No dia 25 de outubro, recebemos a notícia de que o apresentador José Luiz Datena, de quem sou grande fã, sofreu um infarto agudo do miocárdio (ou ataque cardíaco). Mas o que é um infarto do miocárdio?
Trata-se da obstrução súbita de alguma artéria que irriga o músculo do coração, chamado de miocárdio. Normalmente, esse entupimento ocorre no local em que há uma placa de gordura. Um pequeno pedaço dessa placa rompe e forma um coágulo que impede o fluxo de sangue. Isso pode gerar arritmias, insuficiência cardíaca e até morte. Diga-se de passagem, o infarto do miocárdio é a principal causa de óbitos no mundo.
Mas o processo que leva a esse entupimento das artérias não acontece da noite para o dia. E um dos vilões muitas vezes nem é citado nas matérias: o diabetes! Datena e outros milhares de brasileiros convivem com essa enfermidade, que causa estragos sérios em silêncio.
O diabetes é um dos vários fatores de risco para doenças cardiovasculares, ao lado de hipertensão, colesterol e triglicérides elevados, tabagismo, sedentarismo etc. Sabe qual o ponto em comum de todas essas doenças? Elas muitas vezes são subnotificadas nas estatísticas e também nas manchetes.
O diabetes não é, usualmente, uma causa direta de mortes. Mas é, sim, um enorme contribuinte para isso. O risco de um paciente com essa doença desenvolver um problema cardiovascular é duas a quatro vezes maior do que aqueles sem ela. Cerca de 2/3 dos óbitos em pessoas com diabetes são de origem cardiovascular.
E o pior: uma pesquisa realizada em 2019 pelo setor de Inteligência da Abril 2019 — da qual participei como curador — observou que 46% dos brasileiros sem diabetes desconhecem a relação entre essa doença e o infarto. O número cai para 25% entre quem recebeu o diagnóstico de diabetes.
Não bastasse tudo isso, durante a pandemia de Covid-19 as mortes por doença cardiovasculares tiveram um pico no Brasil! O receio de ir ao hospital e dificuldades no atendimento estão entre as razões para isso.
A notícia boa é que, durante os exames de rotina, conseguimos detectar problemas cardíacos antes de eles manifestarem algum sinal clínico. Temos medicamentos para diabetes que previnem doenças cardiovasculares e tratam problemas já instalados no coração — além de reduzir o valor da glicose no sangue, claro. Os avanços da medicina, aliados a um estilo de vida saudável e ao controle de outros fatores de risco, têm um enorme potencial no controle do infarto. Mesmo a vacinação da gripe se mostrou benéfica para reduzir novos casos de infarto em estudo realizado na Dinamarca.
Assim, mantenha um acompanhamento médico regular, ainda que por teleconsulta, e realize seus exames de rotina. O coração agradece!
O que está por trás do infarto de José Luiz Datena e como evitar? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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