sábado, 12 de dezembro de 2020

Denise Fungaro extrai sílica, componente do vidro, das cinzas da queima de cana

O Brasil é o país que mais produz cana-de-açúcar no mundo. O açúcar vira majoritariamente etanol, e o bagaço é queimado em termelétricas para produzir energia elétrica. O problema são as cinzas que sobram após a combustão.

É aí que Denise Fungaro atua. A química é pesquisadora do Centro de Química e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Ela desenvolveu um método para transformar as cinzas da cana-de-açúcar em dióxido de silício, mais conhecido como sílica.

A pesquisadora faz a caracterização do resíduo e propõe tratamentos – físicos, químicos ou biológicos – para transformar aqueles restos carbonizados nessa matéria-prima importante: a sílica é o principal componente da areia (e, por tabela, do vidro).

O vidro comum de lâmpadas e janelas é feito misturando-se a sílica com cal e carbonato de cálcio. A adição de óxido de boro torna o vidro resistente a choques térmicos e altas temperaturas, é graças a essa mistura que existe o célebre pirex, que pode ir ao forno.

 

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As cinzas do bagaço apresentam pelo menos 60% de dióxido de silício em massa. A química avaliou diferentes condições experimentais que deveriam ser aplicadas para otimizar o processo e extrair a sílica com pelo menos 90% de pureza. 

Denise recebeu um prêmio da Associação Brasileira da Indústria Química (Abquim) pela pesquisa sobre o aproveitamento das cinzas provenientes da queima do bagaço da cana. Mas sua linha de pesquisa pode englobar qualquer tipo de resíduo. 

Em outro projeto de pesquisa, as cinzas geradas na combustão do carvão foram aproveitadas para produzir zeólita. A zeólita é um material adsorvente que pode ser usado para remover poluentes da água ou até o CO2 do ar. Trata-se de uma alternativa sustentável para a própria usina termelétrica que gera as cinzas.

Seu terceiro campo de estudo é o aproveitamento dos resíduos das empresas terciárias de reciclagem de latinhas de refrigerante e cerveja. O alumínio também precisa ser utilizado para a produção da zeólita. Em vez de incorporar um material adquirido comercialmente, é possível reutilizar o que a indústria já rejeita.

Denise Fungaro ainda faz parte do grupo de estudos em saúde planetária do Instituto de Estudos Avançados da USP. A equipe é composta por uma série de pesquisadores brasileiros que trabalham em temas voltados à sustentabilidade. No âmbito social, a pesquisadora faz parte de grupos que debatem a questão das mulheres negras na ciência.

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