sexta-feira, 25 de junho de 2021

Com condições favoráveis, borboletas cruzam o Saara e chegam à Europa

A migração é uma movimentação que faz parte do ciclo de vida de várias espécies animais, que se deslocam em determinada época do ano para encontrar alimentos ou ambientes de temperatura mais amena, entre outros motivos. Um exemplo é a borboleta Vanessa cardui, que realiza a maior migração de insetos já conhecida em anos em que as condições climáticas são favoráveis, como descobriram os cientistas.

Essa espécie realiza uma migração entre África e Europa, e, em cada viagem, a quantidade de migrantes pode variar bastante, em mais de 100 vezes a cada ano. Os cientistas desconfiavam que essa variação se deve a condições climáticas nas regiões de reprodução no inverno, mas faltavam evidências.

Então, em um estudo recente, uma equipe internacional de pesquisadores investigou a questão. Estudando a migração da borboleta Vanessa cardui – também conhecida como bela-dama e vanessa-dos-cardos –, os cientistas identificaram os fatores ambientais de sua dinâmica populacional anual. 

Os pesquisadores combinaram informações de monitoramento de longo prazo com dados atmosféricos e climáticos da faixa migratória da borboleta. Assim, eles descobriram que os fatores mais importantes que favorecem o fenômeno são o aumento da vegetação na savana africana durante o inverno e no norte da África na primavera, combinados com ventos favoráveis ao voo das borboletas em direção à Europa.

Isso porque a Vanessa cardui vive na África Subsaariana e se reproduz no inverno. As lagartas da espécie se alimentam das folhas de plantas que crescem em condições úmidas dessa época na região. 

Com uma grande população, elas começam a migração, cruzando o deserto do Saara durante a primavera local. A estação também promove um cenário mais verde ao norte da África, o que favorece as borboletas.

Os cientistas perceberam que elas provavelmente voam sem parar durante o dia e descansam durante a noite, fazendo algumas paradas para se alimentar com néctar.

Elas só conseguem completar sua viagem ao longo de gerações em direção a Europa por conta de ventos favoráveis. Elas voam em uma altura de 1 a 3 km acima do nível do mar para aproveitar esse empurrãozinho, cruzando o Mar Mediterrâneo, depois de cruzar o Saara, chegando ao continente europeu.

Segundo os cientistas, as descobertas aumentam a compreensão de como os insetos (polinizadores, pragas de colheitas ou vetores de doenças) podem se espalhar pelas regiões conforme as condições sazonais – e conforme estas são alteradas pelas mudanças climáticas –, o que ajuda a melhorar previsões de migração.


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