Brasil?

A comitiva nacional que irá a Glasgow não chegará com a melhor das reputações. Segundo o Observatório do Clima, as emissões de gases-estufa por aqui cresceram 9,5% em 2020, impulsionadas pelo desmatamento da Amazônia. O país andou na contramão do resto do mundo, cujas emissões caíram 7% devido à pandemia.

“A participação do Brasil na COP26 ainda é uma incógnita”, diz Alves. Além do cenário do desmatamento, a nova versão da NDC brasileira não agradou especialistas – tanto que, na última semana, o Observatório do Clima entrou com um processo contra a União e o Ministério do Meio Ambiente por “pedalada climática”. 

A entidade defende que a NDC atual altera a base de emissões usada para calcular as reduções prometidas – sem atualizar, também, as metas. Em resumo: a nova NDC permitiria ao Brasil emitir o equivalente a 400 milhões de toneladas de CO2 a mais do que o proposto em 2015.

Durante a COP26, as ações do Brasil deverão se concentrar, sobretudo, nas discussões do Forest Deal (“Acordo Florestal”, em inglês), que será anunciado com destaque no dia 2 de novembro. Trata-se de um novo e importante acordo sobre proteção florestal. Espera-se que ele estabeleça como meta até 2030 deter (e reverter) a destruição das florestas a nível mundial, bem como a degradação do solo. À BBC News Brasil, o embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de Assuntos Políticos Multilaterais, afirmou que o Brasil vai assiná-lo.


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Pais omissos: onde perdemos nossas crianças e adolescentes?

Em setembro de 2021, a Netflix lançou a série coreana Round 6 que, em pouco mais de um mês, tornou-se a mais assistida dessa plataforma de streaming na história. No entanto, junto com o número surpreendente de telespectadores, o programa traz uma grande preocupação: a exposição de crianças e adolescentes a cenas inapropriadas dentro de casa, ao alcance do controle remoto.

A polêmica série se apropria de jogos infantis e faz deles o ponto central de um campeonato de sobrevivência. A equipe que perde em brincadeiras como batatinha-frita 1, 2, 3, bolinha de gude e cabo de guerra é assassinada, enquanto quem vence segue na disputa pelo prêmio milionário.

De tanto que as crianças assistiram a esse seriado, cuja classificação etária é de 16 anos, os desafios da ficção viraram febre fora das telas.

No dia 13 de outubro, uma das “brincadeiras” de violência foi reproduzida na escola francesa College George-Sand. Após um confronto entre alunos do terceiro e sexto ano, cinco estudantes foram levados às pressas ao hospital. De acordo com os relatos, eles foram vítimas de espancamento e massacre.

Embora a série seja inapropriada para os mais novos, ainda há quem diga coisas como: “se eu não deixar, eles vão ver em algum outro lugar” ou “não vejo problema, é algo fictício”. Será mesmo?

Estamos falando de cinco crianças de 8 anos que sofreram espancamento por colegas de 11 anos porque foram influenciadas por um programa que tem cenas de torturas psicológicas, violência explícita, suicídio, sexo e até tráfico de órgãos. Isso é bastante sério. Soube de meninas e meninos muito novinhos que acompanharam essa série.

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Também tenho ouvido relatos de escolas preocupadas e de crianças com medo e alterações de comportamento. São efeitos já explicados pela ciência.

Um relatório de 2015 da American Psychological Association, feito por especialistas em desenvolvimento infantil e técnicas de meta-análise, revelou que a exposição aos programas de entretenimento com conteúdo violento aumenta pensamentos e comportamentos agressivos, sentimentos de raiva, excitação fisiológica, julgamentos hostis, além de diminuir habilidades de envolvimento pró-social. A garotada ainda demonstra menos empatia e ímpeto de ajudar outras pessoas. Também há prejuízo no desempenho acadêmico.

Por que esse tipo de conteúdo é tão nocivo

Crianças não têm total percepção da realidade e, como consequência, podem não diferenciar o que é ficção do que é real. No caso de brincadeiras violentas, isso é extremamente perigoso, elevando o risco de danos físicos e psicológicos irreversíveis.

Influências, sejam boas ou ruins, são poderosas. Amigos, colegas da escola, livros e telas: tudo aquilo que seu filho vê e ouve terá grande impacto sobre ele. O ideal é que nós, pais, sejamos os seus maiores “influenciadores”.

Diante disso, faço uma pergunta a vocês: é preciso ser exposto a violência para ensinar sobre não-violência, respeito e amor ao próximo? É preciso ser exposto a pornografia e sexo explícito para aprender sobre educação sexual? É preciso provar drogas para saber que fazem mal ao corpo?

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Então, por que expomos crianças e adolescentes desnecessariamente a uma série que é inadequada para eles? Por que admitimos a nossa própria incapacidade de controlar o que eles assistem, usando argumentos como “eles vão acabar vendo na casa do amigo ou escondido”?

Se não somos capazes de passar aos nossos filhos valores e virtudes nas quais eles poderão se apegar e, assim, construir seu caráter, devemos reconhecer que há algo de errado conosco. É preciso voltar às bases.

Não dá para acreditar que uma criança de 10 anos é capaz de tomar suas próprias decisões, julgando o que é bom ou ruim para si. Ela não sabe! É apenas uma criança. Cabe aos pais guardarem seus filhos, protegendo-os de algo que nem sempre os pequenos enxergam o quão ruim é. Fazer menos do que isso seria omissão, e mesmo negligência.

Quando um bebê tenta colocar o dedo na tomada ou está prestes a pegar uma faca, nós rapidamente tiramos ele de perto dessas ameaças, certo? Pois precisamos fazer o mesmo com as crianças e os adolescentes em relação àquilo que pode prejudicá-los, ainda que eles não tenham a real compreensão do risco.

Os mesmos pais taxados de “chatos” ou “caretas” serão aqueles que vão ouvir o “muito obrigado” dos seus filhos quando estes forem adultos. Digo isso por experiência própria, pensando na minha infância e adolescência.

É papel dos pais educar, ensinar princípios e valores que moldarão o caráter da criança e cultivar as virtudes que elas levarão para a vida inteira. E isso não se faz em um dia: é uma construção de anos. Por isso, invista tempo em seus filhos. Abra sempre um espaço para diálogo. Ouça-os de verdade. Encha-os de amor, carinho e atenção. Esse é um investimento que, certamente, valerá a pena.


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sábado, 30 de outubro de 2021

O papel do coração na medicina chinesa

“Você quebrou meu coração”. “Meu coração é seu”. “Este coração pulsa por você”. Acredite: essas e outras célebres frases apaixonadas contêm mais ciência e sabedoria do que romantismo. E a justificativa para essa representação passional pode ser explicada pela Medicina Tradicional Chinesa, para a qual o coração vai além de uma bomba sanguínea. Ele é entendido como a morada da mente, sendo um catalisador das emoções e da psique.

Para os chineses, o shen – palavra que pode ser traduzida por espírito ou alma – aloja-se no coração porque ali está o habitat das funções ativas da consciência, abrigando sentimentos, desejos, imaginação, intelecto e memória dos eventos passados.

Ao irrigar o corpo por meios dos vasos, o shen ganha trânsito livre, levando as energias e vibrações aos demais órgãos. De acordo com seu funcionamento, contribui para a boa saúde ou influencia no mecanismo das doenças. Trata-se de uma maneira plural de pensar o corpo em conexão com a mente.

Na Medicina Tradicional Chinesa, cada elemento da natureza representa um órgão do corpo em função de suas características. O coração está vinculado ao elemento fogo; a água designa rins e bexiga; a madeira representa o fígado e a vesícula biliar; a terra simboliza baço, pâncreas e estômago; e o elemento metal caracteriza o pulmão.

