Houve um tempo em que pelo menos seis espécies humanas caminhavam pela Terra e interagiam entre si de diferentes formas, inclusive através do sexo. Um novo estudo, apresentado na conferência da American Association of Physical Anthropology, aponta que Homo sapiens e Homo denisova cruzaram entre si há pouquíssimo tempo – apenas 15 mil anos, um terço do que se imaginava.
Assim como os neandertais, o Homo denisova foi outra espécie do gênero Homo que compartilhava diversas características conosco. O primeiro indício de sua existência surgiu em 2010, quando cientistas descobriram um osso de dedo fossilizado em uma caverna na Sibéria. Após uma análise genética, foi descoberto que ele pertencia a nada mais nada menos que uma nova espécie humana: os denisovianos.
15 mil anos pode parecer um passado distante, mas até o momento só tínhamos evidências de procriação entre humanos e denisovianos há não menos que 50 mil anos. A descoberta foi feita a partir do sequenciamento do DNA de 161 habitantes da Indonésia e Papua Nova Guiné.
Com a nova descoberta, sabemos que nossos ancestrais cruzaram – e deixaram descendentes férteis – com pelo menos dois grupos denisovianos: um há 50 mil anos, e outro, como revelou a análise de DNA, bem mais recentemente. Indícios mostram que até 5% do DNA da população de Papua Nova Guiné pode ser proveniente dos hominídeos de Denisova.
Os novos dados também revelaram a diversidade genética dessa espécie. O segundo grupo de denisovianos possui material genético extremamente distinto do primeiro grupo, representado pelo osso fossilizado na Sibéria. Essa diferença é quase tão grande quanto os genomas de denisovianos e neandertais, mostrando que eles podem ter sido tão diversos geneticamente quanto os sapiens.
Não é surpresa que o Homo sapiens manteve relações sexuais com outras espécies. Em 2016, um estudo mostrou que nós também transavamos com neandertais, e inclusive temos DNA neandertal em nós. O código genético desse hominídeo corresponde a 1,8% a 2,6% do DNA de populações não africanas. Mas, como já falamos aqui na SUPER, só no ano passado foram descobertas evidências da procriação entre humanos e denisovianos.
Na mesma conferência, um pesquisador da Universidade de Toronto anunciou o descobrimento do primeiro fragmento de crânio denisoviano. Apesar de pequeno, o fragmento abre portas para ainda mais pesquisas futuras. Nada mal para uma espécie humana descoberta há apenas nove anos por meio de um dedinho.
Humanos cruzaram com denisovanos muito mais recentemente do que se imaginava Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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