Quando um casal quer engravidar e recebe a notícia de que tem problemas de fertilidade, trata-se de algo muito maior do que uma questão de saúde. O diagnóstico afeta os sonhos de até 15% dos casais e deve ser levado a sério. Por quê?
Em primeiro lugar, há o cuidado psicológico: a dificuldade para engravidar é um dos fatores que levam a transtornos psiquiátricos como a depressão e a ansiedade. Estudos indicam que há uma prevalência maior desses transtornos em casais inférteis do que naqueles em que não há problemas para engravidar.
Em seguida, deve-se entender que as opções terapêuticas para apoiar a jornada rumo à fertilidade evoluíram na última década e, hoje, apresentam maiores taxas de sucesso, com menos efeitos colaterais.
Se, depois de um ano de tentativas naturais, um casal não conseguir engravidar, esse é o sinal para buscar ajuda especializada. E a escolha do tratamento dependerá de uma profunda investigação diagnóstica no casal.
É isso mesmo. É um mito pensar que a mulher é a fonte de fertilidade (ou o contrário). Isso é mais cultural e tem a ver com a imagem que se formou há séculos de que elas são responsáveis pela família, enquanto o homem é o provedor.
Saindo da história e voltando para a medicina, as principais causas de infertilidade são tanto femininas quanto masculinas: em 30% dos casos estão relacionadas às mulheres e, na mesma proporção, aos homens.
A endometriose é uma das vilãs para elas. Essa doença inflamatória pélvica ginecológica afeta muitas mulheres e pode levar à infertilidade especialmente porque o diagnóstico costuma ser tardio — entre os principais sintomas, e que podem confundir as pacientes, estão as cólicas menstruais. Problemas nas tubas, ovários policísticos e outros fatores também podem estar na origem da dificuldade em engravidar.
No homem, a principal causa de infertilidade ainda é a varicocele, a presença de varizes nos testículos, mas existem também aspectos comportamentais envolvidos, como obesidade, tabagismo, estresse, entre outros.
O tratamento vai depender justamente do diagnóstico e pode ser de baixa e média complexidade — envolvendo relações sexuais programadas e inseminação intrauterina — ou de alta complexidade, como no caso da fertilização in vitro. A técnica evoluiu tanto no manejo da ovulação, rendendo menos efeitos colaterais, como em termos de custo, tornando-se mais viável e acessível.
Como você pode perceber, nem todos os fatores que predispõem à infertilidade são passíveis de prevenção. Mas sabemos que um estilo de vida equilibrado pode ajudar. Então procure dormir e acordar cedo, alimentar-se de maneira variada e balanceada, se exercitar e não ter vícios. Afinal, é de gerar uma vida que estamos falando. E cuidar do corpo é essencial para uma boa fecundação e gestação.
* Paula Fettback é doutora em Obstetrícia e Ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP e especialista em fertilidade
Por que precisamos falar mais sobre a infertilidade Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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