Coração em festa

A medicina chinesa também entende que cada uma das cinco grandes emoções se origina em um órgão, cabendo ao coração ser o receptáculo da alegria. Por isso, quando ouvimos algo como “meu coração está em festa”, não necessariamente estamos usando uma metáfora.

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Em contrapartida, analisando pela visão oriental, o fato de não darmos atenção à prevenção das doenças cardiovasculares, responsáveis por cerca de 30% de todas as mortes no país, com 400 mil óbitos por ano – dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp – sugere a possibilidade de um desequilíbrio no quesito emocional.

Se a pessoa está deprimida, triste ou apática, sua energia estará em baixa e, assim, podemos entender que a capacidade de enfrentar doenças graves, como uma cardiopatia, se manterá reduzida.

Ao passo que, quando há equilíbrio emocional – que pode ser buscado na fé, inclusive – existe um elemento a mais na forma de enfretamento de doenças, que irá refletir nos sistemas nervoso e hormonal. Aí tudo tende a fluir melhor.

Já o medo está vinculado aos rins; a tristeza ao pulmão; a preocupação ao baço; e a raiva ao fígado. Essas emoções são passíveis de afetarem o funcionamento psíquico e dos demais órgãos, fazendo com que surjam síndromes e patologias quando há desarmonia.

Só conseguimos entrar em harmonia física e mental quando os órgãos – e suas respectivas emoções, influenciadas por elementos da natureza – se equilibram. Não por acaso, a definição de saúde da Organização Mundial da Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual.

Mas, mesmo sendo essa uma máxima para todas as formas de medicina praticadas no mundo, a ocidental ainda fragmenta o ser humano na hora de tratá-lo. Ela valoriza o plano físico em detrimento dos demais e, ao encontrar resultados fora do que se estabeleceu como padrão geral, ministra tratamentos específicos para determinado sintoma ou órgão.

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Quando não encontramos as causas das doenças em exames, por mais tecnológicos e sofisticados que sejam, pode ser que a resposta não venha por meio de métodos com os quais estamos tão acostumados em nossa prática clínica.

Apesar de a medicina ocidental também considerar o funcionamento do corpo humano como sistemas interligados, o raciocínio lógico dos chineses – que para nós pode parecer estranho – justifica a origem das doenças na desarmonia e no desbalanço global do sistema, em todas as suas dimensões de complexidade. Ela leva em conta a possibilidade de que a doença que se manifesta no coração, por exemplo, pode ter começado em uma emoção.

Os cuidados paliativos

O termo paliativo é derivado da palavra latina pallium, como era conhecido o manto que os cavaleiros medievais usavam para se proteger das tempestades. Em medicina, quando falamos em cuidados paliativos, também estamos nos referindo a uma forma de proteção, com o objetivo amenizar a dor e o sofrimento, sejam eles de origem física, psicológica, social ou espiritual.

A expansão da área de cuidados paliativos como especialidade médica pode significar um importante elo entre a medicina ocidental e a oriental, uma vez que o cuidado multidimensional está em consonância com a maneira com que os profissionais de saúde praticam a Medicina Tradicional Chinesa, sempre considerando o lado emocional dos pacientes.

A acupuntura, por exemplo, é uma das técnicas da cultura chinesa já incorporada como prática em cuidados paliativos.

É fato que a medicina ocidental, há algum tempo, já caminha para um entendimento mais dialético entre corpo e mente: a medicina pragmática tende a abrir espaço para a espiritualidade e para uma visão mais integrativa dos pacientes. Hoje, já se considera cientificamente que emoções têm relação com distúrbios do aparelho digestivo, como a doença de Crohn, e até problemas de pele, como a psoríase.

Ao olharmos para o indivíduo de maneira global, compreendendo que a verdadeira causa das doenças pode estar além do óbvio, não só ampliamos as chances de tratamento, como abrimos mais portas para ações preventivas que trabalhem para o equilíbrio saudável do ser humano, trazendo bem-estar e qualidade de vida.

*Daniel Dei Santi é cardiologista e integra o grupo de estudos de Cuidados Paliativos da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)


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Você sabe mesmo quais são as doenças reumáticas?

As doenças reumáticas ainda são muito desconhecidas pela nossa população. Tem gente que acha que tudo se resume ao popularmente conhecido termo “reumatismo”, como se houvesse um único problema. Na realidade, essa palavra engloba mais de cem diferentes enfermidades que comprometem o sistema musculoesquelético, ou seja, ossos, músculos, articulações, cartilagens, tendões e ligamentos.

Nesse grupo de doenças, existem tanto aquelas mais comuns com o avançar da idade, caso da artrose, como as de origem autoimune, como a artrite reumatoide. Em casos mais graves, condições desse tipo podem acometer ainda os rins, os pulmões, o coração, o sistema nervoso, o intestino, os olhos e a pele.

Entre as doenças reumáticas mais prevalentes, temos a já citada artrose, conhecida também como osteoartrite, a fibromialgia, a gota, as tendinites, as bursites, a febre reumática, a artrite reumatoide, o lúpus e as espondiloartrites. São problemas diversos, com manifestações diversas e, ao contrário do que se possa imaginar, não ocorrem somente em idosos.

Crianças, adolescentes, adultos jovens e de meia idade também podem sofrer com problemas reumáticos. E eles atingem tanto o homem quanto a mulher, independente da etnia ou da classe social. Mas, sim, algumas doenças têm certas predominâncias específicas.

A febre reumática, por exemplo, acomete principalmente crianças. O lúpus eritematoso sistêmico, que é uma doença autoimune, geralmente afeta mulheres na idade reprodutiva, na faixa entre 15 e 45 anos. A gota, por sua vez, predomina nos homens, começando na quarta ou na quinta década da vida. Já nas pessoas mais idosas, a osteoartrite e a osteoporose predominam.

Em décadas passadas, as doenças reumáticas eram consideradas raras, mas hoje são reconhecidamente frequentes na população adulta, comprometendo a atividade profissional e a qualidade de vida. Na Europa, sintomas de ordem musculoesquelética estão entre as dez principais causas de incapacidade, sendo que a osteoartrite ocupa a quinta colocação da lista.

Ainda não sabemos a causa exata da maioria dessas enfermidades, mas sabemos que, a depender do quadro, idade, genética, infecções, obesidade, sedentarismo, tabagismo, etilismo, estresse, ansiedade, depressão e até alterações climáticas podem estar envolvidos. Nenhuma delas é contagiosa, que fique claro, e o sintoma que as unifica costuma ser a dor nas articulações, com ou sem inchaço.

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É importante ter em mente que as doenças reumáticas são crônicas e, ainda que não tenham cura, podem muito bem ser controladas. Se diagnosticadas precocemente e tratadas de maneira adequada, dá para levar uma vida praticamente normal, com um mínimo de incapacidade.

O tratamento envolve uso de medicamentos e métodos não farmacológicos, como fisioterapia, atividade física regular, dieta para controle do sobrepeso ou obesidade, terapia ocupacional e, muitas vezes, psicoterapia. É uma abordagem, portanto, multidisciplinar, que se aplica tanto a artrites como artroses.

Caso não sejam tratadas, essas doenças podem causar uma série de limitações e levar à incapacidade física, provocando afastamento do trabalho, perda da autoestima e da autonomia, depressão e aposentadoria precoce.

Felizmente, ao longo das últimas décadas, uma série de novos tratamentos tem sido desenvolvida para controlar a dor e a inflamação dos pacientes, proporcionando uma mudança significativa na evolução natural dessas doenças e permitindo uma melhor qualidade de vida.

