quinta-feira, 6 de julho de 2023

Os desafios e aprendizados mundiais para ampliar o acesso à saúde

O acesso de qualidade das populações aos sistemas públicos ou de baixo custo de saúde é um desafio enfrentado por governos em diferentes partes do mundo.

Nos últimos anos, os sistemas de saúde foram postos a prova por conta da pandemia de Covid-19. Após esse período, a inclusão segue uma pauta importante na esfera pública e privada. No Brasil, grupos minoritários ainda enfrentam barreiras para utilizar o SUS.

Para entender como os países podem aumentar o acesso, a Haleon, em parceria com a Economist Intelligence Unit (EIU) e acadêmicos da University College London, realizou a primeira edição do Health Inclusivity Index.

Essa é a primeira fase do estudo, que incluiu dados de 40 países. Nos próximos anos, a base de pesquisa será ampliada, chegando a 60 nações neste ano e 80 até 2024.

Esta edição do Health Inclusivity Index avaliou as políticas e processos em três eixos principais: a saúde na sociedade; a inclusão da população nos sistemas de saúde e o empoderamento das pessoas e da comunidade.

Foram contempladas nações representativas de todos os continentes, com dados disponíveis e confiáveis para os pesquisadores.

O Brasil está na décima nona colocação entre as 40 nações incluídas na primeira versão do Index, com nota de 72.05 pontos. Isso nos coloca acima da média global, que foi de 69.3 pontos.

O primeiro colocado do ranking foi o Reino Unido, seguido de Austrália, França, Alemanha e Suécia. O estudo mostra ainda que 75% dos países que fizeram 80 pontos ou mais possuem as mais altas taxas de expectativa de vida saudável.

O caso do Brasil

Ao analisar o Brasil, percebemos que o nosso país conta com pontos positivos, que ampliam e diferenciam o acesso à saúde. Somos pioneiros na América Latina em disponibilizar serviços de saúde gratuitos a todos os brasileiros (e estrangeiros) por meio do SUS.

Esse programa, que foi posto à prova e demonstrou sua capacidade de atendimento durante a pandemia e nas campanhas de imunização contra a Covid-19, contribuiu para que o Brasil ficasse acima da média global.

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Além disso, nos destacamos na criação de políticas específicas para a saúde de minorias, da comunidade LGBTQIA+, das mulheres, dos portadores de HIV, e das pessoas com deficiência.

No entanto, a adoção dessas políticas ainda é um desafio para essas comunidades e grupos vulneráveis. No mundo real, essas pessoas ainda enfrentam barreiras para obter atendimento qualificado.

Outro problema enfrentando pelo Brasil é a concentração de profissionais de saúde nos grandes centros urbanos.

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Na avaliação do estudo, o país conta com número adequado de profissionais de saúde especializados. No entanto, a maioria desses profissionais está nas regiões mais bem servidas, enquanto em outros locais há escassez.

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Por fim, a falta de médicos e a insatisfação com a qualidade do atendimento fazem com que a população busque cobertura adicional por meio de planos de saúde privados. Entretanto, apenas 23% dos brasileiros têm acesso a esses serviços.

Não é preciso ser rico para incluir

Apesar do que sugerem os resultados do Index, países riscos ou de alta renda não são necessariamente os que possuem maior nível de inclusão em saúde.

Ao contrário, uma conclusão dos pesquisadores é que o maior acesso à saúde colabora para aumentar a riqueza de um país.

Uma das chaves para isso é a educação em saúde, que colabora para a diminuição da sobrecarga dos serviços.

A capacitação e letramento da população sobre o tema possibilitam que as pessoas tomem decisões e participem das tomadas de decisão sobre sua própria vida, o que chamamos de autocuidado.

O autocuidado, possui papel importante, liberando tempo e recursos para os profissionais de saúde atenderem com qualidade cada vez mais pessoas.

Estima-se que hoje cerca de U$ 7 Bilhões sejam economizados anualmente pelos sistemas de saúde devido ao uso de produtos de autocuidado, segundo estudo realizado pela ACESSA – Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde.

E, claro, promover o acesso equalitário e mais inclusão em saúde é, acima de tudo, responsabilidade dos governos.

Os dados do Health Inclusivity Index podem servir como uma ferramenta para que os gestores entendam quais as principais barreiras da população brasileira, e como elas podem ser solucionadas.

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* Yanir Karp é CEO da Haleon para o Brasil

 

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