sábado, 31 de julho de 2021

Ferida que não cicatriza é um perigo, mas tem tratamento

Todo ferimento agudo ou crônico, relacionado a condições como úlcera venosa, pé diabético ou lesão por pressão, requer atenção médica. Quando essas feridas não são tratadas de forma adequada, podem evoluir para situações mais complexas e causar danos irreversíveis, como uma amputação.

A verdade é que tratar o problema vai além da cicatrização. É preciso realizar uma investigação apurada da causa e das comorbidades associadas que contribuem para a piora ou o surgimento de novas lesões.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que lesões desse tipo são a quinta principal causa de morte no mundo. Apesar disso, a condição ainda é subnotificada. Estudos mostram que, anualmente, 29% das pessoas que estão em tratamento, especialmente domiciliar, necessitam de cuidados específicos para que uma ferida não se agrave ou não apareça.

Já um levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revela que, dos mais de 134 mil incidentes notificados, 17% corresponderam a lesões por pressão no período de 2014 a 2017.

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O que acontece é que muitos pacientes desconhecem tratamentos especializados e, por isso, se conformam em conviver com o problema e a não buscar ajuda. No entanto, é possível fazer com que um paciente que enfrenta a condição por décadas consiga cicatrizar uma ferida em poucos meses.

O tratamento eficiente de uma ferida depende de um protocolo de atenção personalizado, que envolve a avaliação correta de necessidades do paciente, o controle das comorbidades, a otimização da nutrição e a aplicação de coberturas que oferecem resultados superiores, como os curativos de alta tecnologia, procedimentos de limpeza e desbridamento da ferida.

É um trabalho em conjunto que permite o melhor desfecho para o paciente. E é nesse contexto que chegam ao país metodologias capazes de curar esses pacientes, como um serviço especializado em tratar feridas dentro de um novo modelo assistencial. Já realizado em toda a América Latina, ele prevê um tratamento abreviado por meio de uma avaliação integral e um protocolo de cuidados individualizado e efetivo.

Na prática, além de representar uma evidente melhora em qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares, a nova forma de tratar permite a reinserção desse indivíduo na sociedade. Está na hora de curar as feridas para seguir novos caminhos, só que, dessa vez, sem complicações nem dores.

* Thiago Villari é cirurgião vascular e médico responsável técnico da Clínica ConvaCare


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sexta-feira, 30 de julho de 2021

O que a neve no sul do Brasil tem a ver com o aquecimento global?

Na última semana, uma massa de ar frio atingiu a região Sul do Brasil – e avançou de modo que algumas quedas bruscas de temperatura foram previstas também para regiões do Norte e Nordeste do país. O frio intenso trouxe neve para diversas cidades do sul brasileiro – em Santa Catarina, por exemplo, nevou em mais de dez cidades na última quarta-feira (28). 

Eventos de frio fora do comum costumam levantar uma questão entre os desavisados: “Se estamos passando pelo aquecimento global, por que o frio?”. Mas não se engane: o aquecimento global não se resume, necessariamente, apenas ao aumento de temperatura ao redor do planeta.

Pode parecer paradoxal falar de aquecimento global e frio extremo, mas são coisas muito relacionadas uma à outra – o que pode explicar a neve incomum em solo brasileiro. Calma, vamos explicar.

O aquecimento global é o agravamento do efeito estufa. Nossa atmosfera possui gases como o vapor d’água e o dióxido de carbono (CO2) que atuam como um cobertor ao redor do planeta, mantendo uma temperatura favorável à nossa sobrevivência por aqui.

Mas, desde o século 18, a humanidade tem aumentado a quantidade de carbono no ar, a partir da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento de florestas (que convertem CO2 em oxigênio), por exemplo. Assim, o efeito estufa da nossa atmosfera foi intensificado, fazendo com que a absorção de calor e a temperatura média do planeta aumentassem.

O clima da Terra tem uma variabilidade natural. Com as temperaturas mais quentes, o planeta tenta reagir a essa situação inesperada, buscando retornar ao clima normal (mais ou menos como a transpiração, que serve para equilibrar a temperatura do corpo quando superaquecemos). E são nessas reações que extremos de frio, calor, seca ou chuva, por exemplo, são gerados.

