Tanto as carnes como os vegetais deram suas contribuições para a formação da dieta e a adaptação da vida humana, ainda que sejam uma questão de debate entre os paleoantropólogos. Indiscutível, porém, é a marca de ambos na anatomia e na fisiologia do Homo sapiens: nossa espécie é constitucionalmente onívora.
Isso significa que, ainda mais no século 21, temos escolhas a fazer. Atualmente, temos feito más escolhas, com dietas pobres nutricionalmente e ricas em alimentos de origem vegetal e animal altamente processados. Eles são os principais vetores das doenças crônicas, da morte prematura e da degradação ambiental.
A principal razão por trás da destruição da Amazônia é a expansão da produção de carne bovina no país. O desmatamento para pastagens representa cerca de dois terços do território devastado, seguido por agricultura, queimadas e extração de madeira. É uma tendência que vem aumentando na Amazônia desde a década de 1970.
A evidência é forte, consistente e convincente: uma dieta predominantemente, ou mesmo exclusivamente, baseada em alimentos vegetais integrais ajuda a promover a saúde, tratar seletivamente e reverter doenças, além de conferir benefícios ao planeta.
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Os onívoros têm escolhas alimentares, mas as escolhas de quase 8 bilhões de Homo sapiens famintos em um pequeno planeta em perigo diminuíram. O futuro dos alimentos, para o bem das pessoas e do planeta, deve ser mais centrado nas plantas.
Esse é o motivo pelo qual ocorrerá pela primeira vez, entre os dias 18 e 24 de abril, a #NOBEEFWEEK, uma semana dedicada a transformar em movimento a luta por saúde e sustentabilidade. A iniciativa é liderada pela True Health Initiative, fundada por David Katz, professor da Universidade Yale, nos EUA, e uma das autoridades mundiais em prevenção.
Ao todo, 24 países estarão representados nesse movimento, que conta com lideranças em saúde e bem-estar, nutrição e medicina preventiva, várias universidades e centros médicos de prestígio. É uma honra e uma responsabilidade participar da frente brasileira desse projeto.
E todos são convidados a se engajar. É simples: basta deixar a carne bovina fora do prato e da sua lista de compras por uma semana, e tentar entender o que isso faz pela sua saúde e a da Terra. Melhor ainda se puder levar essa causa para pessoas próximas e ajudar a formar uma rede de consciência alimentar e ambiental.
Você não precisa ser vegetariano ou vegano para fazer parte nem vestir camisas partidárias. E pode se inscrever oficialmente no site do evento para que, juntos, façamos a diferença para um mundo mais saudável e sustentável.
* Fábio César dos Santos é médico e diretor da True Health Initiative
Semana sem carne: a conscientização começa pela comida Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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