terça-feira, 31 de maio de 2022

Bioma brasileiro é fonte de fibras e proteínas alternativas

Um projeto do Good Food Institute (GFI/Brasil) está avaliando o potencial nutritivo de espécies típicas de biomas nacionais como cerrado e Amazônia, com direito a estudos em várias universidades.

“A partir de pesquisas com empresas do mercado plant-based, identificamos a necessidade de encontrar uma maior variedade de matérias-primas, já que a maioria dos ingredientes usados nesses produtos é importada”, contextualiza Cristiana Ambiel, gerente de ciência e tecnologia da GFI.

Levando em conta a riqueza da nossa biodiversidade, o passo seguinte foi investigar plantas nativas capazes de suprir a cadeia de produção, beneficiar as comunidades locais e estimular a preservação ambiental. A partir de uma pré-seleção de 33 espécies, foram firmados contratos de colaboração com instituições que, ao longo de um ano, desenvolverão experimentos de olho no aproveitamento completo de seis vegetais.

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“No caso da castanha-do-brasil, a extração hoje se concentra no fruto em si e no óleo. O restante é destinado à alimentação animal ou é descartado de forma inapropriada”, exemplifica Cristiana.

A ideia é voltar a atenção aos resíduos, tão ricos em proteínas, compostos bioativos e fibras, e descobrir como usá-los em hambúrgueres e nuggets vegetarianos, por exemplo.

Alguns exemplos

Guaraná

Espécie
Paullinia cupana

Origem
Amazônia

O que se pesquisa
Uma vez que a semente do fruto carrega 40% de fibras, o foco é estudar o uso da substância em produtos industrializados.

Potencial
Com peso cultural à mesa dos brasileiros, o xarope do guaraná é famoso pelo efeito energético e empregado em bebidas e alimentos. O desafio agora é trabalhar com os resíduos descartados ao longo do processamento.

Onde é estudado
Universidade Federal do Pará (UFPA)

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Cupuaçu

Espécie
T. grandiflorum

Origem
Amazônia

O que se pesquisa
Desenvolvimento de pigmentos, aromas e fibras com capacidade de retenção de água e de óleo para uso culinário.

Potencial
Igualmente de olho na diminuição de sobras, os cientistas testam a casca do cupuaçu na elaboração de produtos plant-based. O projeto visa empregar tecnologias simples que possam ser replicáveis em pequenas comunidades.

Onde é estudado
Universidade Federal do Pará (UFPA)

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Baru

Espécie
Dipteryx alata

Origem
Cerrado

O que se pesquisa
Aproveitamento dos subprodutos do processamento da amêndoa dessa oleaginosa.

Potencial
Para preservar essa espécie ameaçada em razão da extração predatória, pretende-se utilizar as matérias-primas resultantes da cadeia de processamento do fruto na geração de hambúrgueres com alto teor de proteína e fibras.

Onde é estudado
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IFGoiano) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Babaçu

Espécie
Attalea ssp

Origem
Amazônia

O que se pesquisa
Desenvolvimento de processo agroindustrial para transformação de resíduos dessa palmeira em ingrediente rico em fibras.

Potencial
A ideia é criar formas sustentáveis para pequenos produtores valorizarem o material subutilizado do babaçu, caso do óleo da amêndoa. A expectativa é que a extração seja usada na produção de produtos análogos a carne.

Onde é estudado
Embrapa Fortaleza

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Macaúba

Espécie
Acrocomia aculeata

Origem
Cerrado

O que se pesquisa
Aplicação dos compostos bioativos, proteínas e pigmentos provenientes do óleo da palmeira.

Potencial
Com a macaúba presente em diferentes regiões do país, sendo que a maior concentração está no cerrado, a meta é o aproveitamento total, obtendo ingredientes para o desenvolvimento de pratos como um similar de empanado de frango.

Onde é estudada
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

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Cetoprofeno: o que é, para que serve e como funciona esse remédio

Cetoprofeno é um anti-inflamatório que serve para combater principalmente sintomas como febre e dor, inclusive a provocada por doenças reumatológicas e traumatismos. Até por estar disponível em diversos formatos (gotas, comprimido, injeção etc), o remédio tem ação sob inúmeros tipos de enfermidades, mas é vendido mediante prescrição de médicos ou dentistas.

O princípio ativo cetoprofeno é produzido por diferentes farmacêuticas e tem vários nomes comerciais, como Bi-Profenid, Ceprofen, Flamador e Artrosil. Mas já está disponível como genérico – com o nome cetoprofeno mesmo.

O que é o cetoprofeno e para que serve?

O medicamento pertence à classe de anti-inflamatórios não-esteroides. Ou seja, tem efeito analgésico e age diretamente na dor provocada pelo processo inflamatório. Além disso, o cetoprefeno é considerado um antitérmico, que controla a febre.

É utilizado no tratamento de inflamações no ouvido, nariz e garganta – como otite, sinusite, faringite, larangite e amidgalite. Daí porque às vezes é empregado em casos de gripe. Também atua no controle de sintomas das doenças reumatológicas, das lesões ortopédicas e do pós-operatório.

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Pode ser indicado por dentistas no caso de periodontites, inflamação dentária (pulpite) e após extrações. O medicamento alivia a dor de dente, mas isso não exclui uma consulta para verificar a origem do problema.

Injetável, gotas, comprimidos, gel, xarope… quais as formas de uso?

