quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Sonda chinesa Chang’e-5 retorna à Terra com amostras do solo lunar

Pela primeira vez em mais de quatro décadas, a humanidade trouxe amostras do solo da Lua para a Terra. A sonda Chang’e-5, do programa espacial da China, pousou com sucesso nesta quinta-feira (17) na região da Mongólia Interior, trazendo consigo uma valiosa carga para a ciência mundial.

A missão não-tripulada foi lançada em 23 de novembro e pousou em solo lunar no dia 1 de dezembro. Lá, coletou quase dois quilos de rochas e sedimentos. A última vez que uma empreitada do tipo aconteceu foi na missão Luna 24 da União Soviética, em 1976, que recolheu cerca de 170 gramas de material. Além da URSS e, agora, da China, os Estados Unidos também já lideraram missões similares no passado.

A nave pousou sem grandes problemas na região autônoma da Mongólia Interior, no norte da China; no local de pouso, uma bandeira de lá foi colocada para fotografias. Agora, especialistas terão o trabalho de transportar o recipiente das amostras para Pequim. Elas serão distribuídas para diferentes laboratórios – possivelmente, para outros países. Uma parte delas também será exibida ao público para “aumentar a consciência científica entre a população, especialmente nas gerações mais jovens”, segundo a Administração Espacial Nacional da China.

O sucesso da missão – a primeira do tipo já lançada pela China – foi amplamente comemorado pelas autoridades locais porque demonstra que o país desponta como um dos principais atores na exploração espacial, cenário que, até agora, era dominado pelos EUA e, em menor escala, pela Rússia e pela União Europeia. Os chineses, inclusive, têm planos ousados, como o de enviar astronautas para a Lua em meados de 2030.

A Chang’e-5 é só mais uma missão do amplo Programa Chinês de Exploração Lunar. O nome “Chang’e” é uma referência à deusa da Lua na mitologia tradicional chinesa. As missões Chang’e-1 e 2 colocaram naves na órbita da Lua para coletar dados. Já as Chang’e-3 e 4 (ainda ativas) pousaram veículos espaciais no satélite para explorá-lo de perto, incluindo seu lado “escuro”. Em 2014, o país já havia lançado a Chang’e-5 T1, um teste que provou que coletar amostras da Lua e retorná-las à Terra seria possível, e que culminou na missão atual.

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Por que estudar o solo da Lua?

Amostras de solo lunar são valiosas para a ciência. Com elas, é possível estudar a história de nosso satélite, ter mais detalhes sobre sua composição e a evolução do nosso Sistema Solar.

A missão chinesa tem ainda um bônus quanto a isso: a sonda pousou em uma região montanhosa da Lua conhecida como Mons Rümker, que acredita-se ter sido formada há “apenas” cerca de 1,2 bilhões de anos – ou seja, são rochas novas, para os padrões astronômicos. As missões Apollo, nas décadas de 1960 e 1970, nos EUA, trouxeram mais de 380 quilos de material lunar para a Terra. Todos eles, contudo, eram antigos, com mais de 3 bilhões de anos.

“As amostras Chang’e-5 preencherão uma lacuna temporal importante”, comentou em um comunicado Bradley Jolliff, professor de astronomia da Universidade Washington em St. Louis. “Elas são um verdadeiro tesouro.”

Dos dois quilos coletados pela sonda, 1,5 kg foi retirado diretamente da superfície imediata, enquanto 500 g vieram de metros abaixo dela – o robô era capaz de cavar. Ele também colocou a primeira bandeira da China no satélite.

Missões do tipo são consideradas complexas, ainda mais para a quantidade de amostras recolhidas. Os EUA já trouxeram centenas de quilos de material para a Terra, mas essas rochas foram coletadas diretamente por astronautas que pisaram na Lua, e não por robôs controlados à distância. Isso eleva a China nos padrões internacionais de exploração espacial e a coloca como grande concorrente dos americanos, que pretendem enviar astronautas de volta à Lua em 2024.

Vale lembrar que é a segunda vez em duas semanas que a humanidade assiste a pousos de sondas trazendo material extraterrestre em seu interior; em 7 de dezembro, a sonda japonesa Hayabusa 2 voltou à Terra carregando consigo amostras retiradas do asteroide Ryugu.

 

 

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