sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Fóssil de pássaro antártico com 6,4 metros de envergadura é encontrado em museu

A maior ave voadora viva existente hoje é o albatroz-errante (Diomedea exulans). Alguns individuos alcançam 3,5 metros de envergadura. Esse campeão contemporâneo, porém, é pequeno em relação a um gigante pré-histórico que dominou os céus logo após a extinção dos dinossauros: um pássaro da família Pelagornithidae cujas asas, somadas, têm 6,4 metros. 

Em um artigo publicado no periódico especializado Scientific Reports na última segunda (26), paleontólogos da Universidade da Califórnia em Berkeley descrevem um fragmento de mandíbula fossilizado escavado na Antártica na década de 1980.

O osso de 40 milhões de anos, pertencente a um pássaro Pelagornithidae, passou as últimas quatro décadas em uma gaveta no museu de paleontologia da insituição americana. Junto dele, havia um segundo tesouro: um pedaço do pé de um ave similar, só que ainda mais antiga, com 50 milhões de anos.

Em julho de 2019, o repórter da SUPER Guilherme Eler foi ao museu de zoologia da USP, no Ipiranga, em São Paulo, contar como funciona a descoberta de fósseis em gavetas. Leia o relato aqui. É algo mais comum do que parece: nem sempre as instituições tem braço ou verba para analisar na hora o material coletado em campo. Muitos fósseis esperam na fila da classificação.

O responsável pela dobradinha de achados foi Paul Kloess, famoso entre seus colegas por fazer mais descobertas arrumando os arquivos do museu do que indo à campo. “Eu adoro explorar as coleções e encontrar tesouros”, afirmou Kloess em comunicado à imprensa. “Me chamam de rato de museu, e para mim isso é uma honra: amo fuçar por aí, encontrando coisas pelas quais as pessoas passam batido.”

Os pássaros Pelagornithidae são notáveis não só pelo tamanho, mas pelas protusões ósseas pontiagudas em suas mandíbulas – que eram revestidas de queratina e exerciam uma função similar à dos dentes nos seres humanos (ainda que não sejam considerados dentes verdadeiros, e sim pseudodentes).

As asas avantajadas e uma certa ginga com os ventos permitiam a esses gigantes passar mais de uma semana sobrevoando o Atlântico Sul para pescar. Eles raramente pousavam, e conseguiam planar a maior parte do tempo. Na época em que viveram, chamada de Eoceno, o litoral da Antártica tinha um clima mais ameno e alimento abundante.

Baleias ainda não existiam (pelo menos, não nas dimensões atuais). Mas marsupiais e parentes distantes dos tamanduás e preguiças contemporâneos eram comuns nos mares que rodeiam o continente gelado.

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