terça-feira, 2 de abril de 2019

Destroços de satélite destruído pela Índia podem atingir Estação Espacial

Em 27 de março, as forças armadas da Índia testaram com sucesso um novo míssil, especializado em abater objetos na órbita da Terra. O alvo foi um satélite artificial da própria Índia, a aproximadamente 300 km de altitude. Ele foi atingido pelo projétil, explodiu e se fragmentou. O teste foi anunciado na TV pelo primeiro-ministro Narendra Modi.

Esse tipo de míssil, chamado ASAT, foi idealizado durante a Guerra Fria, quando satélites artificiais de uso militar se tornaram alvos relevantes – e se tornou prioridade de investimento a partir da década de 1980. Até então, só Estados Unidos, Rússia e China dominavam a tecnologia, o que torna o avanço indiano motivo de preocupação diplomática. Mísseis ASAT nunca foram utilizados em um conflito militar real.

Nesta segunda (1), Jim Bridenstine, administrador da Nasa, fez um comunicado à imprensa sobre as consequências do teste. A agência espacial americana está monitorando exatamente 60 pedaços do satélite indiano destruído – os mais graúdos, que têm potencial para causar danos caso colidam com satélites operacionais nas redondezas.

Destes, 24 subiram a altitudes iguais ou maiores à da Estação Espacial Internacional (ISS), onde há astronautas neste exato momento. O risco de colisão da ISS está 44% maior que a média, neste exato momento, e se manterá neste patamar por aproximadamente 10 dias – período necessário para que o grosso dos destroços caia e se desintegre na atmosfera terrestre.

“É algo terrível, realmente terrível gerar um evento que arremesse destroços a um apogeu acima da órbita da ISS”, afirmou Bridenstine. “Esse tipo de atividade não é compatível com o futuro da exploração espacial humana.” Mesmo uma caixa de leite é um obstáculo perigoso na velocidade da ISS – ela percorre 7,5 quilômetros por segundo. Velocidades altas amplificam muito o impacto de colisões.

No dia do teste, um comunicado do Ministério de Relações Exteriores da Índia garantiu que o teste foi feito de maneira a gerar o menor número possível de destroços: “Qualquer fragmento vai cair em direção à Terra em questão de semanas.” Era impossível garantir, porém, que nada acontecesse durante as tais semanas, enquanto os pedaços do satélite atingido ainda estivessem a uma altitude razoável.

A ISS está acostumada a navegar em um mar de lixo: no momento, a NASA rastreia 23 mil objetos maiores que 10 cm na órbita da Terra, 10 mil dos quais são lixo espacial. Destes, 3 mil foram gerados por um teste muito similar ao indiano, feito pela China em 2007.

 

 


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