O cetoprofeno está disponível em diferentes formatos na farmácia. E há ainda a versão injetável, encontrada apenas em hospitais.

“Esse fármaco faz parte de uma classe de anti-inflamatório indicado para vários tipos de doenças – o que engloba pacientes com necessidades completamente diferentes”, explica Sérgio Brodt, chefe de serviço de Medicina Interna do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

Por exemplo, os que têm intolerância a comprimidos ou estão em um pós-operatório com dores intensas podem recorrer mais facilmente ao xarope – ou até receber o medicamento via sonda. Já em gel, é aplicado no local para conter dores em articulações e músculos.

Dada a amplitude de tratamentos possíveis, a posologia do cetoprofeno deve ser indicada por um médico.

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Uso infantil

Na forma de xarope, o cetaprofeno é administrado facilmente em crianças a partir de 6 meses de idade. A embalagem em gotas é indicada para maiores de 1 ano.

Os outros formatos do medicamento não devem ser ministrados aos pequenos, principalmente sem autorização expressa do médico.

Grávidas e lactantes

Por falta de estudos, esse medicamento não deve ser utilizado por gestantes ou mulheres que estejam amamentado. E é ainda menos indicado no terceiro trimestre da gravidez.

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Reações adversas e efeitos colaterais do cetoprofeno

Há, claro, estudos que apontam algumas das reações mais comuns já documentadas por quem consumiu esse medicamento.

“Em torno de 11% dos pacientes podem ter efeitos gastrointestinais como azia, gastrite e esofagite”, revela Brodt. Esse risco sobe quando o indivíduo já tem histórico dessas doenças.

Outra chateação frequente (15%) é a alteração em testes de laboratório em exames que avaliam as funções hepáticas. “Mas basta evitar a realização desses exames durante a administração do remédio para contornar o problema”, contorna o médico.

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A incidência de insuficiência renal está entre 3% e 9%. Mas atenção: esses números estão mais relacionados a idosos e pessoas com histórico de problemas nos rins.

“Os riscos cardiovasculares existem, mas estão na linha de 1%. Indivíduos com histórico de doenças cardíacas devem evitar esse medicamento”, relata Brodt.

São ainda mais raros (abaixo de 1%), mas há relatos de efeitos hematológicos, dermatológicos (alergias na pele), neuromusculares (dor de cabeça e sono), endocrinológicos, entre outros.

São questões como essa que reforçam a necessidade de tomar o cetoprofeno apenas com indicação do profissional de saúde. Até porque há risco de interação medicamentosa.

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“A maioria das interações está na bula, mas só um profissional pode verificar qual combinação de drogas reduz os efeitos do fármaco, ou intensifica seus efeitos colaterais”, explica Brodt.

Contraindicações

O uso de álcool é perigoso durante o tratamento com anti-inflamatórios. “Aumenta o risco de sangramento gastrointestinal e desencadear efeitos colaterais e o índice de toxicidade da droga”, esclarece o chefe médico do Hospital Moinhos de Vento.

Uso incorreto e superdosagem

No desespero de fazer a dor passar, o individuo pode ir além do que foi recomendado pelo médico – o que pode acabar em superdosagem e intoxicação. Diante disso, surgem desatenção, cansaço, dificuldade de concentração, náuseas, vômito e dor de estômago.

Melhor esperar a hora da próxima dose ou conversar com seu médico sobre alternativas para conter o desconforto.

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Arqueólogos encontram cidade de 3,4 mil anos no rio Tigre

Uma cidade de 3,4 mil anos emergiu do reservatório de Mosul (Iraque), às margens do rio Tigre, depois que o nível de água diminuiu. Arqueólogos curdos e alemães realizaram escavações antes que o local ficasse submerso novamente e encontraram edifícios e tábuas de argila cobertas de cuneiforme – um antigo sistema de escrita.

As escavações aconteceram entre janeiro e fevereiro deste ano, e as descobertas foram anunciadas nesta segunda-feira (30). Acredita-se que o sítio arqueológico em questão, chamado Kemune, corresponda à antiga cidade de Zakhiku, pertencente ao Império Mitani (1550 a 1350 a.C.), que foi destruída em um terremoto.

Os arqueólogos encontraram uma grande fortificação com muros e torres, um edifício de vários andares e um complexo industrial, segundo comunicado da Universidade de Tübingen (Alemanha). Essas construções acompanham um palácio que foi descoberto em 2018, também em uma época de seca no reservatório.

O edifício de vários andares tem particular importância para os pesquisadores, porque nele seriam armazenadas mercadorias trazidas de várias regiões. “Os resultados da escavação mostram que o local era um importante centro do Império Mitani”, afirma o arqueólogo Hasan Ahmed Qasim, que participou das escavações.

Equipe de arqueólogos fez escavações às pressas, antes que o nível do reservatório voltasse ao normal.University of Tübingen/Divulgação
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O palácio também se destaca entre o antigo complexo urbano, porque apresenta murais em vermelho e azul em suas paredes de tijolos de barro – uma característica provavelmente comum para palácios da época, mas raramente preservada.

Assim como o palácio, os outros edifícios também têm paredes de tijolos de barro, com até dois metros de espessura. Apesar de terem ficado submersas por muito tempo, elas estavam bem preservadas – o que impressionou a equipe de pesquisa.

Junto aos edifícios, os arqueólogos também descobriram cinco vasos de cerâmica com mais de cem tabuletas cuneiformes. Acredita-se que algumas delas sejam cartas, que ainda se encontram em pequenos envelopes também feitos de argila. Nas escavações de 2018, dez tabuletas foram encontradas.

