sexta-feira, 21 de julho de 2023

O que eu estava fazendo mesmo? A era dos ladrões de atenção

Juro que contei: desde o instante em que sentei para escrever este texto até a sua conclusão e releitura, perdi a concentração na tarefa 18 vezes. Em todas elas, a culpa foi da tela vizinha à do computador em que redijo estas linhas: a do celular.

Está certo que quase sempre desviei meus olhos para ele em função de notificações atreladas a questões de trabalho.

Como mais de meio mundo, dependo dessa ferramenta para tocar várias frentes da labuta ao mesmo tempo e, sem querer, volta e meia me vejo enredado em alguma mensagem ou post fora do campo estritamente profissional.

No fim, é um modus operandi que, com frequência, nos deixa estressados, ansiosos e cansados. Escritores e pesquisadores da área da saúde mental e da neurociência são categóricos em afirmar que estamos cada vez mais sem foco — e sedentos dele.

Somos vítimas, mas também cúmplices, dos “ladrões de atenção”, para usar a expressão de Johann Hari, autor de uma obra que acaba de chegar às livrarias cujo título resume bem o cenário atual: Foco Roubado, publicada pela editora Vestígio.

O celular, a internet e as redes sociais furtam nossa concentração, mas não estão sozinhos nessa quadrilha de agentes sabotadores da cognição.

É o que expõe o jornalista André Bernardo na reportagem de capa desta edição, um trabalho informativo e reflexivo recheado de pesquisas, entrevistas, advertências, conselhos e sugestões de leitura.

André diz ter aprendido e buscado colocar em prática alguns dos princípios evocados na pauta. “Faz tempo que desativei as notificações sonoras do celular. Caso contrário, não faria outra coisa da vida”, conta.

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“Tento não ser multitarefa, mas nem sempre consigo por causa da profissão. Mas gostei do conceito do mindfulness, a atenção plena, e, na medida do possível, vou procurar segui-lo”, prossegue nosso colaborador carioca.

Ele não está sozinho nesse barco. Se não respirarmos fundo e colocarmos as mãos no leme, dificilmente atravessaremos águas tranquilas. Pior: não chegaremos a porto algum.

É a velha história de começar uma porção de coisas e não terminar nenhuma, afogando-se num sentimento de frustração e fadiga eterna que movimenta um círculo vicioso.

E é nessas que, exaustos, perdemos o foco e a produtividade de vez. “Cansado, não escrevo nada, nem bilhete”, crava André.

É hora de repensarmos como desembarcamos nessa praia e replanejarmos as rotas e o destino em mente. Pode ser desafiador, mas nos sentiremos mais presentes, fecundos e felizes — e não com a cabeça em outro canto.

Chegam reforços

É um prazer apresentar à nossa comunidade de leitores os dois repórteres que passam a integrar a equipe de VEJA SAÚDE, emprestando seu talento, foco e dedicação às matérias da revista e do site.

Com vocês, Larissa Beani, jornalista natural de São Paulo que atuou no Jornal da USP e na Galileu. E Lucas Rocha, um mineiro que já viveu no Rio e hoje está na capital paulista, com passagem pela Agência Fiocruz de Notícias e pela CNN Brasil. Bem-vindos a bordo!

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O que eu estava fazendo mesmo? A era dos ladrões de atenção Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

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