Então, se você tem dor nas articulações de forma contínua, principalmente por mais de seis semanas, acompanhada ou não de vermelhidão, inchaço, calor e dificuldade para movimentação (especialmente ao acordar), procure um reumatologista – esse é o médico treinado e capacitado a identificar as doenças reumáticas e intervir da melhor maneira possível.

* Nafice Costa Araújo é reumatologista, vice-presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia e médica do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo


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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Pesquisadores propõem nomear nova espécie humana como “Homo bodoensis”

Pesquisadores da Universidade de Winnipeg, no Canadá, propuseram uma nova nomenclatura para uma espécie humana que viveu durante o período Chibaniano (antigo Pleistoceno Médio, entre 774 e 129 mil anos atrás). Os Homo bodoensis, como foram chamados, viveram na África no mesmo período geológico em que os Homo sapiens estavam em ascensão. Por conta disso, os cientistas acreditam que o grupo seja ancestral direto dos humanos modernos. 

Vale aqui uma explicação: o Homo bodoensis não é uma espécie recém descoberta na ciência – na verdade, podemos dizer que houve uma renomeação de hominídeos já conhecidos. Para entender a história, precisamos falar rapidamente sobre o Homo heidelbergensis e o Homo rhodesiensis. Alguns fósseis do período Chibaniano encontrados na África e na Europa foram atribuídos a estas espécies, mas ambas possuem definições vastas e contraditórias. 

Por exemplo, uma análise recente de DNA de vestígios recuperados na Europa, antes atribuídos aos H. heidelbergensis, mostrou que eles na verdade pertenciam aos primeiros neandertais. Há ainda uma questão polêmica envolvendo a nomenclatura dessas espécies humanas, que já fazia alguns cientistas evitarem a nomenclatura. O nome H. rhodesiensis, por exemplo, pode ser associado a Cecil Rhodes, um magnata e político britânico envolvido no processo de colonização da África. 

O nome do Homo bodoensis foi inspirado no crânio de Bodo de 600 mil anos, encontrado em 1976 em Bodo D’ar, na Etiópia. A sugestão dos pesquisadores é que a nomenclatura seja atribuída a maioria dos humanos do período Chibaniano que habitaram a África. Alguns hominídeos que viveram no sudeste da Europa também podem entrar nesta definição, enquanto outros serão reclassificados como Neandertais. 

Crânio encontrado em 1976 em Bodo D’ar, Etiópia.Jeffrey H. Schwartz/Reprodução

Entre as espécimes que viviam na África e poderiam receber a nova classificação estão o Kabwe 1 da Zâmbia; os crânios Ndutu e Ngaloba da Tanzânia; e o crânio Saldanha da África do Sul. Há também fósseis encontrados no Leste Asiático que até então recebiam o nome de H. heidelbergensis. Outras análises já mostraram diferenças nos traços faciais destes vestígios quando comparados a fósseis europeus e africanos da mesma idade, sugerindo a renomeação dos fósseis.

A dispersão geográfica dos antigos hominídeos dificulta as pesquisas sobre evolução humana. Com a nova classificação, os pesquisadores não pretendem reescrever a história, mas sim organizá-la para facilitar estudos futuros. Além disso, os próprios cientistas reforçam que mudar o nome de uma espécie não é algo simples, e que só funcionará se a nova denominação for adotada em massa por outros pesquisadores. 

Porém, há controvérsias sobre o Homo heidelbergensis (ou Homo bodoensis, segundo a nova proposta) ser o parente mais próximo dos Homo sapiens. Em 2019, pesquisadores do Museu de História Natural de Londres publicaram um estudo com base no crânio de Bodo, sugerindo que a espécie percorreu um caminho evolutivo diferente dos humanos modernos. Em resumo, estaríamos em ramos opostos de uma mesma árvore evolutiva.


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Por que o Facebook mudou de nome para Meta?

O Facebook está passando por aquilo que profissionais de marketing (ou viciados em palavrinhas estrangeiras) chamam de rebranding: a formação de uma nova identidade. A empresa, dona de plataformas como Instagram, WhatsApp e o próprio Facebook passou a se chamar Meta. –uma referência ao “metaverso”, uma espécie de versão 3D da internet que está na mira de vários desenvolvedores.

(Calma. Nós já iremos explicar tudo isso.)

O CEO da companhia, Mark Zuckerberg, anunciou a mudança durante uma conferência no último dia 28. Segundo ele, a ideia é dissociar a empresa da rede social Facebook e focar no metaverso: “No momento, nossa marca está tão intimamente ligada a um produto que não pode representar tudo o que estamos fazendo hoje. Com o tempo, espero que sejamos vistos como uma empresa de metaverso. Quero ancorar nossa identidade naquilo que estamos construindo”.

A mudança, que ocorre em meio a uma crise vivida pela empresa, não vai chegar aos seus produtos de bilhões de usuários no mundo – as plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp manterão os seus nomes. 

É um caso parecido ao que ocorreu com o Google, em 2015. O conglomerado, formado por empresas como a Google Inc., Nest Labs e Calico, passou a se chamar Alphabet, em uma tentativa de não atrelar o nome Google a todos os seus braços.

O que é o metaverso?

Considerado por alguns como uma versão futura da internet, o metaverso se baseia na criação de espaços virtuais 3D compartilhados. A ideia é que, nesse cenário, usuários de plataformas online possam acessar uma espécie de realidade paralela, com imersão promovida por técnicas de realidade aumentada e virtual, por exemplo – como o dispositivo Oculus Quest, produto da recém-batizada Meta.

“A qualidade definidora do metaverso será um sentimento de presença – como se você estivesse ali com outra pessoa ou em outro lugar. Sentir-se verdadeiramente presente com outra pessoa é o maior sonho da tecnologia social”, afirma Zuckerberg.

“Neste futuro, você será capaz de se teletransportar instantaneamente como um holograma para estar no escritório sem se deslocar, em um show com amigos ou na sala de estar de seus pais para conversar”, continua.

Se ainda está meio difícil de visualizar o metaverso, assista a um trecho da apresentação feita por Zuckerberg:

A ideia de experiência de imersão não é algo novo – e dá para comparar com o mundo de videogames como The Sims ou Second Life. O ponto central é o nível de imersão do usuário e o grau de realismo do metaverso, que demandam avanços tecnológicos. E o acesso a recursos desse porte vai depender, claro, do barateamento dos aparelhos de realidade virtual.

Crise institucional

A mudança na identidade acontece em meio a polêmicas e denúncias envolvendo o Facebook. A empresa, que já lidou com escândalos sobre privacidade de dados e moderação de conteúdo, está enfrentando problemas de relações públicas e investigações do Congresso dos Estados Unidos.

O caso é conhecido como “Facebook Papers”, e consiste em um vazamento de documentos confidenciais da empresa de Zuckerberg feito por Frances Haugen, ex-gerente de integridade da companhia, que revelam políticas internas duvidosas. Nesse cenário, alguns especialistas acreditam que o rebranding é uma tentativa de criar uma “cortina de fumaça” sobre os problemas recentes.


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Limpeza dental com mais precisão e sem incômodo

O trauma de dentista está com os dias contados: a EMS, empresa suíça referência em odontologia, trouxe para o Brasil o protocolo GBT (Guided Biofilm Theraphy), um método de limpeza que não envolve dor e tem eficácia atestada.

Ele foca na remoção do biofilme (ou placa bacteriana), que é a base do tártaro e está por trás de cáries e doenças gengivais. Um dos destaques do GBT é o uso de micropartículas de eritritol, adoçante natural anticariogênico que remove impurezas sem impor desconfortos nem desgaste ao esmalte dentário — diferentemente do bicarbonato, empregado na higiene convencional.