Mais de cem tabuletas cuneiformes foram encontradas em Kemune.University of Tübingen/Divulgação

Os pesquisadores esperam que esses textos antigos revelem informações importantes sobre o fim da cidade no período do Império Mitani, por exemplo. “É quase um milagre que as tabuletas cuneiformes feitas de argila crua tenham sobrevivido tanto tempo debaixo d’água”, afirma Peter Pfälzner, da Universidade de Tübingen.

Realizadas as escavações, os edifícios foram cobertos com lonas plásticas e cascalho – uma tentativa de reduzir danos ao local antes que o reservatório Mosul voltasse ao nível normal e inundasse a cidade milenar.

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Como a tecnologia está mudando a forma de controlar doenças crônicas

O envelhecimento da população brasileira é uma tendência cada vez mais próxima da nossa sociedade. Até 2060, serão mais idosos do que jovens no país, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse fenômeno de transição epidemiológica acaba sendo imperceptível para boa parte dos cidadãos. Mas urge a necessidade de nos engajarmos na prevenção e no diagnóstico precoce de doenças crônicas e degenerativas, mais comuns com o avançar da idade.

Priorizar a abordagem preventiva e investir no empoderamento do público (sobretudo o acima de 60 anos) e de sua rede de apoio são fatores indispensáveis para manter a qualidade de vida das famílias. E, tanto na prevenção como no diagnóstico e no tratamento, temos hoje como aliada a velocidade no avanço das tecnologias.

O olhar para a saúde deve ser construído com foco em uma jornada integrada em que as pessoas possam estar inseridas num contexto de cultivo de cinco importantes pilares: prever, prevenir, diagnosticar, tratar e reabilitar.

Considerando esse cenário, podemos nos munir de tecnologia para descomplicar a vida do médico e demais profissionais e melhorar a jornada do paciente, trazendo uma experiência diferenciada e resultados mais efetivos e sustentáveis no cuidado à saúde.

A evolução nos exames tem proporcionado abordagens cada vez mais precoces e preventivas. Recentemente, o Brasil começou a realizar o primeiro exame de sangue para identificar o risco de Alzheimer, doença que afeta mais de 1,2 milhão de pessoas no país.

Disponível em centros de diagnóstico da Dasa, o teste busca traços de uma proteína que se acumula no cérebro de quem tem a doença. É recomendado para pessoas com comprometimento cognitivo leve e com suspeita de demência e pode servir de parâmetro para os parentes de pessoas que já estão com o diagnóstico e em tratamento contra a doença neurodegenerativa, de acordo com o acompanhamento médico.

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Este é um exemplo. Há vários outros. Mas o ponto é que, além de trazer assertividade e acessibilidade à saúde, a  inovação tem um papel fundamental na experiência do paciente. No Alta Diagnósticos, por exemplo, observamos na prática como a tecnologia facilita a rotina do paciente, racionaliza o número de exames a que ele está exposto e amplia a segurança nos procedimentos.

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Também propicia mais personalização. Na oncologia, temos à disposição exames de imagem como pet scan e ressonância, biópsia líquida e testes genômicos, que permitem planejar tratamentos mais precisos e assertivos e com menos efeitos colaterais.

Essa tecnologia de ponta nos centros de diagnóstico pode andar de mãos dadas com aquilo que já temos acesso pelo celular. Estou falando dos aplicativos que auxiliam as pessoas no controle e monitoramento de exames, no agendamento e realização de consultas por telemedicina e na adesão a dicas de qualidade de vida.

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Nossa experiência com a NAV, plataforma digital da Dasa que facilita a gestão da saúde tanto para o paciente como para o médico, mostra que ela viabiliza uma parceria que empodera ambos os lados. Essa é uma tendência do mundo moderno: integralizar os cuidados com a saúde e facilitar o acesso a exames, além de levar informação confiável e atendimento personalizado em um ambiente virtual.

Fora isso, temos a possibilidade de unir as novas tecnologias à inteligência de dados. Através de sua estruturação e interpretação, podemos ter uma visão mais preditiva e melhor resolutividade na jornada do paciente. Com o apoio da inteligência artificial, traçamos melhor os caminhos da prevenção e do tratamento.

Esse é o futuro que estamos construindo. Seja com máquinas de última geração em centros de exames e hospitais, seja com aplicativos na palma da mão. Essa é uma jornada que as pessoas desejam, pois traz predição, prevenção e tratamento e reabilitação sob medida.

É a tecnologia empoderando cada um de nós para tomarmos a melhor decisão sobre a nossa saúde e a de nossos familiares.

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* Claudia Cohn é biomédica e CEO do Alta Diagnósticos

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Enquete: qual tipo de poluição sonora mais afeta seu dia a dia?

Não é força de expressão! A exposição a sons altos ou constantes não corrói apenas a audição, como também ameaça a cabeça e o coração. E, por isso, mereceu uma reportagem de capa de VEJA SAÚDE. Mas e você, é afetado por esse problema?

Responda nossa enquete e veja qual tipo de poluição sonora mais tem bagunçado a vida dos internautas.


