O vírus sincicial respiratório (VSR) entrou no radar dos médicos antes do esperado. Após o relaxamento das medidas de isolamento devido à pandemia, as taxas de transmissão desse agente infeccioso subiram no fim do ano passado, mesmo com as temperaturas ainda quentes – clima incomum para sua circulação.
Pouco conhecido pela população em geral, esse vírus é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias em crianças de até 2 anos.
Segundo dados do Infogripe, a ocorrência dele foi alta nos últimos meses em todas as regiões do país. E a preocupação aumenta porque logo mais teremos o outono e o inverno, estações em que o VSR normalmente já faz estragos.
“Os vírus estão sempre circulando por aí, mas cada um tem a sua sazonalidade. O VSR é mais comum a partir de março e fica relevante até o inverno. Quando essa tendência muda, a única coisa que podemos levantar são teorias, como a volta às aulas, que expôs as crianças pequenas após um período de isolamento”, avalia Giovanna Sapienza, infectologista do Centro de Prevenção Meniá.
De acordo com a médica, ele provoca doenças respiratórias de qualquer tipo, inclusive resfriados. “Mas o quadro muda de figura com os bebês”, informa. Neles, como contamos, as repercussões podem ser mais sérias. Tanto que muitos precisam de internação hospitalar, às vezes em UTI.
“Ocorre menos, mas idosos e pessoas com problemas pulmonares e imunossuprimidos também podem enfrentar sintomas mais graves”, nota Giovanna.
O que é a bronquiolite
Segundo Werther Brunow de Carvalho, pediatra do Hospital Santa Catarina, trata-se de uma infecção nos bronquíolos (ramificações dos brônquios) que levam oxigênio aos pulmões. “Quanto mais nova a criança, mais grave pode ficar”, afirma.
O médico explica que a mortalidade por causa da doença não é alta nas crianças, mas os sintomas trazem bastante sofrimento, já que há dificuldade para respirar.
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Um risco que é raro, mas existe, é o de sequelas. “Quando o vírus age de forma muita agressiva contra as defesas da criança, o pulmão pode perder um pouco de sua capacidade”, exemplifica Carvalho.
Cabe lembrar que, após a infecção, não se adquire imunidade. Ou seja, a criança que pegou o vírus uma vez pode ter que enfrentá-lo novamente.
Prevenção e tratamento
Não existe vacina contra o VSR, mas há um medicamento preventivo disponível para bebês de alto risco (isto é, prematuros até 28 semanas e 6 dias, portadores de cardiopatias congênitas e com doença pulmonar crônica). É o anticorpo monoclonal palivizumabe, aplicado mensalmente durante cinco meses.
No que diz respeito aos outros grupos de crianças, saiba: “O aleitamento materno é uma das armas mais eficazes”, garante o médico de família Pedro Cavalcante, especializado em pediatria pelo Instituto de Pediatria da Universidade de São Paulo (USP).
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Ainda de acordo com Cavalcante, em caso de infecção é preciso manter as vias aéreas bem limpas e fazer inalação com soro. Quando há piora, é possível recorrer a alguns medicamentos, mas só depois de avaliação médica.
Assim como o coronavírus, o vírus sincicial respiratório é transmitido sobretudo por aerossol – aquelas gotículas que saem da boca ao falar, tossir e espirrar. Portanto, o ideal é evitar situações que exponham o bebê a grandes aglomerações.
“E, no caso do VSR, a infecção devido ao contato com superfícies contaminadas também é comum. Ele fica no teclado, no mouse, nas maçanetas, nas mesas, nos alimentos, etc”, ressalta Giovanna. Essa forma de transmissão não é tão importante quando falamos do Sars-CoV-2.
O tempo de vida do vírus nas mãos é de menos de uma hora. No entanto, em superfícies duras e não porosas, pode chegar a aproximadamente 24 horas.
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Lavar bem as mãos e usar máscara ao se aproximar da criança se tiver sintoma gripal são algumas dicas simples para evitar a transmissão.
“Um agravante pouco mencionado são os pais fumantes. Uma criança que inala a fumaça fica mais predisposta a ter bronquiolite aguda”, alerta Carvalho.
Sintomas
A coriza em bebês pode estar associada a diversas questões respiratórias, mas cabe maior preocupação quando houver nariz entupido, ruído ao respirar, tosse, chiado no peito e febre.
“A criança começa a sentir dificuldade de respirar e não aceita alimentação”, descreve o pediatra do Hospital Santa Catarina. Cavalcante acrescenta que a respiração atravancada pode deixar a criança mais pálida e com as pontinhas dos dedos roxas.
O melhor é buscar atendimento médico imediato. O exame físico somado a testes complementares, como raio x do tórax, confirmam o diagnóstico.
Fatores que tornam o VSR mais perigoso:
- Ser criança com idade inferior a 2 anos
- Entrar em contato com adultos infectados
- Ter deficiências imunológicas
Vírus respiratório perigoso para bebês chegou antes do esperado Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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