Há 66 milhões de anos, no período Cretáceo, dinossauros herbívoros de focinho achatado passeavam pela América do Norte. Estamos falando dos hadrossauros, seres semi-bípedes que podiam alcançar os 15 metros de comprimento e pesar mais de 3 toneladas. Graças à anatomia simpática de sua cabeça, estes animais também recebem o apelido de “dinossauro bico de pato”.
É comum encontrar fósseis de hadrossauros na América do Norte, Europa e Ásia. Essa distribuição era resultado da geomorfologia da Terra no período em que os gigantes viveram: no Cretáceo, os três continentes se interligavam, e pontes terrestres possibilitavam a migração de dinos entre as diferentes regiões. A África, por outro lado, estava totalmente isolada, cercada apenas pelos oceanos. Encontrar registros de hadrossauros lá, por causa disso, parecia algo improvável.
Improvável, mas não impossível. Que o digam os paleontólogos da Universidade de Bath, no Reino Unido, que assinaram a descoberta que contraria as estatísticas. Em uma mina de fosfato no Marrocos, o paleontólogo Nicholas Longrich e sua equipe escavaram partes de mandíbula e dentes do que parecia ser uma espécie de lambeossauro, da subfamília Lambeosaurinae. As peças foram doadas ao Museu de História Natural de Marrakech, no Marrocos. O estudo que descreve a descoberta foi publicado na revista científica Cretaceuos Research no início de novembro.
A ossada era bem menor do que o de outros hadrossauros já encontrados – e provavelmente pertencia a um dino de cerca de três metros de comprimento. Mas este não é o ponto mais interessante sobre ele. Como disse o próprio Longrich, em comunicado, o fóssil “estava completamente fora do lugar, como encontrar um canguru na Escócia”.
De acordo com os pesquisadores, o dinossauro pode ter migrado de um continente para o outro nadando, flutuando ou simplesmente a usando árvores como jangadas, por exemplo. A primeira hipótese é a que parece mais plausível, já que os dinossauros bico de pato tinham caudas grandes, pernas fortes e têm seus fósseis geralmente encontrados em depósitos de rios e rochas marinhas. A espécie recebeu o nome de Ajnabia odysseus – “Ajnabi” significa “estrangeiro” em árabe, enquanto “Odysseus” se refere ao heroi Ulisses, da mitologia grega.
Por muito tempo, acreditou-se que dinossauros eram unicamente terrestres. Apenas em maio deste ano um fóssil também encontrado em Marrocos provou a existência de dinos aquáticos. Você pode conferir a história completa sobre o Spinosaurus aegyptiacus, o primeiro de seu nome, nesta matéria da SUPER.
Longrich reforça que muitos animais terrestres que conhecemos são, na verdade, semiaquáticos, como os ursos polares e os alces. Os dinossauros, por serem um grupo diverso, poderiam entrar nessa categoria. “Faz sentido que alguns deles pelo menos estivessem brincando um pouco com isso”, diz o pesquisador. De toda forma, esta é a primeira pesquisa a sugerir que os dinossauros podem ter cumprido longas distâncias viajando pelos mares.
Fósseis de dinossauro bico-de-pato são encontrados pela primeira vez na África Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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