Enquete: qual tipo de poluição sonora mais afeta seu dia a dia? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

O temor do outro – a fobia social em tempos de crise

“Desde criança, nas diversas experiências com os parentes, eu já sentia uma ansiedade diferente do que supunha ser normal. Por volta dos 6 ou 7 anos, sem saber muito bem o porquê, evitava contatos. Tudo piorou no ensino médio. Me sentia desconfortável só de estar em sala de aula e comecei a ter reações físicas como rubor facial, suor excessivo e até tremores quando virava o foco das atenções. Não conseguia apresentar nada para a turma.”

Mesmo sofrendo desde pequeno, Gabriel* só foi diagnosticado com transtorno de ansiedade social — a fobia social — aos 18 anos e após passar por duas médicas diferentes.

Veja bem: ter certo nível de ansiedade diante de situações que envolvem outras pessoas é natural. Isso nos instiga a estudar ou ensaiar para mandar bem num seminário na faculdade ou numa entrevista de emprego.

Mas, quando as interações despertam um temor intenso demais, e a pessoa fica mal e faz de tudo para fugir dos encontros, a fobia social bota suas garras de fora.

E, num cenário de restrições para o convívio como o da pandemia, o receio do outro se tornou um dilema ainda mais cruel e presente.

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O que define o transtorno propriamente dito não é evitar situações públicas em si, mas o motivo dessa repulsa.

“A questão básica do fóbico social é se sentir avaliado pelos outros o tempo inteiro”, esclarece o psiquiatra Antonio Egidio Nardi, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Ele acha que vai agir de forma ridícula, que será motivo de crítica ou deboche. Por isso se preocupa com a forma que fala e se comporta. E o temor do julgamento o faz evitar outras pessoas”, detalha.

Gabriel sente isso na pele: “Eu sempre tive um autojulgamento ruim do meu desempenho e acredito que as pessoas vão me olhar diferente por isso. O sentimento de insuficiência, misturado à baixa autoestima, me afasta dos outros”, desabafa o rapaz, hoje com 29 anos.

Esse medo de uma suposta crítica é tão característico do transtorno que alguns defendem que ele deveria batizar a condição. “Há teóricos que sugerem que a fobia social seria mais clara e bem compreendida se fosse chamada de fobia de avaliação”, conta o psicólogo Mario Ponte, especialista em terapia cognitivo-comportamental (TCC), de Teresina.

+Leia Também: É ansiedade, fobia ou ataque de pânico? Entenda a diferença. 

O que delata a fobia social?

Apesar dos vários níveis do transtorno, existem características em comum na maioria das vezes

SINTOMAS PSICOLÓGICOS:

Timidez extrema
Ter muita dificuldade para trocar olhares e cumprimentos é um sinal. Ser tímido não é problema, mas sofrer com as interações é.

Fuga de situações
Um exemplo comum é fazer o trabalho em grupo mas faltar no dia da apresentação. O fóbico social se esforça para fugir do público.

Medo de julgamento
A autopercepção costuma ser ruim, gerando medo excessivo de não se adequar a normas ou expectativas alheias.

Projeção irreal
Por causa desse receio, é comum o fóbico social fazer suposições exageradas, em que sempre vai errar e ser ridicularizado.

SINTOMAS FÍSICOS:

Enjoo
Náusea, embrulho no estômago, hipersensibilidade a ruído e falta de ar são manifestações típicas da fobia social.

Suor excessivo
Sintoma clássico de ansiedade. Nosso cérebro reconhece a situação como um “perigo” e prepara o corpo para a fuga.

Taquicardia
O nervosismo faz o coração bater mais acelerado e a respiração se intensifica. Também é sinal de ansiedade.

Dores
Na cabeça, na barriga ou no corpo todo: os incômodos tendem a aparecer próximos a uma situação de gatilho do fóbico.

Diarreia
Transtornos psíquicos mexem com o eixo intestino-cérebro. Devido a essa conexão, não são raros sintomas gastrointestinais.

Ter pavor da opinião alheia é o que difere o quadro de outros como a agorafobia. Os dois levam o indivíduo a fugir de grupos e multidões, mas, enquanto o fóbico social receia o julgamento de quem está em volta, o agorafóbico teme ficar preso naquele ambiente e não conseguir sair de lá.

Diferenciar as coisas é essencial para o diagnóstico e o tratamento. Até porque ambas as fobias podem resultar em prejuízos sérios — ainda mais no atual contexto de pós pico da pandemia e retomada das atividades presenciais.

<em><strong>Clique na imagem para ampliar</strong> e conferir outros transtornos que podem surgir com a fobia social.</em>foto Richard Drury - Getty Images | ilustrações: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital

Quem tem um medo patológico sempre procura fugir de seu “algoz”. Na aracnofobia, o sujeito quer passar longe de aranhas e dos lugares em que elas podem aparecer.

Na ansiedade social, faz de tudo para não falar em público, procurar autoridades, conversar com o sexo oposto, realizar algo na frente dos outros… Enquanto na agorafobia não existe a mínima chance de encarar um show ou a espera de um banco lotado.

Então imagine as consequências de fugir de outras pessoas: “Fóbicos sociais se casam menos, têm poucos amigos, menores conquistas acadêmicas e acabam tendo renda inferior”, exemplifica o psicólogo João Paulo Machado de Sousa, professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

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“Algo que a fobia me tirou foi o trabalho. Tentei focar na parte acadêmica, achando que poderia me dar bem, mas não tive sucesso. Queria ser professor, como muitos da minha família, mas não fui capaz de me expor dessa forma nem de concluir uma licenciatura. Em função disso, ainda não tive experiências trabalhando”, relata Gabriel.

