Antes de começar essa resposta, vale a lembrança óbvio de que, quando os primeiros europeus chegaram no Brasil, em 1500, já existiam povos indígenas em nosso território e, claro, muitas mulheres.
Mas a primeira mulher europeia (da qual se tem registro) a desembarcar no Brasil provavelmente foi Brites de Albuquerque, uma nobre portuguesa que veio para acompanhar seu marido, o primeiro capitão-donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho.
Brites de Albuquerque desembarcou em território pernambucano no dia 9 de março de 1535. Durante 18 anos, sua presença por aqui não teve grande significado, mas a portuguesa conquistou seu espaço por volta de 1553, quando Duarte Coelho retornou ao seu país de origem com seus filhos. Brites ficou, assumindo interinamente o governo da capitania, monitorada apenas por seu irmão, Jerônimo de Albuquerque.
Duarte Coelho faleceu no ano seguinte e Brites de Albuquerque assumiu de vez o cargo. Isso deu à moça o título de primeira governante mulher das Américas. Foi nessa época também que a maior parte das mulheres europeias começaram a chegar ao Brasil.
Mulheres europeias não eram bem vindas nos navios de expedição, então os colonos solteiros não tinham outras opções se não se relacionarem com as indígenas que viviam aqui. O padre jesuíta Manuel de Nóbrega, que chegou no Brasil em 1549 como mestre da primeira missão jesuíta às Américas, não gostou do cenário e decidiu mudar isso. A relação entre europeus e indígenas incomodava, já que interferia nos moldes católicos de formação familiar e dificultava a disseminação dos valores religiosos na região.
Então, Nóbrega escreveu cartas aos governantes portugueses solicitando o envio de mulheres para se casarem com os colonos e, em 1551, o pedido foi atendido. Na data, um navio português chegou no litoral brasileiro com algumas mulheres órfãs entre os tripulantes.
Lá estavam três irmãs: Mécia Lobo de Mendonça, Joana Barbosa Lobo e Marta de Sousa Lobo, filhas do general lusitano Baltasar Lobo de Souza, que faleceu durante as batalhas de conquista das Índias. Não há muitas informações disponíveis sobre elas, apenas seus casamentos. Mécia se casou e teve duas filhas com Jerônimo Moniz Barreto; Joana, junto de Rodrigo de Argolo, fundou uma família de colonizadores de longa tradição na Bahia; Marta, por sua vez, se transferiu para Ilhéus com o esposo, João Gonçalves Dormundo, com quem teve três filhos. Os descendentes mudaram a grafia do nome do pai para Drummond.
Depois disso, outras mulheres também foram enviadas ao Brasil. Eram garotas pobres, que tinham perdido o pai ou a mãe e viviam em casas de recolhimento de Portugal, onde eram preparadas para se casar. Por não terem família ou marido para sustentá-las, eram vistas como um problema para a sociedade. Prostitutas, ciganas, entre outros grupos de mulheres tidas como indesejadas por Portugal também eram enviadas para cá.
Pergunta de @onde_tathy, via Instagram
Fonte: Veronica Fernandes, historiadora pela USP.
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