quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Livro da semana: “A Teoria Perfeita”, de Pedro G. Ferreira

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É estranho pensar que Einstein nem sempre teve um bigode tampouco seus icônicos cabelos brancos e desarrumados. Mas a verdade é que só Benjamin Button nasceu velho. 

Ele tinha apenas 26 anos, um bigode discreto e um cabelo razoavelmente bem comportado em 1905, quando publicou quatro artigos fundadores da física moderna – explicando o efeito fotoelétrico, o movimento browniano, a relatividade especial e a equivalência massa-energia (E = mc²). 

Trabalhava em um escritório de análise e aprovação de patentes em Berna, na Suíça. Era um emprego até interessante para um físico – afinal, Albert peneirava invenções, muitas das quais envolviam eletricidade, algo novo para a época. 

Do ponto de vista da carreira, porém, ficar num escritório das 8h às 17h não era muito sábio: Einstein estava desligado do mundo acadêmico e das rodinhas de conversa universitárias. Esse “castigo” no funcionarismo público era culpa de seu gênio difícil.

O jovem Einstein era um cara extremamente intuitivo, intolerante a regras e hierarquia. No Instituto Politécnico de Zurique, quando seu orientador não o autorizou a investigar o tema que queria no trabalho final da graduação, ele ficou frustrado e entregou um trabalho requentado. 

Ficou tão fraco que ele queimou o próprio filme e não conseguiu passar em nenhum cargo universitário depois. Einstein era um gênio, mas era também um iconoclasta. Não tinha paciência para venerar os luminares da física. Não pensava com matemática – e sim com imagens mentais (ele chegou a chamar a matemática de “erudição supérflua”). 

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Até que, por volta de 1907, Einstein começou a trabalhar na teoria da relatividade geral – sua teoria da gravitação, que suplantaria a de Newton. Para alicerçá-la em bases matemáticas sólidas, ele percebeu que precisaria se meter com a geometria não-euclidiana, que descreve superfícies curvas. É um troço diabolicamente difícil. 

Algo desanimador para o homem que havia confidenciado a seu amigo Otto Stern: “Quando eu começo a calcular, ca** nas calças sem perceber”. Albert pediu ajuda a seu oposto: Martin Grossman, um nerd asseado que foi seu colega de faculdade e havia prestado atenção em cada aula do curso. Juntos, eles domaram a fera, e a Relatividade Geral saiu do papel em 1915. 

Assim começa a história de A Teoria Perfeita (Cia. das Letras), um livro dentre muitos que falam de Einstein e Relatividade.

O que torna a obra de Pedro G. Ferreira única é que ela não é nem uma biografia de Einstein, nem uma explicação da Relatividade: ela é uma biografia da Relatividade. A história de uma ideia que abasteceu as mentes e escrivaninhas de gênios ao longo do século 20 – contada do ponto de vista da ideia. 

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