“Além de ser mais confortável, a profilaxia com o GBT ainda ajuda a educar o paciente”, afirma o dentista Renato Trezza, especialista em odontologia estética e reabilitação.

+ Leia também: Sensibilidade nos dentes: como prevenir ou acabar com ela 

Passo a passo

O protocolo conta com oito etapas, mas resumimos para você!

Luz na sujeira
Para começar, o dentista bota em evidência a placa bacteriana aplicando um corante nos dentes. Assim ele também orienta como deve ser feita a higiene em casa.

Doce limpeza
O aparelho Airflow lança um jato de água morna e eritritol para limpar a região — dá para regular sua intensidade caso a caso. O eritritol remove a placa e pole os dentes.

Em profundidade
Caso existam bolsas periodontais — um dano da periodontite —, o dispositivo Periflow remove o biofilme sob a gengiva em profundidades maiores que 3 mm.

Retoque dental
Se o tártaro resiste, recorre-se ao Piezon No Pain, nova versão do aparelho odontológico ultrassom: ele emite ondas sonoras de alta frequência para limpar, mas agora sem dor.

Faxina concluída
Após a limpeza completa do biofilme, podem ficar visíveis problemas que passavam despercebidos. Daí o dentista indica tratamentos adequados.

Fontes: Cássio Volponi Carvalho, dentista e doutor em periodontia pela FOUSP; Gislaine Sachetti, gerente responsável pela EMS na América Latina.

 

 


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Consumo e inovação: tendência de redução de glúten chega até à cervejinha

Os brasileiros estão mais cuidadosos e procurando alternativas para a sua alimentação. Pesquisa realizada no fim de 2020, com 1 000 entrevistados, pela consultoria RG Nutri em parceria com a Tech Fit, apontou que 78% dos participantes ficaram mais atentos à alimentação e à saúde durante a pandemia, e que 53% estavam buscando mais informações sobre a função dos alimentos.

O resultado tem sido escolhas mais conscientes diante das prateleiras dos supermercados. Só no ano passado, as vendas de produtos sem glúten, com menor teor de sódio e orgânicos aumentaram 3,5% quando comparadas a 2019, atingindo a marca de 100 bilhões de reais. Os dados são da Euromonitor Internacional.

A redução no consumo de glúten, especificamente, é uma das principais tendências observadas e, ao contrário do que se pode pensar, não é impulsionada apenas pelas pessoas diagnosticadas com doença celíaca, alergia ou intolerância. É o caso da produtora executiva de audiovisual Paula Pereira Ab, de 35 anos, que passou a incorporar produtos sem a proteína à dieta. “Apesar de seguir uma alimentação equilibrada, eu observava sinais de inchaço e uma sensação de estufamento. Ao me consultar com minha médica ayurvédica e também com minha nutricionista, ambas sugeriram reduzir o consumo de glúten, que pode ser inflamatório. Foi uma mudança de hábito que fez muita diferença para mim”, conta.

O glúten e seu processo digestivo

Formado pela combinação de dois grupos de proteínas – a gliadina e a glutenina – e encontrado principalmente em grãos de trigo, cevada, centeio e aveia, o glúten é o responsável pela elasticidade adequada das massas e permite a retenção de gases produzidos durante a fermentação, contribuindo para o crescimento de pães e bolos.

O glúten possui uma estrutura complexa, por isso sua digestão tende a ser mais trabalhosa. O processo começa no estômago e segue para o intestino delgado, onde a proteína é quebrada em pequenas partes e transformada em aminoácidos. Com isso, a substância pode ser absorvida e enviada para a corrente sanguínea até chegar às células. Lá, funcionará como fonte de energia ou substrato para a produção de novas proteínas.

“Seu consumo não causa problemas para a maioria das pessoas. Porém, para quem tem doença celíaca, enfermidade autoimune que acomete 1% da população mundial, o glúten desencadeia uma reação no sistema imunológico, que ataca as vilosidades do intestino e compromete a absorção de nutrientes. Isso causa um desequilíbrio no trânsito intestinal e no estado nutricional do indivíduo, provocando sintomas como diarreia, estufamento, constipação, náuseas e vômitos”, explica Anna Carolyna Goulart Vieira, nutricionista e especialista de H&W do centro de inovação e tecnologia da Ambev.

Além dos incômodos gastrointestinais, o glúten pode ocasionar irritação na pele e inchaço da boca e da garganta – tanto para os celíacos como para os alérgicos à proteína. Ainda há o grupo com sensibilidade não celíaca ao glúten (SNCG), com um amplo espectro de manifestações indesejáveis que surgem após o consumo da substância, porém sem identificação de mecanismos alérgicos e autoimunes envolvidos, como no caso relatado por Paula Pereira Ab.

O mito da balança

Apesar de o glúten estar presente em diversos alimentos ricos em carboidratos e com elevado índice glicêmico, como pizzas, salgadinhos e doces, o risco de obesidade está relacionado ao açúcar. Logo, não adianta eliminar a proteína da dieta e manter uma alimentação de alto valor energético.

“Em muitos casos, a redução do consumo de glúten vem atrelada a uma melhora na qualidade da alimentação. Outro ponto é que, ao consumi-lo de maneira moderada, diminuímos o risco de desenvolver uma hipersensibilidade à substância”, reforça a especialista.

Brinde sem glúten

Diversas marcas têm inovado para atender à crescente demanda dos consumidores por produtos sem a proteína. A Ambev, por exemplo, identificou ao longo dos últimos anos relatos de manifestações indesejáveis causadas pela ingestão do glúten e a crescente tendência de pessoas que têm buscado adotar – seja por orientações de profissionais da saúde ou por convicções pessoais – uma dieta sem essa substância ou com uma presença menor dela.

“Reunimos um time de mestres cervejeiros e profissionais de nutrição e inovação para criar uma versão de Stella Artois que pudesse ser considerada uma cerveja sem glúten, de acordo com normas e padrões nacionais e internacionais”, conta Mariana Porto, head de marketing da marca. “A cerveja é uma das bebidas mais populares do mundo e Stella Sem Glúten é uma opção que se encaixa no estilo e hábito de pessoas que querem ingerir menos glúten sem perder ou deixar de lado o sabor, especialmente nos momentos ao redor da mesa”, explica ela.

A Stella Artois Sem Glúten utiliza os mesmos ingredientes da sua cerveja tradicional – água, malte e lúpulo. Entretanto, tecnologias de ponta aplicadas no processo de produção possibilitam a quebra da proteína do glúten sem provocar alterações no sabor ou nas características do produto.

Para garantir sua segurança, a Stella Artois Sem Glúten conta com testes com certificação internacional, que são realizados em quatro etapas diferentes entre a produção e o envase. “Elas são feitas no tanque final, antes do envase, e, em seguida, no início, meio e final do processo de engarrafamento de cada lote. O produto finalizado é analisado em laboratórios externos certificados”, explica Anna Carolyna.

Dessa forma o teor de glúten da cerveja é inferior a 20 ppm (partes por milhão). Ainda assim, portadores da doença celíaca, alérgicos e intolerantes à proteína devem sempre consultar um médico para liberar o consumo da nova versão da marca.


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Telemedicina como aliada aos cuidados com a saúde

Em abril de 2020, em meio à crise sanitária ocasionada pela pandemia de Covid-19, a Lei 13.989 foi sancionada e aprovada pelo Congresso Nacional, autorizando, assim, a prática da telemedicina no país em caráter emergencial. Na época, essa foi uma resposta à demanda de médicos e pacientes por atendimentos remotos, evitando a disseminação e o contágio do novo coronavírus.

