Com mais de 1 milhão de exemplares vendidos pelo mundo, como atesta a capa do livro, Kim Jiyoung, Nascida em 1982, da Intrínseca (clique aqui para ver e comprar*), é protagonizado por uma mulher que largou o emprego para se dedicar à filha pequena na Coreia do Sul.
Mas simboliza e representa uma multidão de outras mães que, nos quatro cantos do planeta, sofrem com as manifestações escancaradas ou camufladas do machismo.
Tudo começa com a Kim Jiyoung do título incorporando, para o espanto do marido, a voz e os trejeitos de sua mãe e de sua avó — como se estivesse possuída ou fora de si mesma — e a necessidade de buscar um tratamento para ela.
E aí somos apresentados, de modo reto e direto, a um resumo da sua biografia: da infância em que ela e a irmã eram preteridas dos luxos da casa em favor do irmão mais novo à vida adulta atormentada pela discriminação de gênero e o risco de assédio sexual no trabalho, passando por uma juventude acanhada pelo medo de perseguições na rua.
É o machismo em suas múltiplas faces, alimentado por uma sociedade em que o avanço tecnológico convive com um conservadorismo que rebaixa com frequência a mulher — mesmo que inconscientemente, como demonstra a relação da personagem com o esposo. Machismo que, de gota em gota, faz tanta gente perder o chão e ficar com a alma doente.
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Kim Jiyoung, Nascida em 1982
Autora: Cho Nam-Joo
Editora: Intrínseca
Páginas: 134
O meio também machuca
Romance aponta o dedo para questões que abalam o estado emocional da mulher
Lei do machismo: tolerância com piadas e desrespeito com as mulheres e salários mais baixos para elas são exemplos de uma cultura que não se restringe à Coreia do Sul.
Conflitos familiares: a obra aborda como o futuro do filho homem tem de ser sempre priorizado em detrimento das filhas mais velhas, a despeito de vontades e capacidades.
Assédio nas ruas: cantadas, gestos e perseguições a garotas pelas vias e transportes públicos demonstram que esse comportamento carece de punições efetivas.
Abuso no trabalho: mulheres penam com menos oportunidades de emprego, estão mais sujeitas a explorações e encaram preconceito inclusive por tirar licença-maternidade.
Falta de compreensão: mesmo em casa, o machismo implícito influencia as decisões — normalmente, são elas que precisam largar o trabalho com a chegada dos filhos.
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Quando a sociedade deixa as mulheres doentes Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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