O que é psoríase
A psoríase é uma doença autoimune, inflamatória e não contagiosa da pele. O próprio sistema de defesa do corpo começa a atacar as células dermatológicas por algum motivo, causando lesões. Ela acomete todas as faixas etárias e os dois sexos, mas é mais comum em adultos jovens. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontam que afeta 2 milhões de pessoas no nosso país.
De acordo com o dermatologista Ricardo Romiti, coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da SBD, ainda não se conhece exatamente qual a sua causa. Sabe-se apenas que ela está relacionada a fatores genéticos e imunológicos de cada indivíduo.
“Além disso, alguns gatilhos desencadeiam ou agravam crises: estresse, infecções, banhos longos e muito quentes, uso de certas medicações e o tempo frio”, enumera Romiti.
Tipos de psoríase
Os sintomas de psoríase variam conforme o tipo da doença (e sua intensidade). Veja os principais:
Psoríase em placas ou vulgar:
Representa 90% dos casos. Acomete preferencialmente couro cabeludo, cotovelos, joelhos e dorso, e se manifesta através de lesões avermelhadas e elevadas, cobertas por escamas esbranquiçadas.
“Elas se desprendem com facilidade da pele, espalhando-se pelas roupas e objetos de contato diário, como pentes”, relata Romiti. As rachaduras vêm acompanhadas de dor e coceira.
Psoríase ungueal:
As lesões aparecem nas unhas das mãos e pés, levando-as a crescerem de forma desigual. As unhas chegam a ficar deformadas e mudam de cor.
Psoríase palmoplantar:
A palma das mãos e a sola dos pés são atingidos pelas placas.
Psoríase invertida:
As manchas vermelhas afetam áreas do corpo que suam mais (axilas, embaixo dos seios, virilha e dobra dos joelhos e cotovelos).
Psoríase artropática ou artrite psoriásica:
Às vezes, a inflamação se espalha por outras partes do corpo além da pele, chegando às articulações. Os sintomas são os mesmos da artrite comum (dor, inchaço e rigidez nas juntas). Esse quadro tende a demorar mais para aparecer.
Psoríase pustulosa:
São as mesmas lesões da versão vulgar, porém acompanhadas de bolhas com pus. Surgem no corpo todo ou só de forma localizada.
Psoríase gutata:
É caracterizada por manchas menores e mais finas que a vulgar, em formato de gota. São comuns em crianças e adultos jovens, aparecendo no tronco, nos membros e no couro cabeludo.
Psoríase eritrodérmica:
O corpo inteiro é acometido por manchas vermelhas que coçam e ardem intensamente. Por sorte, esse é o tipo mais raro.
Diagnóstico da psoríase
A confirmação do problema acontece, em geral no próprio consultório médico. Dermatologistas estão preparados para reconhecê-lo.
“Em alguns casos, também é necessário realizar uma biópsia da pele para afastar a possibilidade de outras doenças”, acrescenta Romiti. Se apresentar sintomas suspeitos, consulte um médico.
Psoríase tem cura? Conheça o tratamento
“Ainda não há cura, mas hoje é possível tratar de maneira muito satisfatória”, comemora Romiti. Segundo ele, o arsenal terapêutico disponível consegue controlar completamente ou quase completamente os sinais e sintomas da psoríase.
O tratamento escolhido depende do tipo da doença, de sua extensão e da gravidade. Há quem só manifeste uma ou outra mancha de vez em quando, enquanto outros pacientes ficam com boa parte do corpo recoberta pelas lesões.
“Usamos desde medicações tópicas, com pomadas e cremes de efeito anti-inflamatório, até terapias sistêmicas”, ensina o profissional da SBD. O que são terapias sistêmicas? Em resumo, remédios para psoríase são orais, fototerapia e medicamentos injetáveis — os biológicos ou imunobiológicos.
De uma forma ou de outra, eles tentam conter os ataques do sistema imune à pele e a outras estruturas afetadas.
Romiti conta que os fármacos injetáveis, mais modernos, representam medidas extremamente eficazes e seguras no manejo. Quatro deles inclusive já foram incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) para casos graves: o adalimumabe, o secuquinumabe, o ustequinumabe e o etanercepte.
Saiba como lidar com o prognóstico e as possíveis complicações
Infelizmente, a psoríase é carregada de estigmas e preconceito. Como já dissemos, a doença não é contagiosa, mas há quem tenha medo de se aproximar dos pacientes sem qualquer justificativa.
“Por causa das lesões aparentes, as pessoas sofrem discriminação e tendem a se isolar”, lamenta o Romiti. É comum que elas desenvolvam depressão e ansiedade. “Muitas precisam de um acompanhamento multidisciplinar para lidar da forma mais adequada com a doença”, aponta o médico. Psicólogos e psiquiatras muitas vezes são peça-chave nessa estratégia.
“Mas reforço que, atualmente, a psoríase é perfeitamente tratável. Isso devolve o bem-estar e a qualidade de vida”, completa Romiti.
Por outro lado, se não tratada corretamente, as lesões, dores e coceira pioram. “Casos graves podem demandar internação hospitalar pelo alto risco de complicações, como infecção e choque”, alerta o dermatologista. Por isso é tão importante buscar ajuda médica e não interromper a terapia.
Além disso, como dissemos no tópico sobre a artrite psoriásica, a inflamação é capaz de se espalhar pelo corpo, principalmente sem um tratamento adequado. Embora as articulações pareçam ser um alvo principal, a psoríase é capaz de afetar o sistema cardiovascular, o que aumenta risco de infarto e AVC.
Tratar, portanto, não protege apenas a pele.
Psoríase e coronavírus
Muitos dos tratamentos para psoríase buscam diminuir a atuação do sistema imune. E havia um receio de que isso favorecesse casos graves de Covid-19. No entanto, novos estudos sugerem que os remédios são seguros, embora seja sempre bom avaliar cada situação.
Abandonar a estratégia terapêutica sem conversar antes com um profissional pode trazer riscos para o corpo todo, como já mencionamos.
Há prevenção?
Infelizmente, não há formas conhecidas de evitar a doença. Mas tomando certos cuidados, é possível escapar da piora do quadro ou de crises intensas.
“As dicas incluem hábitos de vida saudáveis, uso de hidratantes e banhos de sol por período limitado”, lista Romiti. Ah, não cutuque ou arranque as escamas que se formam sobre a pele.
Psoríase: o que é, sintomas, causas, diagnóstico e tratamentos Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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