Apesar de estar há 11 anos em tratamento psicológico e medicamentoso, o rapaz ainda é polido pela fobia. “Eu tenho pouca esperança de superá-la, por isso acho que preciso me adequar. Agora estou estudando farmácia, e quero ir para a área de análises clínicas, um campo que não demanda tanta comunicação. Estou tentando me adaptar”, conta.

A fronteira entre medo e fobia

Medo é algo natural, uma emoção que nos coloca a tomar decisões. Graças a ele, ficamos atentos ao atravessar uma rua ou participar de um evento com muita gente. Já a fobia é um transtorno psicológico, um temor desproporcional, irracional e persistente capaz de gerar prejuízos. Entendendo na prática: um dos medos mais disseminados entre adultos é o de falar em público. Mas a gente tenta dar um jeito de encará-lo. O fóbico social, por sua vez, não consegue de jeito nenhum, e isso resulta em muito sofrimento.

 

Existem níveis de gravidade para qualquer tipo de fobia, incluindo a social. Tem gente que não sofre como Gabriel, outros enfrentam desafios e sintomas parecidos.

Quando o problema é mais pontual ou restrito a situações específicas, como se expressar diante de um público, os especialistas até falam em fobia social circunscrita.

Já a fobia social generalizada gera pânico em qualquer momento que possa ativar a sensação de estar sendo julgado, como entrar numa sala de aula quando os demais alunos estão sentados, pedir um prato no restaurante ou até mesmo apertar o botão do ônibus solicitando a parada. Gabriel se encaixa aqui.

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Ainda que a condição tenha um caráter único e pessoal, alguns pesquisadores propõem uma abordagem mais social do fenômeno.

O psiquiatra e psicanalista Julio Verztman, professor do Instituto de Psicologia da UFRJ, escreve, no artigo Vergonha, Honra e Contemporaneidade, que o aumento da incidência da fobia social — ela hoje atingiria 13% da população — se deve a mudanças na formação e no comportamento da sociedade, que vem exigindo exibicionismos de toda e qualquer pessoa.

Ser bem-sucedido está cada vez mais atrelado a performance, autenticidade e desinibição, e essa cobrança aumenta o pavor do olhar alheio.

O que já era ruim acabou se tornando torturante. E detalhe: se já era assim em 2005, quando Verztman escreveu o artigo, imagine agora, numa era ditada por influencers e curtidas nas redes sociais.

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A visão da psicanálise

Em seu mestrado pela USP, a psicóloga Karoline Rochelle mergulhou na aplicação da psicanálise como forma de tratamento para o transtorno de ansiedade social. Ela explica, no trabalho, que essa vertente enxerga a fobia social como uma tentativa do indivíduo de solucionar um conflito psíquico. O medo da exposição aos outros se deve a um superego (a dimensão controladora da mente) muito rígido, que projeta esse olhar reprovador nas outras pessoas. Seria um “delírio de observação”, que pode ser controlado nas sessões de psicanálise.

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O gatilho pandemia

É consenso na comunidade científica que os transtornos mentais têm uma origem tríplice: predisposição genética, inclinações de personalidade e influências ambientais e sociais.

A pandemia de Covid-19, que obrigou o mundo a ficar mais recluso por pelo menos dois anos, tornou-se um gatilho para o aparecimento ou agravamento de distúrbios psíquicos.

“Ficar preso em casa e sofrer com o luto ou a própria experiência da doença, que levou tantas pessoas à internação, pode ser uma vivência traumática e desencadear transtornos de ansiedade, depressão e fobias”, ressalta Sousa.

Ainda assim, esse mundo mais fechado imposto pela pandemia não deixou de ser algo confortável para muitos fóbicos sociais.

Ora, eles não eram mais obrigados a se expor em situações públicas cara a cara e podiam ficar em casa sem serem julgados por isso. Só que a reinserção em sociedade, com a retomada das atividades presenciais, surge como um novo desafio.

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E um dos primeiros “entraves” é a desobrigatoriedade gradual do uso das máscaras.

Segundo um estudo da Universidade de Waterloo, no Canadá, esses acessórios eram vistos como uma estratégia de auto-ocultação, permitindo que pessoas com ansiedade social escondessem falhas que julgavam ter.

Tantas vezes, o desejo de passar despercebido — numa ida ao mercado, por exemplo — motivava mais a utilização da máscara do que a necessidade de se proteger do vírus. “Botar a cara no sol”, como se diz, não será um processo fácil para essa gente. Literalmente.

“Nesse período, muitos fóbicos sociais que estavam em tratamento acabaram perdendo o acompanhamento e os avanços que tinham feito. Daí é necessário começar tudo de novo”, observa Nardi.

Sousa concorda e acredita que o transtorno possa ser exacerbado após o tempo de reclusão: segundo o professor da USP de Ribeirão Preto, quem esteve mais isolado nesses meses todos tende a sofrer na volta à vida presencial.

Bem, pesquisas pelo mundo todo não deixam negar que problemas como ansiedade e depressão ficaram ainda mais em alta com a pandemia. Mas será que os temores e as mudanças que vieram no seu rastro deixarão mais pessoas com fobia da vida em sociedade?

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Antes de tudo, é preciso entender que o receio de voltar a reuniões de trabalho, bares e festas é absolutamente legítimo e normal — inclusive para quem não tem fobia social.

