Quando pensamos em dieta, imaginamos algo que faremos por algum tempo, até alcançarmos nosso objetivo, para depois voltarmos à nossa alimentação habitual. Esquecemos que retomar o padrão anterior é como colocar um caminhão na descida em banguela. Ou seja, retornaremos o mais rápido possível ao ponto onde começamos a dieta – ou, pior, passaremos dele.
O fato é que costumamos comer sempre as mesmas coisas. Quer ver só? Vamos fazer um exercício. Quando você pede uma pizza, o sabor escolhido é sempre diferente ou, invariavelmente, o mesmo? Imagino a resposta…
Esse hábito de repetir os alimentos ingeridos está associado ao prazer, ao sabor, às memórias afetivas ligadas a esse gosto e ao medo de experimentar algo que não traga a mesma satisfação.
Mas olhamos apenas um lado da história. Acompanhe comigo: ao provarmos um prato pela primeira vez, teremos uma experiência inédita. E há a possibilidade de ela ser até ser melhor que as anteriores! As pessoas presentes naquela refeição podem ampliar as perspectivas, o sabor da pizza nova talvez inspire algo inesperadamente bom e, ao final, muitas vezes a conclusão é: por que eu não experimentei isso antes?
O problema de não variar a alimentação
O medo de arriscar à mesa limita o nosso acervo de paladar, refletindo inclusive no envelhecimento. Deixar as escolhas se tornarem obtusas fará esse acervo também permanecer obtuso. Assim, quando quisermos mudar o padrão alimentar para emagrecer, por exemplo, sentiremos medo do desconhecido e aquela ansiedade de voltar logo ao modelo anterior, encarado como seguro.
Agora, se arriscamos alimentos, paladares, aromas e sabores ao longo da vida, uma eventual modificação de hábitos se torna fácil, simples e prazerosa.
Ao combinarmos os seis sabores básicos, temos como resultado mais de dez mil sabores. Olhar para a alimentação como algo em constante transformação, desafiando o nosso paladar, desconstrói o conceito de que o prazer só vem daquilo que estamos acostumados – prazer passa a significar se aventurar no desconhecido.
Assim, o “fim das dietas” é uma proposta de desafio constante. É optar por novos alimentos que nos movem para variados sabores. Afinal, o que emagrece não é retirar esse ou aquele nutriente da rotina, mas, sim, saciar o organismo com experiências inéditas e inesquecíveis.
A coluna deste mês é dedicada ao amigo e excelente jornalista Theo Ruprecht, com quem tive o prazer de dividir a obra O Fim das Dietas e que, durante anos, esteve comigo nesse espaço e em diversas reportagens. Obrigado, amigo Theo, pelos ensinamentos! Estarei sempre pronto para aplaudir seu sucesso em qualquer teatro.
Por que defender o “fim das dietas”? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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