sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Projeto quer recriar odores da Europa do passado

Quem vivia na Europa séculos atrás convivia com cheiros pouco agradáveis – como o de canais poluídos e espaços compartilhados por humanos e animais. Mas nem tudo era de torcer o nariz: fragrâncias usadas para vencer o mau odor ou mesmo pós perfumados para perucas tentavam corrigir o problema. O pesquisador Inger Leemans, da Academia Holandesa de Artes e Ciências, que coordena o projeto Odeuropa, pretende recriar aromas característicos do continente entre os séculos 16 e 20. Junto de sua equipe, ele explicou à Super como planeja fazer isso.

Como os cheiros serão recuperados? Com a ajuda de inteligência artificial. Vamos ensinar um software a detectar, em documentos antigos, pinturas e imagens, termos e expressões que descrevam os cheiros. Depois, vamos extrair as emoções, eventos, lugares e rituais que são associados aos odores. Queremos combinar as informações obtidas pela IA com bancos de dados sobre química para criar uma biblioteca em que as descrições dos cheiros fiquem armazenadas em formato digital. Além disso, vamos desenvolver ferramentas baseadas em IA que ajudarão os usuários a pesquisar e comparar diferentes cheiros. 

Como garantir que o cheiro recriado é o mesmo do passado? Por vezes, objetos retêm os cheiros do passado, como frascos de perfume e caixas de tabaco. Esses odores podem ser extraídos e analisados ​​a partir de técnicas químicas apropriadas. Podemos desconstruir um cheiro e descrever seus compostos aromáticos, reconstruindo-o fielmente depois para apresentá-lo em museus. Isso já foi feito algumas vezes com cheiro de livros antigos ou de mofo em edifícios históricos. Mas, quando essa reconstrução não é possível, podemos interpretar um cheiro e sintetizar um aroma que evoque emoções semelhantes ao original.


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