“Durante a pandemia, todos nós ficamos com um medo aumentado e justificado de uma contaminação, o que não quer dizer que todos desenvolvemos algum transtorno. O risco era real, precisávamos ter mais cuidados ao estar com as pessoas e evitar contatos e compartilhamentos”, justifica Sousa.

E, mesmo agora, com a vacinação em curso, tudo bem ainda ter medo! “O vírus segue circulando, e ele pode adoecer e matar. Não é irracional temer um ambiente com pessoas e o risco de se contaminar”, avalia Ponte. “O transtorno psíquico aparece quando esse comportamento passa a gerar sofrimentos e prejuízos ao indivíduo”, conclui o psicólogo.

Essa é a fronteira, às vezes tênue, entre o medo normal e o patológico: quando essa emoção vira algo constante, desproporcional e paralisante.

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Se a pessoa ainda hoje não consegue sair de casa para realizar atividades simples como ir à farmácia ou ao supermercado, mesmo vacinada e de máscara, é sinal de que ela talvez precise de ajuda profissional.

Mas isso não significa, como tanta gente vem dizendo por aí, que ela está com fobia social.

“A fobia social não se relaciona com o medo do contágio em si. E existem outros transtornos que se desencadearam mais com a ameaça do coronavírus, como quadros obsessivo-compulsivos e a própria fobia de contágio”, diferencia Sousa.

A peculiaridade desta pandemia fez até especialistas estrangeiros criarem um nome próprio para o pavor do vírus, a “coronofobia”.

Ela engloba o medo persistente de pegar o patógeno, ficar gravemente doente, ter sequelas, morrer, perder ou contaminar entes queridos ou enfrentar repercussões financeiras da crise global.

Reflita: quem não ficou agoniado com uma dessas situações nos últimos dois anos? De novo, o problema surge quando a fobia imobiliza e faz o corpo e a mente sofrerem.

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E não são só os adultos que padecem com o “efeito pandemia”. Ela gerou uma série de preocupações com o desenvolvimento social de crianças e adolescentes.

“Existem evidências de que aquelas que nasceram nesse período apresentam mais atrasos em termos de desenvolvimento porque isso depende muito dos estímulos sociais”, conta o psiquiatra da infância e adolescência Guilherme Polanczyk, professor do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

Mas, contrariando a angústia dos pais, esse não é um impacto determinante nem algo que obrigatoriamente o pequeno vá levar para o resto da vida.

“Não se trata de algo que não possa ser recuperado, pois o desenvolvimento das crianças é muito dinâmico e, assim que o convívio é restabelecido, a maioria tende a responder bem às novas experiências”, tranquiliza Polanczyk.

No entanto, os mais novos que já sofriam com a fobia social antes da pandemia podem penar, a exemplo dos adultos, com a retomada dos contatos presenciais.

“A acomodação no período foi grande. Essas crianças criaram suas próprias bolhas e utilizaram suas estratégias para evitar os outros. E, agora, estão sentindo uma dificuldade muito maior de voltar à escola”, afirma o psiquiatra Luis Augusto Rohde, professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“A pandemia foi um importante gatilho para a depressão em crianças e para a piora de sintomas do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), mas não para a fobia social. Na verdade, ela foi um fator de tamponamento para quem tinha o transtorno, porque deu uma justificativa socialmente aceita para evitar as interações”, esclarece o especialista em saúde mental de crianças e adolescentes.

Toda essa discussão vem à tona para mostrar que não dá para normalizar a fobia social ou outros problemas que travam a convivência entre as pessoas. Inclusive porque tem tratamento!

Ele contempla de psicoterapia a prescrição de medicamentos. “Com a abordagem certa, dá para melhorar a qualidade de vida e o desempenho social”, garante Nardi.

E Sousa completa: “Como todo quadro de transtorno mental, quanto antes detectarmos, maior a chance de um bom prognóstico e de impedir que a situação se agrave”. A fobia social não é uma condição eterna irremediável. É possível viver com os outros sem tanto medo.

O plano de superação

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais efetivas para o tratamento da fobia social. Veja o que ela contempla:

Técnicas de relaxamento
São úteis para controlar os sintomas físicos. Elas ajudam a aliviar a tensão e as reações provocadas pela ansiedade. Aos poucos, o fóbico não sofre tanto antes de enfrentar situações como falar em público.

Treinamento de habilidades
Aprender a se aproximar das pessoas pode começar pelo básico: conseguir dar um bom-dia ao entrar no elevador e olhar no olho de alguém em uma conversa até frequentar locais cheios de gente.

Exposição gradual
Entrar em situações que provocam o temor é uma tática para entender o que se passa no momento. Com orientação profissional, isso permite ressignificar aquele medo irreal e se dessensibilizar para seguir adiante.

Reestruturação cognitiva
O receio da opinião alheia vem junto de pensamentos ruins. A ideia da psicoterapia é moldar o cérebro para que as projeções de medo sejam percebidas como ilusórias e as más sensações não venham toda hora.

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O temor do outro – a fobia social em tempos de crise Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Maio Vermelho: tabagismo e outros fatores de risco para o câncer de bexiga

Em nome da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional SP), aproveito o mês de combate ao tabagismo para alertar a população sobre o fato de que o cigarro é o principal fator de risco para o aparecimento do câncer de bexiga.

Tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7 mil substâncias químicas – sabemos que pelo menos 70 favorecem o aparecimento de tumores. Estima-se que o hábito de fumar seja responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais e fumantes têm de 4 a 7 vezes mais chance de desenvolver esta neoplasia.