“Em função do aquecimento, os sistemas de circulação atmosférica são alterados. Massas de ar frias podem gerar extremos de temperatura mais baixa ou massas de ar muito mais úmidas podem gerar inundações, por exemplo”, explica Tércio Ambrizzi, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). “A circulação geral da atmosfera responde de forma extrema ao aumento de temperatura, causando eventos extremos também”, acrescenta.

O que acontece, então, são mudanças na dinâmica natural do planeta. Assim, o aquecimento global intensifica a ocorrência de eventos extremos – como as tempestades e inundações na Europa ou o calor intenso no Canadá

E uma série de estudos têm mostrado que o aquecimento global está se intensificando. Já se descobriu que a Terra está capturando quase o dobro de calor que capturava há 16 anos, e que as temperaturas anormais decorrentes das mudanças climáticas – extremos de frio e calor – estão levando a 5 milhões de mortes por ano.

Segundo Ambrizzi, o frio intenso e a neve que apareceram por terras brasileiras nos últimos dias podem, sim, estar relacionadas a essas mudanças climáticas. “A onda de frio que estamos vendo é algo que já aconteceu no passado, sendo parte da variabilidade natural do planeta”, diz o professor. “Mas, ao longo dos últimos anos, tem ocorrido com menos frequência e mais intensidade. O aquecimento global faz com que haja um aumento nos [eventos] extremos, então pode estar, sim, relacionado a esse frio anormal no Brasil.”

Eventos como esses podem se tornar cada vez mais intensos se a taxa atual de emissão de gases do efeito estufa se mantiver – e se continuarmos a nos preocupar tão pouco com o meio ambiente. 

“Nós vemos que o nosso governo demonstra uma preocupação muito baixa com o meio ambiente, e isso é realmente triste”, alerta Ambrizzi. “Estamos contribuindo negativamente com o aquecimento global – e seremos punidos a longo prazo.”


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É urgente aprender a envelhecer melhor

O processo de envelhecimento não é nenhuma novidade à nossa espécie: é algo que sempre existiu e sempre existirá (ao menos, até o momento, é o que a ciência nos permite afirmar). Então, por que ainda temos tanta dificuldade não apenas em aceitá-lo como também em torná-lo uma experiência mais digna e prazerosa?

Se sabemos que envelhecer é uma condição intrínseca à humanidade, por que deixamos para nos preocupar com isso apenas quando a velhice já está batendo à porta? Esse questionamento torna-se ainda mais importante frente aos dados divulgados pela Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU), que apontam um envelhecimento global da população.

Em todo o mundo, as pessoas estão envelhecendo e, em especial, no Brasil, esse processo ocorre de forma ainda mais acelerada. Em 2018, uma pesquisa do IBGE concluiu que, a partir de 2039, haverá no país mais pessoas idosas do que crianças e que, em 2060, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos.

Envelhecemos a passos largos, ao mesmo tempo que não estamos completamente preparados para isso. Um estudo do Ministério da Saúde em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriu que sete em cada dez pessoas com mais de 50 anos têm alguma doença crônica no país. É importante destacar que isso, por si só, não é algo limitante, mas uma condição que exige suporte dos serviços de saúde, que estão sobrecarregados e não conseguem atender todo mundo com atenção, eficiência e rapidez.

A mobilidade urbana é outro desafio para a população idosa. Apesar da gratuidade no transporte coletivo e no transporte intermunicipal ser um direito garantido às pessoas maiores de 65 anos pelo Estatuto do Idoso, há regras específicas para usufruir do benefício e o idoso nem sempre recebe orientações suficientes. Isso sem falar na acessibilidade, que muitas vezes é precária, dificultando o uso dos transportes e a movimentação dos mais velhos.

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Há, também, a questão financeira. De acordo com um estudo divulgado em 2014 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 86,3% dos idosos recebem algum tipo de benefício no Brasil. Mas sabemos que o valor, muitas vezes, é aquém do necessário. Ainda assim, uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), feita em 2018, revelou que 43% das pessoas acima de 60 anos são as principais responsáveis pelo sustento da casa.