A regulamentação da prática médica em uma realidade pós-pandêmica ainda está sendo discutida. Mas o que se tem observado é que, se bem utilizada, a telemedicina pode ser uma boa aliada aos cuidados com a saúde.

Tecnologia em prol da saúde

Na DaVita Serviços Médicos, rede de clínicas integradas com mais de 15 unidades na Grande São Paulo e 27 especialidades médicas, a telemedicina tem servido não apenas para aumentar a acessibilidade e a facilidade de realização de consultas, mas também como uma forma prática e eficiente de complementar o cuidado coordenado e integrado – que acompanha o paciente de perto e de forma integral, investindo também em prevenção –, pelo qual a rede é conhecida.

A telemedicina é recomendada quando há suspeita de Covid-19 e também em casos cotidianos, como acompanhamento de rotina de doenças crônicas, apresentação de exames e seguimento de investigações diagnósticas, continuidade de tratamento com necessidade de repetição de medicação, solicitação de atestados e quando há limitações por parte do paciente, como idosos com fragilidades ou dificuldade de locomoção, pessoas com comorbidades e pacientes terminais.

Praticidade e eficiência

Por meio da tecnologia, os pacientes já recorrentes podem acessar, também à distância, um médico da família, que tem acesso a seu histórico e que o assiste em sua jornada de saúde. Mantendo, assim, o acompanhamento em dia. As consultas realizadas por videoconferência são sempre registradas em prontuário eletrônico, com código único de acesso, e, caso o atendimento exija prescrições médicas, elas são emitidas com certificação digital padrão ICP-Brasil e enviadas ao e-mail do paciente.

O agendamento é fácil: pode ser feito via telefone ou pelo portal. A confirmação da consulta bem como o link para acesso a ela também chegam por e-mail. É indicado que, na hora do atendimento, o paciente esteja em um local com conexão à internet e, quando houver necessidade, os médicos do corpo clínico que realizam as consultas virtuais poderão dar continuidade ao tratamento de forma presencial em uma das unidades DaVita.

É muito importante frisar, porém, que os atendimentos virtuais não devem ser realizados em situações de emergência. Nesses casos, é recomendada a procura por serviços médicos como pronto-socorro ou, em casos mais brandos, o Atendimento Imediato (feito de forma presencial) da própria DaVita.

<span class="hidden">–</span>DaVita/Divulgação

Responsável Médico: Felipe Tolaini CRM 101.690


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Uma seleção de livros que falam de ciência, história e bem-estar

Vacina para Covid-19, burnout, negacionismo científico, culinária brasileira… Esses são alguns dos temas de livros recém-lançados no país que, de uma forma ou de outra, trazem histórias e análises que dizem respeito ao nosso bem-estar e à nossa nutrição física e intelectual. Sentamos no sofá para devorá-los e agora fazemos uma seleção de indicações de novas leituras para você.

<span class="hidden">–</span>Foto: Intrínseca/Divulgação

História de uma Vacina
Autora: Sue Ann Costa Clemens
Editora: Intrínseca
Páginas: 208

A infectologista Sue Ann Costa Clemens foi figura central na batalha contra a Covid-19 ao trazer e encabeçar os estudos com a vacina de Oxford/ AstraZeneca no Brasil, abrindo caminho ao uso do imunizante pela nossa população. Nesta obra, a médica brasileira e referência internacional em vacinologia resgata sua trajetória – que envolve, entre outros feitos, uma pesquisa gigante para testar e validar uma vacina para rotavírus – e relata o trajeto de desenvolvimento e avaliação do imunizante contra o coronavírus por aqui. Essa é uma história que engloba vocação, ciência de ponta, financiamento privado e público e uma nova mentalidade e infraestruutra para combater doenças infecciosas e epidêmicas.

capa do livro não aguento mais não aguentar mais

Não Aguento Mais Não Aguentar Mais
Autora: Anne Helen Petersen
Editora: Harper Collins
Páginas: 336

Os millennials, aqueles nascidos entre 1981 e 1996, são a geração que mais sofre com o burnout. Em busca dos porquês, a jornalista Anne Helen Petersen, ela mesma uma millennial vítima do esgotamento físico e mental ligado ao trabalho, foi atrás de pesquisas e teóricos, entrevistou dezenas de americanos e armou uma reflexão sobre como o mundo que construímos tem sido propício à exaustão. Condições precárias de trabalho, abuso dos recursos digitais, diluição da fronteira entre emprego e lazer, mantras como o de só trabalhar com o que se ama, um prato cheio para frustrações… Tudo isso está no radar da escritora, que advoga mudanças políticas e sociais para lidar com o boom do burnout.

<span class="hidden">–</span>Foto: Editora Fósforo/Divulgação

Formação da Culinária Brasileira
Autor: Carlos Alberto Dória
Editora: Fósforo
Páginas: 264

Nem a miscigenação entre índios, negros e brancos nem a divisão geopolítica por regiões dão conta de explicar a complexidade da cozinha brasileira. Partindo dessa premissa, o expert em sociologia da alimentação Carlos Alberto Dória analisa, nos ensaios deste livro, as raízes da(s) nossa(s) culinária(s), os mitos criados em torno dela(s) e ingredientes para a renovação da gastronomia nacional. Revendo desde formulações de autores clássicos como Gilberto Freyre e Câmara Cascudo até ideias do chef espanhol Ferran Adrià, o professor esboça modelos de divisão e compreensão da nossa culinária, critica noções mais turísticas do que históricas e discute o nosso futuro gastronômico.

<span class="hidden">–</span>Foto: Editora Papirus/ 7 Mares/Divulgação

Contra a Realidade
Autores: Natalia Pasternak e Carlos Orsi
Editora: Papirus/ 7 Mares
Páginas: 192

O que a evolução das espécies, as vacinas, o formato do globo terrestre, o aquecimento climático e o holocausto judaico têm em comum? Todos são vítimas do negacionismo. Em um período desafiador para a ciência, em que teorias da conspiração e fake news se multiplicam pelas redes sociais defendendo de terra plana ao perigo dos imunizantes, a microbiologista Natalia Pasternak e o jornalista Carlos Orsi investigam as origens do negacionismo moderno e seus graves desdobramentos, inclusive na saúde pública, demolem suas teses anti-históricas e anticientíficas e debatem a importância de nos vacinarmos contra esse fenômeno que ganhou, na internet, um terrível alto-falante.

<span class="hidden">–</span>Foto: Autêntica/Divulgação

A Economia da Vida
Autor: Jacques Attali
Editora: Vestígio
Páginas: 240

O ensaísta e professor francês Jacques Attali faz um inventário dos erros e acertos no combate à pandemia da Covid-19, trazendo a China como um exemplo das falhas no início da crise e a Coreia do Sul como um ícone do que todas as nações deveriam ter feito desde o começo da emergência global. Mas vai além: procura examinar as dificuldades impostas pelo isolamento social e as ameaças da intervenção de políticos populistas e sem amparo técnico na gestão do problema, bem como sua conexão com a desigualdade de renda e a devastação ecológica que assolam o planeta. Uma reflexão que tem tudo a ver com nosso futuro – e demanda a gestação de um novo modelo de política e economia.