No caso da bexiga, o risco é aumentado porque estes compostos químicos deletérios são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e são filtrados pelo rim, que produzirá uma urina “contaminada”. Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares.

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Além do tabagismo, compostos químicos chamados aminas aromáticas, dentre outros, favorecem a doença. Então, trabalhadores de alguns setores da indústria estariam em maior risco, como os da tinta, de corantes e da borracha.

Um quimioterápico chamado ciclofosfamida também aumenta o risco de câncer de bexiga.

E, por fim, problemas crônicos da bexiga podem desencadear a doença. São, em resumo, situações que causam inflamação na bexiga, como infecções urinárias constantes, pedras na bexiga e infecção por esquistossomose (a popular Barriga D’água).

+Leia também: a relação do câncer de bexiga com o diabetes

O câncer de bexiga pode alterar o padrão urinário, provocando sintomas chamados de armazenamento (ou irritativos). Eles nada mais são do que o aumento da frequência com que o indivíduo urina, tanto de dia quanto de noite, a necessidade de urinar com urgência, além de dor e queimação ao urinar.

Entretanto, em alguns casos, o tumor provoca sangramento microscópico, que só é identificado pelo exame de urina. Qualquer sangramento urinário demanda que o paciente procure com brevidade o seu urologista ou o sistema público e os serviços de atenção primária à saúde.

Já um cenário de doença mais avançada, o paciente pode apresentar dor nas costas e emagrecimento.

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Baixa nos diagnósticos

Estudo realizado pela SBU-SP, em parceria com instituições de saúde responsáveis pelo atendimento de pacientes do SUS, revela que a pandemia provocou, indiretamente, uma redução média de 26% no diagnóstico de novos casos de tumores de rim, próstata e bexiga. Isso é grave! Os dados compararam a identificação de novos casos de câncer gênito-urinário nos anos de 2019 e 2020.

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Mais especificamente em relação ao tumor de bexiga, o Hospital das Clínicas da UNICAMP, por exemplo, observou uma queda de 52% no diagnóstico de novos casos. No A.C.Camargo Câncer Center, a redução foi de 24%.

Importante dizer que quem já teve uma vez o câncer de bexiga corre um risco adicional de voltar a sofrer com ela. Mais de 1/3 dos pacientes apresentarão recidiva em cinco anos, e o risco de a enfermidade voltar depende de algumas características do tumor inicial.

Portanto, é importante que, uma vez diagnosticado e tratado, o paciente mantenha posteriormente o seguimento periódico estabelecido por seu urologista.

A boa notícia é que, quando a doença ainda não invadiu a musculatura da bexiga, o que felizmente ocorre em aproximadamente 75% dos casos, a sobrevida neste cenário é superior a 95% em cinco anos.

Uma vez levantada a suspeita, o paciente deverá ser submetido a um procedimento chamado cistoscopia, que é uma endoscopia das vias urinárias. Na cistoscopia, por meio da uretra (canal da urina), introduz-se uma câmera que identifica uma eventual lesão no interior da bexiga.

Na maioria das vezes, é possível realizar a ressecção do tumor durante a própria cistoscopia e enviar o material para análise do patologista. Com isso, saberemos se é ou não um tumor maligno e qual seu subtipo, assim por dizer. Também é possível fazer o estadiamento local – ou seja, até qual camada da bexiga o câncer chegou.

Se a lesão não invadir o músculo da bexiga, muitas vezes esse procedimento é curativo. Em alguns casos, só é necessário complementar a terapêutica com instilações de substâncias na bexiga durante o seguimento pós-operatório.

Já quando o tumor invade a musculatura da bexiga, o câncer é mais avançado e o tratamento precisa ser mais agressivo. Aproximadamente 1/3 dos casos são diagnosticados nesta fase.

A dica valiosa é parar com o tabagismo, pois, em dez anos, o risco de câncer de bexiga cai pela metade. Essa seria a principal prevenção. Outras medidas preventivas são: proteção adequada no ambiente de trabalho em que há exposição às aminas aromáticas, beber muito líquido e uma dieta rica em frutas e vegetais.

Incidência

No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que o câncer de bexiga é a 7ª neoplasia mais comum em homens, atingindo cerca de 7,5 mil anualmente. No mundo, de acordo com levantamento do Global Cancer Observatory, a incidência supera 550 mil novos casos por ano.

Sabe-se que a maior incidência de casos é em homens: cerca de 3 a 4 vezes mais do que em mulheres. Isso ocorre, provavelmente, porque indivíduos do sexo masculino estão, ou estiveram, mais expostos aos fatores de risco, como tabagismo e exposição aos compostos químicos no ambiente de trabalho.

Mais de 70% dos tumores são diagnosticados após os 65 anos (a idade média é aos 73 anos). Pessoas de raça branca têm aproximadamente duas vezes mais risco de desenvolverem a doença.

*Dr. Marcelo Wroclawski é presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional SP).

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Esclerose múltipla: quais os desafios atuais (e, afinal, o que ela é)?

O 30 de maio marca o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, uma doença inflamatória, degenerativa e autoimune. Ela tem sintomas diferentes e tratamentos particulares em cada indivíduo. Mas os desafios da esclerose múltipla vão além da ciência e da medicina.

Associações como a Amigos Múltiplos da Esclerose (AME) lutam pela equidade no acesso a medicamentos e a mais direitos entre as pessoas diagnosticadas. Já entraremos nesses problemas – antes, alguns parágrafos sobre a doença em si.