Isso nos traz a um outro ponto: o preconceito e a violência contra o idoso. Apesar de ser peça fundamental na sociedade, a população idosa segue enfrentando discriminação e diferentes formas de abuso, dentre elas a violência financeira, que consiste no desvio ou na apropriação de seus recursos econômicos.

Infelizmente, essa é uma realidade em muitos lares brasileiros e, não à toa, figuramos na posição número 56 (entre 96 nações analisadas) no ranking de melhores países para envelhecer. O levantamento, feito em 2015 pelo instituto HelpAge International, coloca o Brasil como um dos piores países da América Latina, ficando à frente apenas da Venezuela e do Paraguai.

Além de políticas públicas e do combate ao ageismo, para melhorar esse cenário precisamos também aproveitar o bônus demográfico que vivemos atualmente. Ou seja, este é o momento em que o número de pessoas economicamente ativas (jovens e adultos) na pirâmide é superior ao de crianças (base) e idosos (topo), o que, em tese, tende a gerar mais riqueza e desenvolvimento ao país.

Mas não podemos esquecer de outro fator que impacta diretamente a qualidade do envelhecimento: o convívio social. Muitos idosos reclamam da solidão e, com a pandemia da Covid-19, se viram ainda mais afastados dos familiares e amigos. Esse é um cuidado que todos nós deveríamos ter com os idosos que nos cercam, lembrando de acolhê-los com a dignidade e o carinho que merecem.

Aprender a envelhecer melhor deveria ser a lição de casa de todo e qualquer brasileiro. Afinal, todos seremos idosos um dia. É nesse sentido que governos e sociedade devem, juntos, trabalhar. Curiosamente, em 15 de agosto, celebra-se o Dia Mundial das Habilidades dos Jovens, enquanto no dia 26 de julho é comemorado o Dia dos Avós. Duas datas tão próximas e que dizem respeito a gerações diferentes, mas que, figurativamente, podem ilustrar um pouco o ciclo da vida. Devemos contar com a força e a energia da juventude, bem como o apoio do Estado, para gerar uma velhice confortável e sem solidão.


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Dia dos Pais: 9 dicas de presentes que estimulam os cuidados à saúde

O Dia dos Pais vem aí e, com ele, uma dúvida: o que oferecer de presente? Pois a gente aproveita a oportunidade para sugerir algumas ideias que, de alguma forma, relacionam-se com uma rotina mais saudável. Acompanhe:

1- Livros

Ter o costume de ler é citado com frequência como fator protetor contra demências, como o Alzheimer. Isso porque o hábito ajuda a aumentar e a fortalecer as sinapses, que são as conexões entre os neurônios. Dessa maneira, criamos a chamada reserva cognitiva. Ela nos permite lidar melhor com a morte das células neuronais mais tarde.

Recentemente, um estudo chegou a mostrar que manter o cérebro ativo na maturidade adia em cinco anos o surgimento dos sintomas de Alzheimer.

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2- Cafeteira

No ano passado, um estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e do Instituto Norueguês de Saúde Pública, encontrou uma relação entre tomar a bebida e uma maior expectativa da vida – com vantagens para o tipo filtrado. A verdade é que, estudo após estudo, o café é considerado parceiro da saúde.

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3- Frigideira

Seu pai curte cozinhar? Pois uma boa frigideira faz toda a diferença nas aventuras gastronômicas. Pensando na saúde, a grande vantagem de investir nesse equipamento é garantir que pouco óleo seja necessário ao grelhar alimentos. Assim, fica mais fácil maneirar no consumo de gorduras – cujo excesso pode influenciar no peso e na saúde do coração.

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4- Instrumentos musicais

Muita gente decidiu investir em habilidades novas durante a pandemia de coronavírus, como aprender a tocar violão, bateria… Está aí mais uma atividade vantajosa para o cérebro (lembra da reserva cognitiva?). Além de afastar o risco de demências, o hobby tem potencial de auxiliar na redução de estresse. Que tal escolher um instrumento para o seu pai? Para o presente ficar mais completo, vale oferecer uma aula-teste de música.

