As estimativas de incidência de câncer no Brasil falam por si só e demonstram por que esse é um dos maiores problemas de saúde pública por aqui. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), entre 2020 e 2022 são esperados 625 000 casos novos da doença por ano no país. “O câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 000), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 000 cada), cólon e reto (41 000), pulmão (30 000) e estômago (21 000)”, detalha o mais recente documento elaborado pelo órgão.¹
Se por um lado a medicina apresenta cada vez mais recursos contra os variados tipos de tumor – com tecnologia de ponta para flagrar as células malignas e medicamentos inovadores capazes de conter a sua proliferação –, por outro são notórias as barreiras quando se trata de garantirmos um diagnóstico precoce, tratamentos efetivos e acompanhamento adequado dos casos. “Temos muitos desafios pela frente, que começam na necessidade de melhorar estratégias de prevenção, como a ampliação da vacinação contra HPV, principal causa de câncer do colo do útero”, lembra ainda Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia.
A crise sanitária deflagrada pelo coronavírus e que há mais de um ano abala o planeta é outro ponto de atenção. “No meio da pandemia, todas as outras doenças acabaram ficando em segundo plano, mas elas não deixaram de existir”, pondera Luciana. Criado pelo Instituto Oncoguia, o Radar do Câncer² dá uma ideia do impacto da Covid-19 no cenário da oncologia. Na comparação com 2019, em 2020 observou-se uma queda acentuada em exames de rastreamento, caso de mamografias, cuja redução chega a cerca de 50%. As biópsias, por sua vez, caíram quase 40%. “Acompanhamos diariamente relatos de pacientes que tiveram seus exames, cirurgias e tratamentos cancelados ou adiados, que infelizmente correm um enorme risco de ver a doença avançar. Também já existem estudos indicando que, no fim da pandemia, vamos enfrentar uma epidemia de quadros assim”, lamenta Luciana.
FÓRUM ONLINE DEBATE O ASSUNTO
Diante desse panorama, ganha ainda mais relevância a 11ª edição do Fórum Nacional Oncoguia, que acontece de 4 a 7 de maio. O evento reúne especialistas das mais diferentes áreas relacionadas à saúde com o intuito de compartilhar conhecimento e fomentar discussões que resultem em estratégias capazes de reduzir os gargalos e facilitar a jornada dos pacientes. “Precisamos de opiniões e olhares variados e complementares para resolvermos problemas tão complexos, sempre garantindo que o que importa para o paciente seja priorizado”, conta Luciana.
Logo na abertura, no dia 4, às 16h, a mesa “Câncer: Por mais Equidade, Empatia e Justiça” – que batiza também o fórum – abordará, entre outros temas, as diferenças no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela rede privada. “A questão da desigualdade é um dos grandes destaques do fórum, assim como as discussões sobre direitos dos pacientes e todas as demais barreiras enfrentadas para conseguir diagnóstico, tratamento e vida com qualidade”, ressalta Luciana Holtz. No encerramento, os painéis estarão focados nas ações em prol da retomada da oncologia apesar da pandemia.
Para conhecer a programação completa e se inscrever no XI Fórum Nacional Oncoguia, acesse: oncoguiaeventos.org.br
- https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
- http://www.radardocancer.org.br/painel/covid/
Os desafios do enfrentamento do câncer no Brasil Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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