Se detectado precocemente e tratado de forma adequada, o câncer de colo de útero é curável. Mas, tão importante quanto isso, é saber que a doença pode ser prevenida. Afinal, temos uma poderosa estratégia que deve ser melhor utilizada por países de todo o mundo: a vacinação.
Recentemente, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), em nome de aproximadamente 80 centros de oncologia liderados pelo National Cancer Institute, fez uma recomendação aos pais, à população, aos médicos e ao sistema de saúde norte-americano: que a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) precisa voltar a andar.
Devemos aproveitar e seguir o mesmo conselho, já que, no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima mais de 16 500 novos casos do câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical, para 2021. Só em 2019 foram registradas 6 596 mortes em decorrência dele.
Cabe lembrar que nos países de baixa e média rendas, a incidência da doença é duas vezes maior e a mortalidade três vezes mais frequente do que em nações ricas.
Por aqui, depois do câncer de pele não melanoma, o cervical é o terceiro tumor maligno mais prevalente na população feminina, e a quarta causa de morte por câncer. E a prevalência é extremamente desigual. Na região Norte, ele chega a ser mais comum do que o de mama.
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Já dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) dão conta de que cerca de 530 000 novos casos de câncer cérvico-uterino ocorrem por ano no mundo, o que pode gerar 266 000 mortes.
Tedros Adhanom, diretor-geral da entidade, destacou que, a cada dois minutos, uma mulher morre por causa do problema ao redor do planeta. Ele lembrou que “podemos eliminar o câncer do colo de útero como um problema de saúde pública e transformá-la numa doença do passado”.
Para isso, porém, profissionais de saúde e entidades da área precisam falar do tema de maneira ampla e contínua, além de disseminar informações corretas a respeito da vacina.
O câncer cervical surge por meio da infecção persistente por alguns tipos do HPV, os oncogênicos. O contágio por um deles também está relacionado aos tumores de pênis, vagina, ânus e de garganta.
No caso da infecção que gera o câncer de colo de útero, que é altamente letal, é possível descobrir as lesões precursoras no chamado exame preventivo ou de papanicolau e, em quase todos os casos, elas são curáveis. Daí a importância de sua realização periódica.
O ideal é fazer o exame na faixa etária de 25 a 64 anos e em mulheres com vida sexual ativa a cada três anos (após dois testes com resultados normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano).
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A vacina
Crianças e jovens devem ser levados aos postos de saúde para que se imunizem contra a doença. No Sistema Único de Saúde (SUS), as meninas de 9 a 14 anos e também os meninos de 11 a 14 anos encontram a vacina gratuitamente.
Para pessoas com HIV, a faixa etária é mais ampla: vai dos 9 aos 26 anos. O esquema vacinal é de três doses, com intervalo entre dois e seis meses entre elas.
Com o avanço da vacinação, nossos registros sobre a doença poderão ser diferentes, porque o SUS oferece o imunizante em seus postos desde 2014. Mas a adesão ainda está aquém do esperado.
Essa é uma medida extremamente simples e que pode garantir a erradicação do câncer de colo de útero nas gerações futuras.
É certo que nossas vacinas são seguras e eficazes para a prevenção de doenças. Mas precisamos de campanhas de orientação, nas mídias e até nas escolas, mobilizando os pais para levarem seus filhos aos postos para tomar todo e qualquer tipo de vacina recomendada pelas autoridades.
Esse é o tipo de cultura de saúde que devemos estimular: prevenir é o melhor meio de evitar o problema e salvar vidas.
*Luiz Augusto Maltoni é cirurgião oncológico e diretor-executivo da Fundação do Câncer, no Rio de Janeiro.
HPV: vacinar é a solução Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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