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5- Caixa de som

Se o seu pai não é fã de compor ou reproduzir canções, mas gosta de apreciá-las, uma boa alternativa são as caixinhas de som. Para a ciência, já está claro que a música tem um impacto nas emoções, no comportamento e, em última análise, na saúde de cada um de nós. Com as caixinhas, também dá para ouvir podcasts – há vários que se propõem a discutir temas de saúde.

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6- Acessórios de massagem

Difícil encontrar quem não tenha visto os níveis de estresse e ansiedade dispararem nesse último ano, por causa da pandemia. Só que viver desse jeito eleva o risco de problemas, como distúrbios de sono e complicações para o coração. Para facilitar o relaxamento, há diversos acessórios que funcionar como aliados.

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7- Produtos para horta

Está aí outra atividade que ganhou muitos adeptos durante a pandemia. E engana-se quem pensa que precisa de uma baita espaço para manter uma horta: as plantas podem ser cultivadas em pequenos apartamentos. Basta ter sol. Esse passatempo agrega vários benefícios, como diminuir o estresse e melhorar a alimentação, já que há maior propensão a experimentar temperos e frutas do próprio jardim. Sem falar que esses itens são produzidos sem o uso de agrotóxicos.

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8- Casaco esportivo

Estamos no inverno e isso não deve ser pretexto para abandonar a atividade física – um dos pilares mais valiosos para uma vida saudável. Para estimular seu pai a permanecer engajado nos exercícios (ou dar início a alguma modalidade), que tal garantir que os dias mais frios não sejam um empecilho?

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9- Tênis para caminhar

Quem não usa o calçado adequado para se exercitar, mesmo que seja para uma simples caminhada, corre mais risco de sofrer lesões – e também de desanimar. Aliás, cabe dizer que caminhar é uma das melhores opções para quem anda sedentário. A atividade é altamente benéfica à saúde, barata e, se feita ao ar livre, bastante segura em termos de prevenção da Covid-19. Aliás, trata-se de um excelente hobby para ser compartilhado entre pais e filhos.

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“Viúva Negra”: Entenda por que Scarlett Johansson quer processar a Disney

Na última quinta (29), o jornal Wall Street Journal publicou uma notícia sobre a abertura de um processo no Tribunal Superior de Los Angeles, nos EUA. Até aí, nada de novo sob o Sol, certo? Nem tanto: quem fez o pedido foi a atriz Scarlett Johansson. E ela quer processar a Disney.

A ação gira em torno de Viúva Negra, o filme mais recente da Marvel Studios (que pertence à Disney) e que é estrelado por Johansson. Mais especificamente, em relação ao seu lançamento.

Viúva Negra, assim como os recentes Mulan e Raya: O Último Dragão, estreou simultaneamente nos cinemas e no Disney+, plataforma de streaming da empresa. O problema, segundo os advogados da atriz, é que essa estratégia não havia sido combinada previamente: o filme iria para as salas de cinema e só depois para a internet. E isso, ao que tudo indica, comprometeu os ganhos que Scarlett receberia com o filme – US$ 50 milhões a menos, estimou o Wall Street Journal.

Nas entrelinhas de Hollywood

Para entender esse quiprocó jurídico, é preciso explicar alguns pontos sobre a indústria do cinema. O primeiro é a janela de exibição – o período entre o filme estar em cartaz e ficar disponível para consumo doméstico (streaming, Blu-Ray, etc.).

Esse intervalo (que, antes da pandemia, costumava durar três meses) é um acordo estratégico entre as distribuidoras e as donas das salas de cinema. Dessa forma, as exibidoras têm tempo suficiente para lucrar em cima do lançamento do filme. Em contrapartida, os estúdios faturam em um mercado que, mesmo com o streaming, ainda é altamente rentável.

Com a quarentena, esse acordo caiu por terra: com diversas restrições de público presencial, as exibidoras não tiveram forças para manter os três meses de janela. Resultado: os filmes agora têm ido muito rápido para as plataformas on demand – isso quando não estreiam simultaneamente por lá. É o caso do Premier Access, dentro do Disney+, que permite aos usuários assistirem aos lançamentos do estúdio por um valor extra, além da mensalidade.