<span class="hidden">–</span>Capa: Intrínseca/Divulgação

A Vida dos Estoicos
Autores: Ryan Holiday e Stephen Hanselman
Editora: Intrínseca
Páginas: 400

O que ideias de filósofos que viveram há mais de 2 mil anos têm a ver com o nosso bem-estar? Mais do que se imagina. Pois prepare-se para conhecer quem foram os pensadores estoicos e seus ensinamentos nesta obra que passeia pelos principais expoentes dessa corrente filosófica originária da Grécia Antiga que prega ação e resiliência diante das vicissitudes da vida. Do precursor helênico Zenão até o imperador romano Marco Aurélio, os autores trazem minibiografias, comentários sobre as obras e feitos atribuídos a esses homens (tem uma mulher no meio!) e insights a partir de suas concepções do mundo. Uma bússola para tempos tão desafiadores como os atuais.

<span class="hidden">–</span>Capa: Autêntica/Divulgação

A Fábrica de Cretinos Digitais
Autor: Michel Desmurget
Editora: Vestígio
Páginas: 352

Como anuncia o título deste livro, aguarde críticas severas, todas embaladas por estudos, à onipresença de celulares, tablets, videogames, redes sociais e companhia na rotina de crianças e adolescentes. O neurocientista francês Michel Desmurget reúne um monte de evidências para condenar o uso abusivo de telas na infância, algo capaz de afetar o desenvolvimento físico, psíquico e social dos pequenos. Questionando a noção difundida de “nativos digitais – crianças que já nascem sabendo mexer no smartphone ou computador –, o professor examina as repercussões da exposição precoce e excessiva no bem-estar dos mais jovens e traça recomendações para prevenir e reverter esse comportamento.

<span class="hidden">–</span>Capa: Autografia/Divulgação

O Príncipe Perfeito e a Saúde do Reino
Autora: Priscila Aquino Silva
Editora: Autografia
Páginas: 390

O passado é uma fonte perene para entender como chegamos até aqui e planejarmos um futuro melhor – inclusive em políticas de saúde. Pois a historiadora e jornalista Priscila Aquino Silva faz um retrato do reino português e da prática da medicina no final da Idade Média para analisar o período em que o Estado passa a concentrar em suas mãos a responsabilidade sobre os hospitais e a assistência aos doentes. O príncipe perfeito do título é Dom João II que, junto à esposa, a rainha Dona Leonor, reorganizou a estrutura de atendimento à saúde da população de Lisboa, edificando hospitais de maior porte sob a tutela do governo num percurso em que se misturam poder político e religião.

<span class="hidden">–</span>Capa: Planeta/Divulgação

A Exaustão no Topo da Montanha
Autor: Alexandre Coimbra Amaral
Editora: Paidós/Planeta
Páginas: 192

Mais de dois anos vivendo em pandemia têm feito muita gente declarar: “Estou exausta”. Atento a esse cenário de cansaço físico, mental e até espiritual, o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral nos convida a bater um papo com a Exaustão – sim, com inicial maiúscula, porque é ela, em primeira pessoa, que guia a narrativa e as reflexões do novo livro do escritor. Na obra, somos instigados a olhar para dentro e para fora a fim de entender por que sofremos e reclamamos tanto da falta de energia. E, entre conselhos e imagens poéticas, o autor projeta um caminho de convivência mais pacífica com essa sensação, algo inevitável para termos esperança e vivermos melhor.


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Thaísa Michelan fará expedições para estudar plantas aquáticas na Amazônia

A palavra “macrófita”, grosso modo, significa “planta macroscópica” – ou seja, qualquer planta que conseguimos enxergar a olho nu. Só que, para os biólogos, a palavra acabou virando sinônimo de plantas aquáticas, como a vitória-régia. Thaísa Michelan se dedica a essas plantas desde o início da graduação, que realizou na Universidade Estadual de Maringá.

Ela sabia que queria estudar biologia, mas nunca gostou de trabalhar com animais, principalmente por que não se sentia à vontade na coleta, já que muitos animais precisam ser mortos para que a pesquisa aconteça. A solução, então, foi apelar para as plantas “e como sou feliz e realizada” afirma. No mestrado, ela estudou como as plantas aquáticas invasoras impactavam a diversidade das nativas. Já no doutorado, ela analisou as adaptações pelas quais as plantas nativas precisam passar em resposta à espécie invasora – se elas se reproduzem mais rápido ou geram mais descendentes, por exemplo.

Até então, Thaísa trabalhava com experimentos para testar perguntas ecológicas em laboratório e no campo – a diversidade de espécies aquáticas em Maringá era conhecida, então não havia necessidade de trabalhos voltados para conhecimento da biodiversidade do grupo. No final de 2016, durante o pós-doutorado, a pesquisadora foi chamada para assumir o cargo de professora na Universidade Federal do Pará (UFPA) e a partir de então começou a estudar macrófitas da região. Trabalhar na Amazônia é sonho de muitos biólogos, lá, ela percebeu que ainda se sabia pouco sobre as espécies e a distribuição das plantas aquáticas.

Por esse motivo, a bióloga passou a propor expedições para mapear a biodiversidade de macrófitas na Amazônia. O objetivo é catalogar as espécies, verificar onde elas ocorrem e ainda coletar amostras para análise em laboratório posteriormente.

 

Para isso, Thaísa e sua equipe de alunos irão viajar por riachos, brejos e lagos do interior do estado em busca de novas plantas aquáticas. “A adrenalina é chegar nos pontos de coleta, a logística é muito diferente de uma pesquisa no Sul e Sudeste. Em 2019, nós ficamos atolados por horas na Rodovia Transamazônica. Há um local de coleta em que a gente precisaria fretar um avião e caminhar por dois dias em uma reserva indígena para chegar”, diz a pesquisadora.

Ela garante que a aventura vale a pena. As plantas aquáticas são importantes para melhorar a qualidade da água, além de oferecer um refúgio para a reprodução de peixes e insetos aquáticos. “Uma planta que passa por um rio carrega uma biodiversidade imensa de espécies associadas a ela. As plantas propiciam um ambiente adequado para outras espécies”, diz a pesquisadora.

A bióloga também ressalta a importância de fazer esse trabalho antes que as espécies de plantas se percam. “Com o desmatamento, as alterações ambientais acontecem mais rápido do que a gente consegue pesquisar. Podemos estar perdendo espécies que a gente nem conhece”, diz ela. Seu trabalho é fazer uma pesquisa de base para conhecer essas plantas – e para que, no futuro, outros pesquisadores possam estudá-las para aplicações na medicina e tecnologia, por exemplo.

Thaísa irá fazer uma pesquisa de reconhecimento em novembro deste ano, enquanto as expedições para coleta devem ocorrer entre janeiro e outubro de 2022. Esse projeto de pesquisa venceu o prêmio Para Mulheres na Ciência, promovido pela Unesco, L’Oréal e Academia Brasileira de Ciências (ABC).


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Quando a “slow medicine” abraça o tratamento do câncer

Um diagnóstico de câncer. Uma infinidade de exames. Quimioterapia. Cirurgia. Radioterapia. Mais exames. Uma recidiva. Mais sessões de químio, mais exames, outros procedimentos. E um paciente perdido, quase invisível em meio a tudo isso, assistindo às angústias dos seus familiares e ao imenso distanciamento com que a equipe de saúde lida com as questões mais delicadas.

Esse é o cenário desolador que vem sendo desenhado pela oncologia praticada em ritmo acelerado – e, por que não dizer, insano? – nos tempos atuais. O caminho foi longo até aqui. Foram descobertas científicas impressionantes, que transformaram o câncer avançado, há pouco tempo considerado uma sentença de morte, numa doença crônica com a qual muitos pacientes podem conviver por anos ou até décadas.

Ganhamos muito. Ganhamos tanto que não sobrou tempo para nos darmos conta das perdas que tivemos no caminho. É sobre essas perdas (e sobre como minimizá-las) que escrevi o livro De Mãos Dadas – O Olhar da Slow Medicine para os Pacientes Oncológicos (MG Editores).

