O animal mais antártico que existe não surgiu na Antártica. Os fósseis mais antigos de pinguins datam de 60 milhões de anos, e foram encontrados na Nova Zelândia. Naquela época, a ilha estava grudada no continente gelado – um resquício do supercontinente Pangeia. Ao longo dos milhões de anos seguintes, o pedaço de terra que forma a Nova Zelândia foi “subindo” no mapa, como consequência do movimento das placas tectônicas.
Por isso, não é surpresa encontrar fósseis de pinguins no país insular. A descoberta mais recente é a espécie Kairuku waewaeroa, descrita hoje (16) no periódico Journal of Vertebrate Paleontology. O fóssil foi encontrado em 2006 durante uma expedição escolar ao Kawhia Harbour, uma enseada na ilha do norte do país. As crianças escavaram restos fósseis do torso, pernas e asas do animal. Trata-se do fóssil mais completo de um pinguim gigante já descoberto.
As crianças esperavam encontrar fósseis de mariscos, o que era comum nessas expedições. A descoberta dos ossos fossilizados, portanto, foi uma surpresa. O fóssil do pinguim foi identificado em uma área de risco, onde poderia sofrer erosão do oceano. Um mês após a descoberta, a equipe voltou para escavar o fóssil.
O fóssil ficou sob os cuidados do Hamilton Junior Naturalist Club, um clube para jovens de 10 a 18 anos, que conduziu a expedição. Em 2017, ele foi doado para o Museu de Waikato, na cidade de Hamilton. Foi lá que os pesquisadores da Massey University entraram em contato com o espécime. A equipe fez um modelo 3D do fóssil e o comparou com ossos de outras espécies.
Kairuku é um gênero de pinguins gigantes. Segundo os pesquisadores, a nova espécie é semelhante a outras do gênero já descritas, mas a diferença é que o Kairuku waewaeroa possui pernas mais longas que o comum. O termo waewaeroa, inclusive, significa “pernas longas” na língua maori. Estima-se que o pinguim medisse 1,4 metros de altura em pé.
O fóssil data de 27,3 a 34,6 milhões de anos atrás. Nessa época, a Nova Zelândia já havia se separado da Antártica. Acredita-se que a extinção dos grandes répteis marinhos, junto com os dinossauros, abriu espaço para a evolução dos pinguins gigantes. Segundo o pesquisador Daniel Thomas, autor do estudo, as pernas longas podem ter permitido mergulhos mais profundos e maior agilidade na água.
“É surreal pensar que uma descoberta que fizemos quando crianças tantos anos atrás está contribuindo para a academia hoje”, diz Steffan Safey, um dos jovens que participou da escavação em 2006. “Certamente passar o dia cortando o arenito valeu a pena”.
Crianças encontram fóssil de nova espécie de pinguim gigante na Nova Zelândia Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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