A Disney não está sozinha nessa. Nos EUA, a Warner tem lançado os seus filmes simultaneamente no HBO Max, sem custo adicional. No Brasil, onde a plataforma estreou em junho, isso ainda não rola – mas a janela de exibição foi consideravelmente reduzida.

A segunda coisa são os contratos “back end”. Nesse tipo de acordo, parte do cachê do ator (ou o cachê inteiro) vem de uma porcentagem da bilheteria do filme. Ou seja: quanto mais sucesso o longa fizer, mais dinheiro o artista embolsa.

Esse tipo de acordo costuma render uma bolada. Um dos primeiros que se deu bem com ele foi o ator Jack Nicholson, que ganhou US$ 60 milhões (US$ 131 milhões hoje) pelo papel de Coringa em Batman (1989). Para não abrir mão de tanta grana, os estúdios só assinam contratos do tipo com a classe A de Hollywood – como é o caso de Scarlett, que interpretou a espiã Natasha Romanoff em oito filmes do Universo Cinematográfico da Marvel (o MCU) e que, em Viúva Negra, é também uma das produtoras executivas.

E agora, Natasha?

De acordo com os advogados de Johansson, a Disney assegurou no contrato da atriz que o lançamento de Viúva Negra aconteceria exclusivamente nos cinemas – e que só depois iria para o streaming. Para eles, houve uma quebra no acordo – e o processo visa reparar os danos financeiros causados por isso.

Até esta sexta-feira (30), o filme arrecadou US$ 319,4 milhões pelo mundo – além outros US$ 60 milhões via Premier Access, segundo estimativas da Comscore. Nada mal, considerando outros blockbusters que estrearam durante a pandemia. Mas levando em conta outros filmes da Marvel (além do orçamento de US$ 200 milhões), o faturamento está abaixo das expectativas.

Por meio de um porta-voz, a Disney se pronunciou sobre a abertura do processo. Em comunicado, disse que “não há mérito nenhum” na ação, e que isso é “especialmente triste e angustiante em sua indiferença pelos terríveis e prolongados efeitos globais da pandemia”. A empresa ainda afirmou que cumpriu totalmente o contrato com a atriz, e que o Premier Access aumentou consideravelmente o cachê inicial de US$ 20 milhões que ela já recebeu.

“Não é segredo que a Disney está lançando filmes como Viúva Negra diretamente no Disney + para aumentar o número assinantes e, assim, impulsionar o preço das ações da empresa”, disse à CNN Business John Berlinski, advogado de Johansson. Ele argumenta que o estúdio está usando a Covid-19 apenas como pretexto para tal estratégia, e que espera fazer valer no tribunal o contrato da atriz.

Berlinski também disse que esse provavelmente não será o último caso de um talento de Hollywood que decide tomar medidas legais contra a Disney. Ele estava certo: um dia depois da notícia envolvendo Scarlett, surgiram rumores de que a atriz Emma Stone estaria considerando fazer a mesma coisa. Neste caso, por conta de Cruella, filme que conta a origem da vilã de 101 Dálmatas e que também teve estreia híbrida. Além do papel principal, Stone também atuou na produção executiva do longa.


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Cecilia Chirenti estuda a colisão de estrelas de nêutrons na Nasa

A leitura abre caminhos, e Cecilia Chirenti é a prova disso. Pouco antes de prestar vestibular, Cecilia se encantou por um livro em especial: A Dança do Universo, escrito pelo físico e astrônomo Marcelo Gleiser. Resolveu ligar para a editora na tentativa de conversar com o autor, que topou receber algumas perguntas por fax. Gleiser respondeu Cecilia dizendo que havia sim a possibilidade de fazer pesquisa no Brasil e até mesmo indicou alguns professores conhecidos com quem ela poderia conversar.

O incentivo também veio de dentro de casa. A mãe de Cecilia é engenheira eletrônica, então os velhos estereótipos de que as ciências exatas não são para mulheres nunca foram reproduzidos por seus pais. No ano 2000, Cecilia ingressou no curso de física da Universidade de São Paulo (USP), faculdade em que também realizou seu doutorado. Atualmente, a cientista pesquisa o comportamento de estrelas de nêutrons na Nasa.  

