Tosse, espirro, coriza, febre, dor de cabeça. Estar com sintomas gripais não é nada agradável: deixamos de produzir no trabalho, não podemos encontrar familiares e amigos e precisamos cancelar compromissos para nos recuperar e não transmitir o vírus. Mas, além dessas preocupações naturais, eu gostaria de apontar um cuidado que poucos têm em mente nessas circunstâncias: a saúde do coração.
Pouca gente sabe, mas ter alguma síndrome gripal é fator de risco para o infarto. Vários estudos indicam uma associação direta entre gripes e afins e a doença cardíaca.
Um dos mais consistentes, publicado no periódico médico The New England Journal of Medicine, traz evidências de que a síndrome gripal aumenta em até seis vezes o risco de sofrer um ataque no coração na semana em que os sintomas da infecção tiveram início.
Se você é homem com mais de 60 anos, teve influenza tipo B e/ou já teve um episódio anterior de infarto, a probabilidade de complicações cardíacas tende a se elevar. Mas não pense que o problema se deve apenas à gripe comum. A Covid-19 também entra na história.
Em meio à onda que estamos vivendo com altas taxas de infecção pela variante Ômicron, o alerta para o coração também se aplica a essa doença. Os dados mostram que o novo coronavírus está ligado a maior risco de infarto, AVC, trombose venosa, entre outros problemas graves no sistema cardiovascular.
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Então você pergunta: como evitar que essas repercussões aconteçam? A maior proteção está perto e é acessível: chama-se vacina.
Um artigo recém-publicado pelo periódico da Associação Americana do Coração aponta que se imunizar precocemente contra as síndromes gripais reduz eventos cardiovasculares futuros em pessoas que já sofreram infarto ou outras doenças cardíacas.
A vacinação contra a gripe e a Covid-19 representa uma estratégia simples, gratuita e com mínimos efeitos colaterais capaz de salvar inúmeras vidas, haja visto o número de pessoas que convivem com fatores de risco ou problemas cardiovasculares.
Além da vacinação, outros cuidados devem ser tomados caso você tenha contraído o vírus da gripe ou da Covid. Após o período de isolamento, em que evitamos transmitir o patógeno para os outros, é importante manter uma alimentação nutritiva (com mais alimentos frescos e de origem vegetal), ingerir bastante líquido, fazer repouso nos primeiros dias de recuperação e, depois, começar a realizar exercícios físicos de modo gradual.
Caso seja difícil manter o fôlego ou sentir cansaço, dor no peito e/ou falta de ar, a recomendação é procurar a avaliação de um médico, já que em alguns pacientes podem ocorrer complicações tardias das síndromes gripais.
Tendo um estilo de vida saudável e tomando as vacinas, as chances de sofrer com uma infecção respiratória e seus reflexos no coração caem sensivelmente. Pense também nisso!
* Cláudio Tinoco Mesquita é cardiologista do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro
O que sintomas gripais têm a ver com ataques cardíacos? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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