quarta-feira, 3 de abril de 2019

Humanos cruzaram com denisovanos muito mais recentemente do que se imaginava

Houve um tempo em que pelo menos seis espécies humanas caminhavam pela Terra e interagiam entre si de diferentes formas, inclusive através do sexo. Um novo estudo, apresentado na conferência da American Association of Physical Anthropology, aponta que Homo sapiens e Homo denisova cruzaram entre si há pouquíssimo tempo – apenas 15 mil anos, um terço do que se imaginava.

Assim como os neandertais, o Homo denisova foi outra espécie do gênero Homo que compartilhava diversas características conosco. O primeiro indício de sua existência surgiu em 2010, quando cientistas descobriram um osso de dedo fossilizado em uma caverna na Sibéria. Após uma análise genética, foi descoberto que ele pertencia a nada mais nada menos que uma nova espécie humana: os denisovianos.

15 mil anos pode parecer um passado distante, mas até o momento só tínhamos evidências de procriação entre humanos e denisovianos há não menos que 50 mil anos. A descoberta foi feita a partir do sequenciamento do DNA de 161 habitantes da Indonésia e Papua Nova Guiné.

Com a nova descoberta, sabemos que nossos ancestrais cruzaram – e deixaram descendentes férteis – com pelo menos dois grupos denisovianos: um há 50 mil anos, e outro, como revelou a análise de DNA, bem mais recentemente. Indícios mostram que até 5% do DNA da população de Papua Nova Guiné pode ser proveniente dos hominídeos de Denisova.

Os novos dados também revelaram a diversidade genética dessa espécie. O segundo grupo de denisovianos possui material genético extremamente distinto do primeiro grupo, representado pelo osso fossilizado na Sibéria. Essa diferença é quase tão grande quanto os genomas de denisovianos e neandertais, mostrando que eles podem ter sido tão diversos geneticamente quanto os sapiens.

Não é surpresa que o Homo sapiens manteve relações sexuais com outras espécies. Em 2016, um estudo mostrou que nós também transavamos com neandertais, e inclusive temos DNA neandertal em nós. O código genético desse hominídeo corresponde a 1,8% a 2,6% do DNA de populações não africanas. Mas, como já falamos aqui na SUPER, só no ano passado foram descobertas evidências da procriação entre humanos e denisovianos.

Na mesma conferência, um pesquisador da Universidade de Toronto anunciou o descobrimento do primeiro fragmento de crânio denisoviano. Apesar de pequeno, o fragmento abre portas para ainda mais pesquisas futuras. Nada mal para uma espécie humana descoberta há apenas nove anos por meio de um dedinho.


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