Cecilia está no meio de seu projeto na agência espacial, que tem duração estimada de três anos. Ela conta que se impressionou ao chegar no laboratório, já que não só a chefe do local como várias outras cientistas eram mulheres – um cenário com que não estava familiarizada no Brasil. 

Seu trabalho por lá junta três tópicos da astronomia: as estrelas de nêutrons, ondas gravitacionais e as erupções de raios gama (gamma ray bursts, em inglês). Vamos entender cada um deles e como se relacionam. 

As estrelas possuem um ciclo de vida. Logo que elas nascem, forma-se uma enorme nuvem de gás que, devido a ação da gravidade, vai ficando cada vez mais densa. A pressão no centro dessa nuvem é tão grande que os átomos de hidrogênio que existem ali acabam se fundindo. A fusão gera o hélio e libera a energia que torna o astro quente e brilhante. Você pode ver a simulação do nascimento de uma estrela nesta matéria da Super.

A massa inicial da estrela influencia diretamente seu ciclo de vida. Quanto maior a massa, mais rápida vai ser a sua evolução. Aqui, falaremos de estrelas gigantes, que possuem entre 10 e 29 vezes a massa do nosso Sol. Estas podem passar por uma supernova no final da vida – momento em todo o hidrogênio da estrela é consumido e ela desaba sobre si mesma em uma enorme explosão. O núcleo é espremido sob a própria gravidade, colapsa e se torna uma estrela de nêutrons. 

As estrelas de nêutrons são absurdamente densas e compactas. Elas tem um raio de algumas dezenas de quilômetros – dá para estacionar uma em cima da cidade de São Paulo –, e apenas uma colher desse material pesa o mesmo que o Monte Everest.

Quando duas estrelas de nêutrons se juntam, elas formam um sistema binário. As estrelas ficam girando uma ao redor da outra, o que nos leva a Teoria da Relatividade Geral de Einstein. Estamos falando de objetos com uma concentração muito grande de matéria, e o giro deles gera pulsos de energia que se propagam no tecido do espaço-tempo: ondas gravitacionais.

As ondas, porém, não as únicas coisas geradas nessa dança entre estrelas. Em 2017, astrofísicos observaram que o processo também ocasionava erupções de raios gama.

Raios gama são como a luz que conhecemos, mas possuem frequência e energia muito maiores. A atmosfera da Terra nos protege de radiações muito energéticas, então, para estudá-los, é preciso usar satélites que estão em órbita. A Nasa e outras agências espaciais possuem estes equipamentos. Utilizando-os, os cientistas passaram a explorar as erupções de raios gama e descobriram que elas vêm em dois tipos: as longas, que parecem se originar em supernovas, e as curtas, provavelmente ocasionados pela colisão entre duas estrelas de nêutrons. 

A colisão entre estrelas de nêutrons pode levar a três diferentes desfechos, a depender do quão gordinhos são os astros envolvidos. Se forem duas estrelas bem pesadas, ao se fundirem, formam imediatamente um buraco negro. Se forem duas estrelas consideradas leves, formam uma nova estrela de nêutrons. Agora, se elas forem duas estrelas intermediárias, podem formar uma estrela de nêutrons supermassiva que vai durar apenas alguns décimos de segundo antes de colapsar e formar um buraco negro. 

A diferença entre estes três cenários tem relação com as propriedades da matéria dentro das estrelas. Investigando as condições físicas no miolo desses astros, é possível descobrir a massa máxima que eles podem alcançar antes de colapsar em um buraco negro. 

Um jeito hipotético de fazer isso seria avaliar as ondas gravitacionais geradas após a colisão, mas a frequência delas é alta demais para ser detectada pela tecnologia atual. A outra opção, que entra no projeto de Cecilia, é observar as erupções de raios gama e tentar encontrar ali uma assinatura que mostre o estado em que a estrela de nêutron se encontrava quando houve o colapso.

Vale dizer que aceleradores de partículas como o LHC, da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, não dão conta de estudar a matéria das estrelas de nêutrons. Eles se concentram em situações de alta temperatura e baixa densidade, mas estes objetos espaciais possuem baixa temperatura e altíssima densidade. Olhar para elas permite aos pesquisadores entender um ramo da física de partículas que não pode ser explorado na Terra.

