segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Fósseis de dinossauro bico-de-pato são encontrados pela primeira vez na África

Há 66 milhões de anos, no período Cretáceo, dinossauros herbívoros de focinho achatado passeavam pela América do Norte. Estamos falando dos hadrossauros, seres semi-bípedes que podiam alcançar os 15 metros de comprimento e pesar mais de 3 toneladas. Graças à anatomia simpática de sua cabeça, estes animais também recebem o apelido de “dinossauro bico de pato”. 

É comum encontrar fósseis de hadrossauros na América do Norte, Europa e Ásia. Essa distribuição era resultado da geomorfologia da Terra no período em que os gigantes viveram: no Cretáceo, os três continentes se interligavam, e pontes terrestres possibilitavam a migração de dinos entre as diferentes regiões. A África, por outro lado, estava totalmente isolada, cercada apenas pelos oceanos. Encontrar registros de hadrossauros lá, por causa disso, parecia algo improvável.

Improvável, mas não impossível. Que o digam os paleontólogos da Universidade de Bath, no Reino Unido, que assinaram a descoberta que contraria as estatísticas. Em uma mina de fosfato no Marrocos, o paleontólogo Nicholas Longrich e sua equipe escavaram partes de mandíbula e dentes do que parecia ser uma espécie de lambeossauro, da subfamília Lambeosaurinae. As peças foram doadas ao Museu de História Natural de Marrakech, no Marrocos. O estudo que descreve a descoberta foi publicado na revista científica Cretaceuos Research no início de novembro. 

A ossada era bem menor do que o de outros hadrossauros já encontrados – e provavelmente pertencia a um dino de cerca de três metros de comprimento. Mas este não é o ponto mais interessante sobre ele. Como disse o próprio Longrich, em comunicado, o fóssil “estava completamente fora do lugar, como encontrar um canguru na Escócia”. 

De acordo com os pesquisadores, o dinossauro pode ter migrado de um continente para o outro nadando, flutuando ou simplesmente a usando árvores como jangadas, por exemplo. A primeira hipótese é a que parece mais plausível, já que os dinossauros bico de pato tinham caudas grandes, pernas fortes e têm seus fósseis geralmente encontrados em depósitos de rios e rochas marinhas. A espécie recebeu o nome de Ajnabia odysseus – “Ajnabi” significa “estrangeiro” em árabe, enquanto “Odysseus” se refere ao heroi Ulisses, da mitologia grega. 

Por muito tempo, acreditou-se que dinossauros eram unicamente terrestres. Apenas em maio deste ano um fóssil também encontrado em Marrocos provou a existência de dinos aquáticos. Você pode conferir a história completa sobre o Spinosaurus aegyptiacus, o primeiro de seu nome, nesta matéria da SUPER.

Longrich reforça que muitos animais terrestres que conhecemos são, na verdade, semiaquáticos, como os ursos polares e os alces. Os dinossauros, por serem um grupo diverso, poderiam entrar nessa categoria. “Faz sentido que alguns deles pelo menos estivessem brincando um pouco com isso”, diz o pesquisador. De toda forma, esta é a primeira pesquisa a sugerir que os dinossauros podem ter cumprido longas distâncias viajando pelos mares.

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