Aulas online de educação física para crianças e adolescentes durante a pandemia de Covid-19 ajudam, mas elas não são o bastante para mantê-los suficientemente ativos. Fora que muitos alunos não têm acesso ao ensino remoto.
A herança do coronavírus para os jovens é séria do ponto de vista educacional, mental e, sobretudo, físico. A falta de exercícios regulares nessa faixa etária pode gerar disfunções de saúde lá na frente. O sedentarismo está associado ao desenvolvimento de doenças como obesidade, diabetes e hipertensão, mesmo em idades precoces.
Além disso, exercícios são diretamente ligados ao fortalecimento do sistema imune, que é a nossa barreira de defesa para qualquer vírus.
Um estudo brasileiro divulgado pela Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde mensurou o impacto da pandemia no comportamento de crianças de 5 a 10 anos de idade. Ele indica uma redução de 54% na prática diária de atividade física e um crescimento de 10% no tempo de sono.
Cabe aos pais e cuidadores se adaptarem e viabilizarem a prática de exercícios, mesmo durante o isolamento social. Orientações de um profissional de educação física podem ser valiosíssimos nesse sentido.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que são necessários ao menos 60 minutos de atividade física por dia, em intensidade moderada a vigorosa, para a promoção da saúde de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos.
Para cumprir a meta, circuitos no quintal ou mesmo dentro de casa, alongamento na varanda e caminhadas, polichinelo e flexões são algumas das alternativas. A falta de espaço e a de tempo não podem ser um empecilho.
Aos responsáveis, friso a importância de separar um período no início da manhã ou ao final do dia para orientar a prática dos pequenos. Ou — melhor ainda! — para se exercitar em conjunto com eles. Eu sei quanto o cotidiano é corrido, mas meia hora a cada dia já fará uma diferença substancial.
Para quem vai se exercitar fora de casa (como caminhar e andar de bicicleta), considere cumprir as atividades com o uso ininterrupto da máscara, porém com controle da exaustão. Sendo a prática com máscara algo novo para todos, deve-se respeitar o preparo físico e a tolerância de cada um. A orientação é fazer desse momento uma experiência prazerosa, lúdica e descontraída.
Além dos cuidados a curto e médio prazo para a proteção de todos, minimizar os impactos dessa parada abrupta dos estímulos em nosso corpo deve ser um propósito. Senão, o preço lá na frente será alto demais. Com segurança, vamos fazendo o que é possível.
* Fabio Ceschini é profissional de educação física e especialista em fisiologia do exercício, mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP e doutor em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu. É também fundador da plataforma de ensino Viajando pela Fisiologia, que capacita profissionais de saúde e educação física na prescrição de treinos, sobretudo para pacientes com doenças crônicas.
Na escola ou não, crianças e adolescentes precisam se exercitar Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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