Antes de chegar à NASA, Cecilia passou também pelo Instituto Max Planck de Física Gravitacional em Potsdam, Alemanha, onde realizou seu pós-doutorado. Também deu aulas de matemática aplicada na Universidade Federal do ABC durante 12 anos. Foi convidada para trabalhar na agência espacial americana após realizar um projeto de colaboração internacional e publicar um artigo com outros pesquisadores da Nasa. 


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Nasa divulga o primeiro mapa detalhado do interior de Marte

Há algum tempo a estrutura interna de Marte é objeto de curiosidade para os cientistas. Missões espaciais ao planeta vermelho se concentraram em sua superfície, mas a missão InSight da Nasa investigou Marte a fundo e agora oferece detalhes sobre seu interior – e pistas sobre a história do planeta. A missão forneceu dados sobre a composição e o tamanho das camadas da estrutura interna de Marte – núcleo, manto e crosta. As descobertas foram relatadas em três artigos publicados recentemente na revista Science.

Bruce Banerdt, pesquisador principal da InSight, afirma que esses resultados representam todo o trabalho da última década. “Quando começamos a pensar a missão, mais de uma década atrás, nós esperávamos obter as informações que estão nestes documentos.” Em 2018, a espaçonave da missão pousou em Marte. A partir daí, o sismômetro da missão – Seismic Experiment for Interior Structure (SEIS), ou Experimento Sísmico para Estrutura Interior – começou seu trabalho, detectando movimentos no solo do planeta.

O SEIS estudou os martemotos (os terremotos de Marte) e as ondas sísmicas do planeta. As ondas sísmicas sofrem algumas alterações de velocidade ou direção à medida que atravessam diferentes materiais. Então, os cientistas as interpretam, junto a outros dados, para descobrir a composição e as condições de cada camada da estrutura interna de um planeta – no caso, de Marte.

A missão registrou 733 martemotos. Cerca de 35 deles – registrados entre as magnitudes 3 e 4 – forneceram os dados usados para as análises atuais. Cada um dos três estudos focou uma camada interna do planeta. Os cientistas calcularam que o núcleo de Marte possui um raio de cerca de 1.830 quilômetros e é composto principalmente de ferro e níquel. Sua densidade é relativamente baixa, então os cientistas acreditam que o núcleo deve apresentar uma fração considerável de elementos mais leves, como enxofre e oxigênio.

A descoberta do tamanho do núcleo foi animadora para os pesquisadores. Simon Stähler, principal autor do estudo sobre o núcleo, afirma: “Demorou centenas de anos para os cientistas medirem o núcleo da Terra e, após as missões Apollo, demorou 40 anos para medir o núcleo da Lua. O InSight levou apenas dois anos para medir o núcleo de Marte.”

Os cientistas descobriram que a crosta tem entre 24 e 72 quilômetros de espessura, com duas ou três subcamadas de rocha vulcânica mais ou menos desgastada. Abaixo da crosta está o manto de Marte, que também foi sondado. Ele se estende por 1.560 quilômetros abaixo da superfície e parece ser composto por apenas uma camada rochosa – ao invés de uma camada inferior e uma superior, como a Terra possui.

Os pesquisadores também descobriram que Marte possui uma litosfera espessa, de cerca de 500 quilômetros de espessura. Segundo Amir Khan, co-autor dos três estudos, “Esta pode ​​ser a explicação de por que não vemos placas tectônicas em Marte”.

Esta primeira pesquisa sísmica interplanetária da humanidade teve sucesso, mas muitas coisas precisam ser investigadas mais a fundo. Esses resultados são apenas o começo para os cientistas, que agora podem revisar seus modelos sobre Marte e sua formação.

O SEIS continua detectando martemotos, e os cientistas esperam detectar um de magnitude maior que 4. “Temos que fazer um processamento cuidadoso para extrair o que queremos desses dados. Ter um evento maior tornaria tudo isso mais fácil”, afirma Mark Panning, pesquisador do artigo sobre a crosta marciana. 

A missão InSight continua, mas o acúmulo de poeira nos painéis solares está reduzindo drasticamente a quantidade de energia que eles produzem, o que pode forçar o fim da missão em um ano.


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