Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua. Buzz Aldrin, o segundo. Mas havia um terceiro astronauta na missão Apollo 11, que em julho de 1969 chegou até o nosso satélite. O nome dele era Michael Collins.
Collins, que morreu na última quarta (28) aos 90 anos, vítima de câncer, foi uma peça importante da missão lunar. Pilotando o módulo de comando Columbia, ele orbitou a Lua por horas enquanto Armstrong e Aldrin, a bordo do módulo lunar Eagle, pousaram por lá.
Pelo trabalho de “bastidor”, e pelo tempo que passou sozinho no Columbia, Collins ganhou a alcunha de “o homem mais solitário da história”. Mas vamos por partes. A seguir, você confere um pouco sobre a trajetória do piloto.
De Roma para a Lua
Collins nasceu em Roma, em 1930 (curiosamente, no mesmo ano que seus parceiros da Apollo 11). Ele foi o segundo filho de um oficial do Exército americano estacionado na Itália.
Desde cedo, Michael se interessou pela carreira militar. Em 1952, ele se formou na Academia Militar dos EUA, mas para evitar qualquer tipo de acusação de nepotismo, seguiu para a Força Aérea, na qual trabalhou como piloto de testes.
A sua entrada na Nasa aconteceu em 1963. Collins fez parte da terceira turma do grupo de astronautas da agência espacial americana. E olha só: a Apollo 11 não foi a sua primeira missão.
Em 1966, junto ao astronauta John Young, Michael participou da missão Gemini 10, que durou de 18 a 21 de julho. A Gemini foi a segundo etapa do projeto de exploração da Nasa (sucedeu o Projeto Mercury e antecedeu as missões da Apollo), e serviu tanto para testar manobras (como o acoplamento dos módulos das espaçonaves) quanto para o observar o comportamento dos astronautas – dentro e fora dos veículos.
Durante a Gemini 10, Collins passou cerca de 50 minutos em atividades extraveiculares. Assim, tornou-se o quarto astronauta a fazer uma caminhada espacial. Michael chegou a ser escalado para a tripulação da Apollo 8, que rolou em 1968, mas um problema cervical o tirou da missão.
O homem mais solitário da história
Em janeiro de 1969, a Nasa anunciou a tripulação da Apollo 11. Collins seria o piloto do módulo de comando. Já Aldrin ficou responsável por pilotar o módulo lunar, que pousaria no satélite. Coube a Armstrong o cargo de comandante a missão.
Em 16 de julho, o foguete Saturn V decolou do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, levando o trio de astronautas para fora da atmosfera. Depois de completar uma volta e meia em torno da Terra, a missão seguiu rumo à Lua.
No dia 19, o módulo de comando Columbia, já desacoplado do resto do foguete, começou a se aproximar da órbita lunar. No dia seguinte, Armstrong e Aldrin, a bordo do Eagle, começaram o processo de alunissagem (nome técnico para pousos na Lua).
Enquanto a dupla de astronautas fazia caminhadas, fincava bandeiras, coletava amostras de solo lunar e até realizava missas, Collins permanceceu no Columbia. Por 28 horas, ele orbitou o satélite a uma altura de, aproximadamente, 110 km. Durante esse tempo, ele ficou sem comunicação tanto com a sua equipe quanto com a Nasa.
“Estou sozinho agora, verdadeiramente sozinho e absolutamente isolado de qualquer vida conhecida”, escreveu Collins anos depois, ao tentar relembrar o que sentiu naquele momento. Anos mais tarde, ele disse em uma entrevista que “solidão” talvez não fosse a melhor maneira de descrever a sua experiência, mas foi como a imprensa relatou na época.
No dia 21 de julho, o módulo Eagle decolou da Lua e se acoplou ao Columbia. Aldrin e Armstrong levaram consigo quase 22 kg de amostras lunares. Três dias depois, no dia 24, a cápsula da Apollo 11 caiu no Oceano Pacífico, onde foi resgatada pela Marinha dos EUA.
A saga da Apollo 11 é cheia de detalhes. Ao retornarem para a Terra, por exemplo, os três astronautas tiveram que ficar três semanas em quarentena até que os médicos se certificassem que eles não foram contaminados por alguma “infecção lunar”. Você conferir todas essas históras nesta reportagem da Super.
A vida pós-Apollo
Depois de retornar à Terra, Collins se aposentou das missões espaciais, mas seguiu trabalhando para o governo. Entre 1971 e 1978, ele foi diretor do Museu Nacional do Ar e Espaço, do Instituto Smithsonian, em Washington, D.C.. Mais tarde, ele abriu uma firma de consultoria e, em 1982, aposentou-se definitivamente do Comando da Reserva da Força Aérea como major-general.
Para além das viagens pelo espaço, Collins se dedicou à escrita. Em 1974, ele publicou Carrying the Fire (“Carregando o Fogo”, em inglês), um elogiado livro de memórias sobre a sua trajetória como astronauta. Escreveu também Flying to the Moon and Other Strange Places (1976), que virou um livro infantil nos anos 1990 sobre suas experiências, e Liftoff: The Story of America’s Adventure in Space (1988), que conta a história do programa espacial americano.
Michael viveu com sua esposa, Pat, até 2014, quando ela faleceu. E, assim como muita gente, nutria grande curiosidade sobre Marte – tanto que, em 1990, escreveu Mission to Mars, um livro de não-ficção que discute a exploração humana no planeta vermelho.
“Às vezes, acho que voei para o lugar errado”, brincou Collins em uma entrevista em 2009. “No que diz respeito aos corpos celestes, a Lua não é um lugar particularmente interessante, mas Marte sim, e ele é a coisa mais próxima de uma irmã da Terra que encontramos até agora.”
O astronauta, contudo, não viveu o suficiente para ver a chegada da humanidade até lá. Quem sabe daqui a alguns anos?
Michael Collins, astronauta da Apollo 11, morre aos 90 anos Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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