Depois de dois anos de interrupção, teremos Carnaval no feriado de Tiradentes. Nos próximos dias, ocorrem os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo. Blocos também planejam sair às ruas, ainda que sem a organização das prefeituras.
Considerando que a pandemia não acabou, como deve ficar, então, a etiqueta sanitária de quem vai para as festas?
“Na resposta sobre ter Carnaval ou não existem muitas variáveis difíceis de controlar”, afirma o infectologista Jaime Rocha, professor da Escola de Medicina da PUCPR.
Em primeiro lugar, a festa é mais segura se as pessoas que participarem estiverem plenamente vacinadas contra a Covid-19 e sem sintomas respiratórios. Isso dentro de um contexto epidemiológico de baixa transmissão do vírus e poucas hospitalizações, que pode mudar a qualquer momento, na visão do especialista.
As organizações dos desfiles de Rio e São Paulo vão exigir o passaporte da vacina para entrar no sambódromo. A imunização no Brasil vai bem, e passou dos 80%, considerando as crianças com mais de 5 anos.
Mas quem já tomou as duas injeções há quatro meses ou mais precisa de reforço. Neste quesito, estamos deixando a desejar. Apenas metade da população adulta aderiu a essa dose. Mesmo que isso não seja uma exigência do evento, o ideal é ir com a terceira injeção no braço.
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“O principal problema são os imunossuprimidos, porque estudos vêm mostrando, cada vez mais, que nem com quatro doses de vacina eles estão totalmente protegidos”, afirma Cristina Bonorino, que é bióloga, imunologista e professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
“Entende-se que essas pessoas não vão ao Carnaval, mas quem vai pode ter pais, avós com mais de 80 anos ou pessoas com comorbidades em casa. Existe o risco de infectar esses familiares”, esclarece a bióloga.
Por que ainda precisamos nos proteger?
Estar vacinado é importante, mas não é suficiente para impedir totalmente a circulação do vírus, lembra Cristina.
“Não está claro o suficiente para as pessoas que a vacina não impede que a pessoa seja infectada. Ela vai ficar protegida contra casos graves, pois as doses inibem a multiplicação do vírus, mas ainda terá sintomas mais leves e há chances de transmitir”, afirma a biológa.
E não é só isso. “Há muitos relatos de Covid Longa, mesmo entre quem tem quadros brandos, com pessoas que ainda não recuperaram olfato e paladar, ou ficaram com sintomas respiratórios e outras queixas por meses”, afirma Cristina.
A falta de cuidado com si mesmo pode ter efeitos no outro, afirma Rocha.
“Infelizmente doenças de transmissão rápida têm consequências sociais. A pessoa que carrega o vírus pode nem saber que está contaminada, mas transmitir para o pai, o irmão, o vizinho… Esse raciocínio de não ter medo da Covid faz com que a doença continue circulando”, avalia o infectologista.
O surgimento de novas variantes é outra preocupação dos especialistas, e é o que pode fazer mudar o status epidemiológico. “Acabei de voltar da Inglaterra. Lá a BA.2 se expandiu e já representa 98% dos testes realizados”, afirma Cristina.
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Por enquanto, no Brasil, ainda prevalece a BA.1, e o número de casos está em queda há semanas. Todo o esforço pedido pelos especialistas aos foliões é para que o panorama siga o mesmo após as festas.
Outras doenças em evidência
A pandemia deve servir de aprendizado para nos proteger de outros males, reforçam os médicos e cientistas. Por isso, é importante entender qualquer sinal de gripe como aviso para ficar em casa ou usar máscara.
Aliás, a máscara é bem-vinda principalmente em festas que vão acontecer em ambientes fechados. Os modelos PFF2 ou cirúrgica são os mais seguros, e com muito suor e falação é aconselhável trocá-la quando perceber que ela está úmida ou suja.
“Temos outros vírus respiratórios circulando que podem provocar grandes estragos, como o vírus sincicial respiratório (VSR), que afeta crianças, e o influenza, que também provoca casos graves”, lembra Rocha.
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Além das doenças respiratórias, ainda estão por aí o HIV e a sífilis, lembra o infectologista. Ou seja, se a festa empolgar, use camisinha!
Dicas para um Carnaval seguro:
- Se estiver com sintomas respiratórios, o melhor é ficar em casa. Na dúvida sobre seu estado de saúde, use máscara
- Leve álcool gel e higienize as mãos o tempo todo
- No Carnaval de rua, o ideal é fugir de grandes aglomerações ou usar máscara se encher demais
- Não vá se não estiver, ao menos, com o primeiro esquema vacinal completo
- Use protetor solar
- Seja moderado na bebida, hidrate-se e coma bem durante esses dias
- Lembre-se das doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis e o HIV, e não deixe o preservativo de lado
No primeiro Carnaval pós-isolamento, ganha o bloco dos vacinados Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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