Inspirado pelo best-seller My Mother, Your Mother, do médico americano Dennis McCullough, meu livro percorre os percursos pelos quais pacientes com câncer e seus familiares podem passar, expondo as fragilidades e os desafios com os quais temos lidado no campo da oncologia.

O termo Slow Medicine, que pode ser traduzido como Medicina Sem Pressa, surgiu na Itália, em 2002, quando o cardiologista italiano Alberto Dolara escreveu um artigo nos convidando a exercer a medicina de uma forma mais sóbria e respeitosa, valorizando o tempo necessário para avaliar um paciente, pensar sobre o diagnóstico e estabelecer com ele uma relação mais profunda do que a visão atual, que se baseia quase exclusivamente nas doenças a serem combatidas.

+ LEIA TAMBÉM: O câncer de mama de volta ao alvo

Foi essa proposta de uma medicina na qual o paciente (e não sua doença) é o centro do cuidado que inspirou Dennis McCullough a escrever sobre quanto uma postura mais slow poderia beneficiar nossos idosos, respeitando sua biografia, seus valores, suas expectativas, suas limitações e, principalmente, alertando sobre os excessos de exames e tratamentos nesse contexto.

Como oncologista, decidi trazer essa abordagem para o cenário do enfrentamento ao câncer. De Mãos Dadas está organizado em oito estações, que vão do diagnóstico até o período após a morte, e perpetua uma mensagem: não estamos sozinhos. Em cima de histórias reais de pacientes, procurei ser honesta quanto às muitas limitações e falhas do nosso sistema de saúde atual e expor as deficiências na formação técnica que resultam em profissionais pouco capacitados para acolher demandas que estejam além das mazelas físicas.

Também discuto a tendência perigosa de se analisar apenas dados científicos de forma superficial e seguir indiscriminadamente protocolos de condutas sem o questionamento necessário, podendo colocar em risco a segurança e o bem-estar dos pacientes. Mas, o principal, o livro busca iluminar uma via alternativa para lidar com tudo isso.

Trabalhando princípios como o tempo de cada um, a individualização, a autonomia, a segurança, o uso consciente e parcimonioso das tecnologias, a paixão e a compaixão, meu objetivo é mostrar como os pacientes oncológicos e seus familiares podem identificar fragilidades e atuar sobre elas, aprimorando inclusive a relação com a equipe de saúde, numa parceria mútua. Essa é a filosofia da Slow Medicine.

Quando o câncer é compreendido como responsabilidade de todos, quando seu peso é carregado por muitos braços, quando ele deixa de ser apenas uma doença para se tornar uma experiência compartilhada, a neblina se dissipa e a vida reaparece no horizonte. De Mãos Dadas, portanto, é uma obra aberta a pacientes, familiares, amigos, cuidadores e profissionais de saúde. Afinal, temos muito a aprender caminhando juntos.

* Ana Coradazzi é oncologista, responsável pela equipe de oncologia clínica da Faculdade de Medicina de Botucatu da Unesp e autora do recém-lançado De Mãos Dadas – O Olhar da Slow Medicine para o Paciente Oncológico (MG Editores)


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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Atendimento imediato: cuidado médico sem necessidade de agendamento

No decorrer da rotina normal do dia a dia, aparece algum sintoma diferente, uma dor ou um incômodo que persiste, ou ocorre algum acidente doméstico de pouca gravidade. E, com ele, o dilema: procurar ou não um pronto-socorro?

De acordo com informações do Ministério da Saúde, em casos de dores agudas e fortes, desmaios e confusão mental, acidentes graves, dormência ou dificuldade de se movimentar, falta de ar intensa, dores fortes no peito, vômitos constantes ou qualquer suspeita de infarto ou derrame, a recomendação é que o paciente procure um hospital que disponha de pessoal e infraestrutura para atender a emergências.

Para os sintomas mais brandos, porém, que não se configuram como uma urgência, mas que também não podem esperar por uma consulta eletiva, a melhor opção é o atendimento imediato.

Cuidado ágil e especializado

O atendimento imediato é o serviço capacitado para prestar cuidados aos pacientes com problemas agudos de saúde, que podem evoluir sem atendimento médico, mas que não representam riscos mais sérios.

Com mais de 15 unidades na Grande São Paulo e 27 especialidades médicas, a DaVita Serviços Médicos, conhecida por oferecer cuidado coordenado e integrado – acompanhando a jornada de saúde do paciente de perto, com um médico da família, e investindo na prevenção –, conta também com uma equipe experiente e qualificada para resolver as mais diferentes situações que requerem atenção médica imediata, sem necessidade de agendamento prévio.

<span class="hidden">–</span>DaVita/Divulgação

O paciente poderá procurar esse tipo de atendimento quando houver sintomas como crise de dor nas costas, resfriados e gripes, dor de garganta, dor de ouvido, tosse persistente, ferimentos leves ou diarreia e vômitos. Além da consulta, as clínicas médicas da rede contam com infraestrutura para realizar testes laboratoriais e de imagem e administração de medicamentos, sempre que necessário e em um só lugar.

A DaVita Serviços Médicos dispõe, ainda, de uma equipe de pediatras habilitados para atender a população infantojuvenil, de 0 a 13 anos de idade. E, a partir dos 14 anos, o paciente já pode ser recebido pelo Atendimento Imediato Adulto. O público primário da DaVita é formado por pessoas cobertas por planos de saúde, mas há também a possibilidade de os pacientes sem convênio serem atendidos de forma particular.

Entre no site para conferir as unidades que oferecem esse serviço perto de você.

Responsável Médico: Felipe Tolaini CRM 101.690


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Há um anticoncepcional ideal para cada mulher?

O método contraceptivo mais utilizado pelas brasileiras é a pílula anticoncepcional, segundo levantamento feito pelo Instituto Ipsos com a farmacêutica Organon. Para 58% das mulheres, essa é a primeira opção, seguida do preservativo ou a camisinha, adotada por 43%.

O DIU de cobre foi apontado por 8% das entrevistadas, e 6% disseram que usam a injeção mensal. Ainda, apenas 13% afirmaram terem domínio pleno do próprio planejamento reprodutivo. As entrevistas foram realizadas com 450 mulheres de todas as classes sociais e regiões do Brasil, no primeiro semestre de 2021.

Apesar de serem as opções mais conhecidas, essas não são as únicas. Divididos entre métodos hormonais e não hormonais, os anticoncepcionais têm especificidades que, sob a orientação de especialistas, precisam ser analisadas para que as mulheres escolham com consciência.

Veja abaixo a lista dos principais e as indicações de cada um:

MÉTODOS HORMONAIS

Pílula
Há dois tipos principais de pílulas anticoncepcionais: as que combinam moléculas das famílias do estrogênio e da progesterona, os hormônios sexuais femininos; e as que são compostas apenas de representantes da progesterona.

No primeiro caso, a pílula é indicada não apenas para a regulação do ciclo menstrual, mas também para uma melhora na acne. Dentre os efeitos comuns, esse tipo de formulação pode gerar uma leve dor de cabeça, problemas gastrointestinais e aumento nas varizes.

Isso deve chamar atenção de mulheres que já tiveram casos de trombose, ou têm um risco maior em desenvolver a condição. O estrogênio, ao ser metabolizado pelo fígado, favorece a coagulação do sangue, aumentando esse risco.

+ LEIA TAMBÉM: Uma nova era para as pílulas anticoncepcionais

Para elas, as pílulas à base de apenas progesterona podem ser uma alternativa, ou outros métodos não hormonais, segundo Rita Géssia Patriani Rodrigues, ginecologista e uroginecologista com especialização em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Essa opção, inclusive, pode ser usada sem necessidade de pausa na cartela, e é indicada a lactantes.

