Ao longo de anos, incontáveis estudos têm mostrado a eficácia da colonoscopia na prevenção do câncer de intestino.
O exame permite visualizar todo o intestino grosso e a parte final do delgado por meio da introdução de um tubo flexível dotado de uma câmera na sua extremidade – é realizado sob sedação e, portanto, não causa dor.
É por meio da colonoscopia que conseguimos detectar lesões conhecidas como pólipos, que, se não removidas, podem se tornar malignas com o passar dos anos.
No entanto, no final do ano passado um estudo questionou os benefícios do exame na prevenção do câncer de intestino, fazendo a colonoscopia ganhar as manchetes.
No trabalho, realizado de forma randomizada, foram selecionadas 84 585 pessoas da Polônia, Noruega e Suíça, com idade entre 55 e 64 anos, sendo que 28 220 foram orientadas a fazer a colonoscopia e 56 365 não realizaram nenhuma forma de prevenção.
Os pesquisadores alegam que, no período médio de dez anos, registraram 259 casos da doença no grupo submetido ao exame, e 622 no outro grupo. Isso corresponderia a um risco desse tipo de tumor de 0,98% no primeiro grupo contra 1,20% no segundo.
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Em outras palavras, os resultados sugerem que, ainda que em uma coorte regionalizada (Polônia, Noruega e Suécia), a cada 455 colonoscopias, apenas um caso de câncer colorretal foi prevenido.
Ou seja, um cenário desanimador para as políticas de rastreamento vigente no Brasil e na maior parte do mundo. No entanto, a cuidadosa leitura desse artigo mostra baixos índices de aderência.
Veja: das mais de 28 mil pessoas alocadas no grupo orientado a fazer a colonoscopia, somente 42% realmente a realizaram.
Obviamente, o rastreamento só tem eficácia quando acompanhado de engajamento.
Além disso, a qualidade da colonoscopia também é algo fundamental para seu resultado. E o que se percebe é que boa parte dos colonoscopistas do estudo tiveram taxa de detecção de adenomas inferior aos 25% recomendados.
Os pacientes que se submeteram à colonoscopia apresentavam algum sintoma? Foi levada em consideração a experiência do médico que executou o exame?
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Essas são algumas das perguntas para as quais o estudo também não trouxe resposta, o que coloca em xeque a relevância da pesquisa do grupo NordICC Study e mantém a recomendação das entidades médicas brasileiras de se fortalecer as políticas de rastreamento como forma eficaz e segura de prevenir o câncer de intestino.
Março Azul
Convictos dessa missão de conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer de intestino, a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) realizam a Campanha Março Azul, que, neste ano, traz o tema Saúde é prevenção: cuide de você, evite o câncer de intestino.
A doença acomete milhares de brasileiros todos os anos – incluindo personalidades como as cantoras Simony e Preta Gil; o cartunista Paulo Caruso; e atletas como Pelé e Roberto Dinamite.
O câncer de intestino é o terceiro tipo de tumor mais incidente no Brasil (excluindo-se o de pele não melanoma), sendo o segundo mais comum no homem (atrás do câncer de próstata) e na mulher (atrás do de mama).
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, em 2023, serão registrados 45 630 novos casos de câncer de intestino no país.
Felizmente, esse é um dos tipos de tumor que podem ser prevenidos. Mas, para isso, é crucial adotar um estilo de saudável e se submeter a exames como a colonoscopia.
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Benefícios da prevenção
A primeira colonoscopia é recomendada, em geral, a partir dos 45 anos.
Em alguns casos, no entanto, a recomendação é de que a investigação comece antes disso, como quando há histórico de câncer de intestino na família.
Além disso, o tumor intestinal pode estar relacionado a fatores de risco como:
- Sobrepeso/obesidade
- Dieta rica em alimentos processados e carne vermelha
- Tabagismo
- Ingestão de bebidas alcoólicas em demasia
- Doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn
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Sintomas
Entre os principais sintomas do câncer de intestino estão:
- Alterações do hábito intestinal, com diarreia ou constipação persistente
- Sangue nas fezes
- Cólicas abdominais
- Dor ao evacuar e/ou sensação de evacuação incompleta
- Redução do apetite
- Perda de peso
- Anemia
Recomendações contra o câncer de intestino
Além de exames como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia, hábitos de vida saudáveis ajudam na prevenção da doença.
Entre eles podemos destacar:
- Exercitar-se regularmente
- Manter o peso sob controle
- Não fumar
- Não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas
- Ter uma alimentação rica em verduras, frutas, legumes e cereais integrais
- Beber cerca de 2 litros de água por dia
- Evitar o consumo excessivo de carne vermelha, alimentos ultraprocessados e embutidos, como salsicha, linguiça, peito de peru, salame e presunto
Atualmente, cerca de 85% dos casos de câncer de intestino são diagnosticados em fase avançada, aumentando os custos com tratamento e diminuindo as chances de cura.
Junte-se à campanha Março Azul na prevenção do câncer de intestino compartilhando as informações disponíveis nas redes sociais da Campanha Março Azul!
*Antônio Lacerda Filho é presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), Herberth Toledo é presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), Sergio Pessoa é presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) e Marcelo Averbach é coordenador da Campanha Março Azul
Quem deve fazer o exame de colonoscopia? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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