Dispositivo experimental, que funciona acoplado a uma máquina de hemodiálise, já foi usado em 300 pacientes; militares também desenvolvem implante subdermal que alerta quando a pessoa é infectada
As revelações foram feitas ao programa jornalístico “60 Minutes”, da emissora americana CBS, que exibiu uma reportagem gravada na Darpa (Defense Advanced Research Projects Agency), a divisão de tecnologia do Pentágono. O filtro, que recebeu autorização da FDA para uso emergencial, está sendo usado em hospitais militares, e já foi usado para tratar cerca de 300 pacientes.
A reportagem mostra o tratamento do “Paciente 16”, a esposa de um militar que foi infectada pelo Sars-CoV-2. Ela foi colocada em hemodiálise e conectada ao filtro, que é usado por um a quatro dias e supostamente elimina o coronavírus do organismo. “[A máquina] remove o vírus, e coloca o sangue de volta”, afirmou o médico Matt Hepburn, pesquisador da Darpa.
A Darpa não dá informações sobre o filtro. Mas, em uma das imagens, é possível ver que se trata do Seraph 100 Microbind, desenvolvido pela empresa americana ExThera Medical para tentar eliminar o Sars-CoV-2 circulante no sangue. A ExThera está fazendo um estudo clínico do Seraph 100, que deve ficar pronto em agosto.
A reportagem também mostra um sensor subdermal (veja imagem acima), desenvolvido pela Darpa, que alerta se a pessoa for infectada. A ideia é que esse dispositivo, que está em fase final de testes, seja implantado em militares. “É como uma luz check engine“, disse Hepburn, comparando o sensor ao alerta exibido no painel dos automóveis em caso de problemas no motor.
A Darpa está trabalhando numa vacina “pancoronavírus”, que seria eficaz contra todos os vírus dessa família e pode ficar pronta em cinco anos. “Estaremos protegidos contra vírus mortais que nós não vimos, ou mesmo imaginamos”, declarou o médico Kayvon Modjarrad ao “60 Minutes”.
O Pentágono selecionou projetos positivos para mostrar à reportagem. Mas o governo americano também financiou os polêmicos estudos de “ganho de função” (GoF), em que vírus são submetidos a um processo de evolução acelerada, em laboratório, até adquirir novas habilidades – como infectar novas espécies ou causar sintomas mais graves.
A justificativa para os estudos GoF é que eles permitem mapear os caminhos de evolução dos vírus, ajudando os cientistas a prever possíveis epidemias. Mas eles também têm um risco, que é criar supervírus perigosos – e, por isso, foram banidos em 2014.
Em 2017, o governo americano decidiu liberar os estudos GoF. O país voltou a realizar esse tipo de experiência em seus próprios laboratórios – e também financiou, entre 2015 e 2020, pesquisas do tipo no Instituto de Virologia de Wuhan, cidade onde o Sars-CoV-2 foi detectado pela primeira vez.
O financiamento chegava ao instituto de Wuhan por meio da EcoHealth Alliance, uma ONG pertencente ao biólogo americano Peter Daszak, especialista em testes do tipo ganho de função. Apesar desse conflito de interesses, Daszak liderou a missão da OMS que foi a Wuhan investigar as origens do vírus – e descartou a possibilidade de ele ter surgido de um vazamento de laboratório.
Pentágono testa filtro que elimina o coronavírus do organismo Publicado primeiro em https://super.abril.com.br/feed
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