segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Dinossauros viviam em grupo há 193 milhões de anos, indica estudo

Cem ovos e 80 esqueletos de dinossauros compõem a descoberta paleontológica que está sendo considerada, por alguns especialistas, como uma das principais deste ano. O conjunto de fósseis encontrado na Argentina é a evidência mais antiga conhecida de que dinossauros viviam em grupos – e ficavam separados de acordo com suas idades.

Os achados aconteceram na Formação Laguna Colorada, no sul da Patagônia, famosa por abrigar fósseis de dinossauros da espécie Mussaurus patagonicus. Foram esses que a equipe internacional de cientistas encontrou por meio de escavações ao longo dos últimos anos, e analisou no estudo publicado na revista Scientific Reports.

Não é novidade que os dinossauros eventualmente viviam em bandos. Mas o comportamento só era encontrado em animais que existiram até 150 milhões de anos atrás. As descobertas recentes sugerem que eles já viviam em comunidade 40 milhões de anos antes: no início do período Jurássico.

O Mussaurus patagonicus era um dinossauro herbívoro, cujo peso aproximado de 1,5 tonelada se distribuía em um corpo de 3 metros de altura e 8 de comprimento. A espécie faz parte de um grupo chamado sauropodomorfo, composto por dinossauros de pescoço e cauda longa.

As descobertas

Os ovos foram encontrados em buracos que serviam de ninhos. Eles estavam dispostos em duas ou três camadas, em grupos de oito a trinta. Os cientistas analisaram os materiais com raio-X para visualizar seu interior sem destruí-los, e identificaram alguns fósseis de embriões. O local foi considerado como um local comum de nidificação (ou construção de ninhos) – um aspecto que remete à vida em comunidade.

Segundo Diego Pol, autor principal do estudo, a descoberta é incomum: “É difícil encontrar ovos fósseis, e ainda mais difícil encontrá-los com embriões dentro: são necessárias condições muito especiais para sua fossilização”. Tecidos moles são mais delicados e não se preservam como ossos, por exemplo.

Ovos fossilizados foram submetidos a exames de raio-X para visualização do seu interior.American Museum Of Natural History, via Reuters/Reprodução

Os esqueletos encontrados na mesma área, de apenas um quilômetro quadrado, não estavam espalhados aleatoriamente. Os pesquisadores identificaram grupos de dinossauros de diferentes idades e tamanhos, que viviam e morreram juntos – vários dinossauros jovens em um canto; e indivíduos adultos, sozinhos ou em pares, aqui e ali.

Vale destacar que os pesquisadores fizeram análises dos sedimentos do local para confirmar se esses animais realmente morreram em grupos (e não apenas no mesmo lugar em momentos diferentes).

Para determinar a idade dos fósseis, os cientistas retiraram pequenas amostras dos ossos, para examiná-las com a ajuda de microscópios. “Os ossos desses dinossauros cresciam em ciclos anuais, como os anéis das árvores. Então, contando os ciclos de crescimento, podemos inferir a idade do dinossauro”, explica Pol.

Os pesquisadores ainda acreditam que os dinossauros provavelmente morreram durante um período de seca. Não só as análises dos sedimentos indicam isso, mas também a posição dos esqueletos: parece que os animais morreram deitados, em uma pose de repouso.

Sucesso evolutivo

Viver em grupos teria sido um comportamento benéfico para a espécie, pois oferece mais proteção contra predadores – não só aos filhotes indefesos, mas também aos indivíduos adultos, que podem gastar menos tempo observando os arredores e mais tempo se alimentando, por exemplo.

Já a separação por idade pode ser explicada pela fase de desenvolvimento dos animais. Para que os grupos funcionem bem, o comportamento dos indivíduos precisa estar sincronizado – então seria conveniente que dinossauros jovens andassem por aí em panelinhas, mais ou menos separados dos adultos.

Os pesquisadores acreditam que o comportamento social da espécie pode explicar seu sucesso evolutivo. “O Mussaurus pertence à primeira família bem-sucedida de dinossauros herbívoros, então postulamos que ser social e proteger seus filhotes juntos como um rebanho pode ter sido parte da razão pela qual esses dinossauros de pescoço comprido eram tão comuns em todos os continentes”, afirma Pol.


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