segunda-feira, 21 de junho de 2021

Covid-19: EUA investirá US$ 3,2 bilhões no desenvolvimento de antivirais

Na última quinta (17), o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) americano anunciou o Programa Antiviral para Pandemias, cujo objetivo é desenvolver medicamentos em forma de pílulas ou comprimidos que possam ser oferecidos aos pacientes nos primeiros estágios da covid-19. O governo Biden, que está investindo US$ 3,2 bilhões na iniciativa, espera ter drogas antivirais de via oral disponíveis até o final deste ano. 

Há uma série de doenças causadas por vírus que já podem ser tratadas desta forma – ainda que antivirais sejam, em geral, mais caros e ineficazes que os antibióticos.  

A hepatite C, por exemplo, é suscetível a um medicamento chamado Sofosbuvir – lançado em 2013 e eleito pela Forbes o fármaco mais importante daquele ano.

Mesmo casos graves de gripe podem ser tratados com o auxílio do Oseltamivir (conhecido pela marca Tamiflu), que encurta o tempo de recuperação e reduz as chances de hospitalização. Vale deixar claro que já existe vacina da gripe, e que o uso do antiviral não exclui a necessidade da vacinação. O ideal mesmo, afinal, é não pegar a doença.

Para combater a covid-19, pesquisadores do mundo todo testaram medicamentos que já existiam, mas os resultados até agora não foram satisfatórios. Acontece às vezes, na indústria farmacêutica, de um produto desenvolvido para um problema acabar, sem querer, sendo eficaz contra outro problema. Mas esse definitivamente não é o caso de drogas como a cloroquina e a ivermectina, cuja ineficácia contra o coronavírus já está comprovada

Muitas outras drogas que já existem são boas candidatas a combater o Sars-CoV-2. Para saber se ajudam mesmo ou se são só outra falsa promessa, como aconteceu com a cloroquina, é preciso submetê-las a testes clínicos. Esse é um dos objetivos do novo programa americano. 

 

 

Uma das pílulas antivirais que deverá ser testada no programa é o Molnupiravir, composto desenvolvido em 2019 por pesquisadores da Universidade Emory, nos EUA. Durante testes, camundongos infectados com o vírus tiveram resposta positiva ao remédio, o que fez com que a farmacêutica alemã Merck trouxesse o medicamento para os ensaios clínicos em humanos hospitalizados.

Nesses casos, o medicamento não se saiu tão bem, o que fez com que os testes fossem cancelados por um tempo. Agora, os cientistas estão testando novamente o molnupiravir em pacientes no início da infecção, tendo como foco voluntários idosos com obesidade e diabetes. Os novos resultados devem ser divulgados até outubro.

O ideal é ter um medicamento capaz de dificultar a replicação do vírus no início da infecção. Isso evitaria que o sistema imunológico causasse uma inflamação exagerada no organismo, lesionando órgãos e piorando o estado do paciente. Para isso, o paciente deve ter acesso fácil aos comprimidos em farmácias, podendo obtê-los apenas com a receita médica, sem necessidade de hospitalização. 

Outro medicamento que será considerado no projeto é o AT-527, desenvolvido pela Atea Pharmaceuticals. O composto, que já se mostrou seguro e eficaz no tratamento de hepatite C, parece funcionar também contra a covid-19. Um ensaio clínico de fase 3 já está em andamento.

A Pfizer, que já possui uma vacina aprovada contra a covid-19, também está na lista de farmacêuticas com pílulas em desenvolvimento. Eles estão testando o medicamento PF-07321332, pensado originalmente como um possível remédio contra a síndrome respiratória aguda grave (SARS), no início dos anos 2000. Agora, os cientistas adaptaram o composto para que ele atue contra o novo coronavírus e, em março deste ano, iniciaram um teste clínico para testar se o remédio é seguro para humanos.

O projeto deve ir além dos comprimidos para covid-19. Após encontrar remédios em potencial que combatam o Sars-CoV-2, os centros de pesquisa deverão focar no desenvolvimento de medicamentos para outros vírus com potencial pandêmico. O plano dos EUA é estar preparado para futuras ameaças virais.


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