Seja qual tipo de formulação, as pílulas são seguras e garantem proteção contra a gravidez. Mas é preciso que sejam tomadas nos dias e horários corretos. Não são indicadas a mulheres sem uma rotina regrada.

Adesivo
Conhecido como transdérmico, o método libera versões dos hormônios femininos na pele, por onde é absorvido. A troca é feita semanalmente e, após cerca de 21 dias, a mulher deve fazer uma pausa durante sete dias antes de colocar um novo adesivo. O uso incorreto aumenta o risco de falha do anticoncepcional.

Os efeitos colaterais mais expressivos são vermelhidão no local aplicado. Como funciona igual às pílulas combinadas, com a associação dos hormônios, não é recomendado para pacientes que tenham risco de trombose, devido à alta taxa do estrogênio em sua composição.

Anel vaginal
Com uma ação semelhante à pílula e ao adesivo, o anel vaginal também combina os hormônios estrogênio e progesterona. As substâncias, no entanto, são absorvidas diretamente na vagina e por um período de três semanas.

Após o tempo estipulado, a mulher precisa retirar o dispositivo e aguardar sete dias, até que um novo anel seja inserido. Da mesma forma que as outras formulações, devido a combinação dos hormônios, quem tiver risco de trombose deve evitar esse método.

Como o tempo em que o anel permanece no organismo da mulher é longo, é um método indicado a mulheres que têm o costume de esquecer de tomar a pílula ou trocar o adesivo no intervalo correto. O item não gera incômodo e não atrapalha as relações sexuais.

Injeção
Aplicado no músculo do glúteo, há duas versões para este anticoncepcional liberar os hormônios femininos: aplicações todos os meses ou a cada três meses.

A diferença entre as duas modalidades é que, no caso da injeção mensal, caso a mulher não consiga tomar na data exata, há um limite permitido de três dias, antes ou depois do dia previsto. Já na injeção trimestral, o anticoncepcional deve ser administrado na data estipulada, para não haver falhas.

Por não exigir uma obrigação diária, o método é indicado para as mulheres com rotinas estressantes, e que tendem a se esquecerem de tomar a pílula oral, por exemplo.

Assim como as demais opções, a injeção traz alguns efeitos colaterais, segundo Ana Paula Aquino, especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo. “Com o injetável só de progesterona, a mulher pode, sim, ter um aumento de peso”, cita. O injetável também pode aumentar o fluxo menstrual de algumas mulheres e retardar o organismo para futuras gestações.

DIU hormonal
Há diferentes versões para o dispositivo intrauterino (DIU), cada qual com suas vantagens. O modelo hormonal age no organismo ao liberar apenas a progesterona diretamente no útero e na região pélvica. Com isso, altera a mucosa da região cervical, a motilidade das tubas uterinas e o endométrio, impedindo a gravidez.

O DIU hormonal também pode ser usado como parte do tratamento de algumas condições, como endometriose e miomas. Em alguns casos, pode evitar procedimentos cirúrgicos.

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A colocação pode ser feita em consultórios médicos particulares, mas também via Sistema Único de Saúde (SUS). A duração é de cinco anos.
A vantagem desse método é que a mulher não precisa ficar presa a datas específicas (de remoção ou recolocação, por exemplo) para que a eficácia seja completa. Contudo, é necessário realizar exames anuais para saber se o DIU se manteve no lugar, além de trocá-lo na data de validade.

Implante subdérmico
Considerado um dos métodos mais seguros, com menor falha, o implante subdérmico funciona liberando versões da progesterona pelo corpo todo, a partir da corrente sanguínea. Ao contrário do anel vaginal ou do DIU, ele não atua em uma região específica do corpo.

Fisicamente, é um pequeno cilindro flexível, feito de plástico, do tamanho de um palito de fósforo e inserido em um corte no braço. Não é indicado a mulheres que preferem ter ciclos menstruais regulares, visto que, ao longo do uso, a menstruação pode oscilar, segundo Ana Paula Aquino, especialista em ginecologia e obstetrícia. O método tem duração de três anos.

MÉTODOS NÃO HORMONAIS

DIU de cobre
Nesse caso, o DIU de cobre gera um processo inflamatório na camada interna do útero, o endométrio. Com isso, dificulta a sobrevivência do espermatozoide, e impede a fecundação. No caso do DIU de cobre, a duração é de até 10 anos.

Este dispositivo não afeta a ovulação e nem o ciclo menstrual. Da mesma forma que o DIU hormonal, as mulheres que optarem pela versão de cobre precisam fazer exames ginecológicos anuais para garantir que o dispositivo está em uma posição correta, e se ainda está com sua função efetiva.
A opção é válida para quem não quer ou não pode usar hormônios. A desvantagem é que esse contraceptivo aumenta o fluxo menstrual e potencializa cólicas.

DIU de prata
A ação do DIU de prata se assemelha à versão de cobre para a prevenção da gravidez, mas com um benefício a mais: reduz a quantidade de sangue durante a menstruação e ameniza também as dores.

A eficácia, no entanto, é menor: cinco anos, ao invés dos 10 anos do DIU de cobre. O dispositivo intrauterino também deve ser monitorado por meio de exames de ultrassom para garantir a eficácia ao longo do período de proteção.

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Camisinha feminina
Ao contrário dos métodos listados, a camisinha feminina é a única que, além de impedir uma gestação, previne contra as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como Aids, sífilis e HPV. Ao ser inserida no canal vaginal, a camisinha atua como uma bolsa que vai coletar o esperma liberado, impedindo que entre em contato com o colo do útero.

*Esse texto foi publicado originalmente pela Agência Einstein.


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Artérias desobstruídas com o suporte de um robô

A inovação chega pelas mãos da Corindus, empresa adquirida pela Siemens, e a primeira unidade foi instalada no país no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ali, os médicos já empregam os braços de um robô para realizar uma angioplastia — a instalação de stents para liberar o fluxo sanguíneo em artérias bloqueadas.

A tecnologia traz mais precisão aos movimentos do profissional, que o opera com um joystick, do lado de fora da sala. Assim, ele fica protegido da radiação dos equipamentos de imagem que guiam a intervenção.

“Espalhados pelo mundo, 110 robôs já realizaram 9 mil desses procedimentos”, informa Ricardo Caruso, gerente de negócios da Siemens. “No Brasil, foram mais de 80, dez deles em pessoas com Covid-19, permitindo o distanciamento seguro da equipe”, completa.

Entenda as diferenças para o método tradicional

Movimentos robóticos milimétricos propiciam melhor controle no procedimento

Método convencional

+ Habilidade: o desempenho no procedimento depende das mãos humanas. Se o fio-guia usado entorta, por exemplo, é preciso redirecioná-lo.

+ Mais tempo: a angioplastia tende a ser mais longa e cansativa. O médico fica ao lado do paciente e usa um pesado avental para se proteger da radiação.

+ Apoio visual: para colocar o stent e desobstruir a artéria, o tamanho da lesão é estimado pelos profissionais, podendo haver imprecisões.

Método robótico

+ Acurácia: com a inteligência artificial associada ao processo, o profissional faz movimentos com melhor navegabilidade e exatidão.

+ Menos exposição: feita a partir de uma sala separada, a intervenção é mais rápida e ágil, beneficiando o paciente, que fica menos tempo exposto à radiação.

+ Ajuste fino: a medição robótica das placas otimiza a escolha do stent, reduz o risco de cobertura incompleta e a eventual sobreposição dessas peças metálicas.


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