De acordo com uma pesquisa publicada em 2021 pela The Lancet, uma das mais importantes revistas científicas sobre medicina do mundo, durante a pandemia, a taxa de mortalidade caiu 40% nos pacientes com Covid-19 que utilizaram a ECMO – ou oxigenação por membrana extracorpórea.
O Sabará Hospital infantil tem esse tratamento como parte da rotina de cuidados em alta complexidade, sendo a única instituição brasileira certificada com um dos mais importantes selos de qualidade para a Pediatria, o Elso (Extracorporeal Life Support Organization).
Para nos ajudar a entender a importância da utilização da ECMO, conversamos com o gerente médico responsável da Unidade de Terapia Intensiva, o pediatra Nelson Kazunobu Horigoshi.
O que é a ECMO?
A ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) funciona como um coração e um pulmão artificiais para o paciente, que utiliza um sistema complexo que fica instalado fora do corpo.
Essa tecnologia imita a função natural do coração e dos pulmões, permitindo que o paciente poupe esses órgãos enquanto a cura acontece.
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Em que situações a ECMO pode ser utilizada?
Em pós-operatório de cirurgia cardíaca, doenças pulmonares graves, quadros de insuficiência cardíaca, traumas ou infecções muito graves, entre outros cenários.
Esse procedimento oferece algum risco?
A ECMO aumenta consideravelmente as chances de sobrevida. Entretanto, como toda técnica cirúrgica, envolve, sim, riscos ao paciente, que podem ir desde uma infecção até quadros mais sérios de hemorragia.
Felizmente, temos conseguido controlar esses riscos em níveis internacionalmente aceitáveis, para que o benefício de seu uso para um resultado favorável valha a pena.
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Todos os pacientes com algum grau de dificuldade respiratória ou cardiopatia utilizam esse tipo de técnica?
Não, a ECMO só é usada em casos muito graves, quando não há mais nenhuma outra opção de tratamento e a vida do paciente está em risco.
É um recurso avançado que permite reverter situações, por vezes, dramáticas.
Qual é a importância da participação de uma equipe multidisciplinar no acompanhamento da criança em ECMO?
A ECMO é um procedimento altamente complexo e, no âmbito pediátrico, é ainda mais necessário ter uma equipe qualificada para realizar a técnica de forma adequada, garantindo toda a segurança ao paciente durante o processo.
A ECMO pode ser utilizada no tratamento infantil?
Sim. Essa é uma terapia que pode ser aplicada em todas as idades, inclusive entre recém-nascidos.
Quanto tempo a criança fica na ECMO?
O tempo de tratamento depende muito da doença que comprometeu a saúde da criança. Pode ser algo relativamente rápido, por poucos dias, até terapias bem prolongadas, principalmente quando ela é utilizada como “ponte” para esperar algo como um transplante, por exemplo.
Há risco de sequelas ou efeitos colaterais?
Por ser um procedimento muito invasivo, com intuito de salvar um paciente com altíssimo risco de morte, ele pode trazer algumas complicações – quase sempre elas têm mais a ver com a doença do que com a ECMO em si.
Por isso, é importante aplicar a terapia no momento correto e em um centro qualificado, com uma equipe de profissionais treinados.
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Após a retirada do aparelho, qual o tempo de recuperação?
O tempo de recuperação também depende da doença que motivou o uso da ECMO. No entanto, esse recurso deve ser utilizado pelo menor tempo possível, até que o organismo mostre sinais de recuperação.
Após a retirada desse suporte, em geral nossos pacientes retornam a um estado anterior de criticidade, bem menos grave.
Por isso, utilizamos com critérios científicos esse último recurso que tem nos permitido resgatar vidas antes consideradas perdidas.
Você já ouviu falar em ECMO e como ela pode ajudar a salvar vidas? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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