domingo, 20 de dezembro de 2020

Exposição excessiva ao sol está ligada a câncer no olho?

Quando se pensa nos danos causados pelos raios ultravioletas do sol, o que imediatamente vem à mente são o envelhecimento precoce e o câncer de pele. E já está bem documentado que a radiação solar excessiva, sem proteção, contribui com o aparecimento desse tumor, em especial o melanoma, menos incidente, porém de maior gravidade.

O que muita gente não sabe é que o melanoma pode ocorrer em outras partes do corpo além da pele. Como no olho. A doença tem origem em alterações nos melanócitos — células produtoras de melanina, o pigmento responsável pela coloração da pele e dos olhos —, mas o comportamento do câncer de pele é diferente do que ocorre no globo ocular.

O melanoma ocular ou uveal é o tumor maligno do olho mais comum nos adultos e corresponde a 5% de todos os melanomas. Ainda não se sabe qual é a sua causa, mas alguns fatores de risco já foram identificados. São eles:

● Idade: a propensão aumenta com o envelhecimento;

● Gênero: é discretamente mais prevalente em homens;

● Raça e cor dos olhos: pessoas com pele clara, cabelos claros e olhos claros são mais suscetíveis;

● Doenças hereditárias: quem tem a síndrome do nevo displásico, marcada por múltiplas pintas pelo corpo, encara maior risco de melanoma tanto na pele como no olho

● Pintas: diferentes tipos de sinais no olho ou na pele também têm sido associados a um maior risco do tumor.

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Em geral, aconselhamos uso de chapéus e óculos de sol para nos proteger dos raios ultravioleta e nos resguardar do câncer de pele, que pode inclusive aparecer ao redor dos olhos. Embora não esteja comprovada a relação entre a exposição a essa radiação e o melanoma ocular, alguns especialistas acreditam que o uso dos óculos escuros reduzem o risco da doença ali.

No entanto, a radiação ultravioleta parece predispor ao melanoma de conjuntiva, a membrana transparente que recobre a parte branca do olho, e na pálpebra. Assim, o uso dos óculos de sol e de bonés e chapéus de abas largas pode ajudar na prevenção desses e de outros danos à região.

Os sinais do problema e o tratamento

Os sintomas do melanoma ocular dependem da localização e do tamanho da lesão dentro do olho. A doença pode ser assintomática, ou seja, o indivíduo não sente nada de errado e o tumor só é percebido numa consulta de rotina com o oftalmologista. Em outros casos, o melanoma pode provocar dificuldades visuais. Tudo isso reforça a necessidade de um check-up oftalmológico de tempos em tempos.

Feito o diagnóstico, a decisão do tratamento depende de diversos fatores — entre eles, dimensão e local do tumor, idade e estado de saúde do paciente. No passado, a remoção do globo ocular era a única opção, mas a terapia felizmente evoluiu muito ao longo dos anos.

Hoje é possível lançar mão de soluções efetivas e menos drásticas. Em tumores pequenos, por exemplo, uma saída é a braquiterapia, técnica de radioterapia direcionada à área da lesão. A decisão do tratamento é individualizada e vai depender das características da doença e do paciente.

O que faz toda a diferença para o sucesso do tratamento e a eleição de terapias menos radicais é o diagnóstico precoce. Quando detectado tardiamente, o melanoma ocular pode se espalhar para outros órgãos — e, apesar da distância, o fígado é o mais acometido. Aí o tratamento pode incluir cirurgias, quimioterapia, imunoterapia etc.

Considerando esses pontos, é fundamental estar atento aos sinais do corpo e se consultar com o oftalmologista uma vez ao ano. O diagnóstico precoce é sinônimo de mais chances de cura.

* Sheila Ferreira é oncologista do Centro Paulista de Oncologia – Grupo Oncoclínicas

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