O que é esclerose múltipla?

É uma doença inflamatória e degenerativa que atinge o sistema nervoso – que se expande do cérebro à coluna espinhal. Ela é também autoimune (quando o nosso sistema imunológico se volta contra o organismo). No caso, as defesas do corpo se voltam contra as bainhas de mielina, estruturas que garantem a transmissão de mensagens entre os neurônios.

Imagine a mielina como uma capinha de gordura que protege um fio elétrico (o axônio) usado como comunicação entre os neurônios. “Na esclerose múltipla, é como se os ataques começassem a desencapar o fio”, sintetiza Gustavo San Martin, que convive com a doença há 11 anos e é cofundador e diretor geral da AME. Se o fio fica sem proteção, as mensagens não chegam como deveriam – é uma espécie de curto-circuito.

Esse curto-circuito, por sua vez, gera sintomas como fadiga, visão embaçada, tontura, rigidez muscular e déficits cognitivos, explica o neurologista Denis Bichuetti, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Os sintomas iniciais variam. “O meu primeiro, por exemplo, foi a visão embaçada”, relata San Martin. Há diferenças na gravidade e na forma como esse processo de inflamação se manifesta.

O que são os surtos?

Os tão falados surtos relacionados à esclerose múltipla tem como definição médica sintomas neurológicos novos, com duração maior de 24 horas e sem ausência de febre ou infecção.

“De repente, surge uma fraqueza na perna, que vai piorando com o tempo. Mas que pode se resolver sozinha ou pelo menos parar de piorar entre três a quatro semanas”, explica a neurologista Inara Taís de Almeida, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia e da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem).

Hoje, há medicamentos que aliviam e abreviam os surtos.

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Quais são os tipos de EM?

Primária progressiva: essa corresponde a 15% dos casos e tende a ser mais agressiva. Há uma piora constante e gradual – quase como se os surtos não fossem embora.

Esclerose múltipla remitente-recorrente: essa representa 85% dos casos. Nesse tipo, os surtos vêm e vão. Parte dos paciente, no entanto, podem evoluir para uma forma progressiva (progressiva secundária) mais ou menos dez anos após o  diagnóstico. Aí o quadro fica mais severo e complexo.

Quais são as causas?

Elas ainda são desconhecidas. Mas a ciência conseguiu a grupos e fatores de risco. Começando pelo fato de que é mais comum em mulheres e jovens de 20 a 40 anos.

“Há cerca de 200 alterações genéticas possíveis que levam à esclerose múltipla. Cada uma aumenta, em média, o risco de desenvolver a doença em torno de 1,3% a até 3%”, calcula Bichuetti.

Ou seja, quanto mais dessas mutações estiverem presentes, mais provável o surgimento da enfermidade. “Por outro lado, posso ter todo esse aparato genético e não desenvolvê-la”, pondera o neurologista.

Há pesquisas associando o consumo de alimentos ultraprocessados e ricos em sal ou  a própria obesidade desde a adolescência com a esclerose múltipla, por exemplo. Mas ainda não se sabe se, de fato, essas questões aumentam o risco da doença.

Mais recentemente, descobriu-se que o vírus Epstein-Barr pode ajudar a desencadear a doença.

Sintomas da esclerose múltipla

Eles costumam surgir entre os 20 e 40 anos, e é preciso observar a evolução. “Todo mundo já sentiu tontura ou formigamento em uma parte do corpo. Só que no caso da esclerose múltipla, esses sintomas vão piorando em semanas”, diferencia Bichuetti.

Os sintomas mais comuns são:

  • Visão embaçada ou dupla
  • Dificuldade para andar (um cambaleio ou uma perna mais pesada que a outra)
  • Formigamentos
  • Alterações urinárias sem explicação

Para difundir o conhecimento de sintomas entre médicos de outras especialidades, Bichuetti criou um protocolo para ser divulgados nas unidades básicas de saúde do SUS, que ainda inclui:

  • Dificuldade de marcha, quedas, tropeços e muita fadiga, especialmente em pessoas abaixo de 50 anos de idade
  • Sintomas neurológicos transitórios, como fadiga, dificuldade de marcha, embaçamento visual, que pioram com o calor e podem melhorar em dias mais frios
  • Dor neuropatica, como queimação, formigamento e cãibras frequentes em pessoas com menos de 50 anos
  • História de múltiplas manifestações neurológicas como as descritas acima, que pioram e melhoram ao longo de anos, e que não são explicadas por outras doenças

Diagnóstico

A ressonância magnética é o carro-chefe dos exames na hora de investigar a esclerose múltipla. No indivíduo com a doença, esse método aponta lesões no cérebro.

Mas, isolada,  a ressonância magnética não bate o martelo. “Essas lesões também podem decorrer de lúpus, HIV, hepatite B, tumores. Uma bateria de exames de sangue ajuda a descartar essas e outras doenças como artrite reumatoide. O indivíduo vai colher de 16 a 18 tubinhos de sangue”, conta Bichuetti.

Pode ser necessária ainda a coleta de liquor – quando é feita a punção de um líquido da medula óssea.

Tratamento

Se a esclerose tem múltiplos sintomas, o seu tratamento segue a mesma lógica. Cada paciente terá uma solução diferente.

Há o tratamento para aliviar os surtos com remédios e terapias contra dor, insônia, fadiga, depressão, rigidez muscular. Já os medicamentos de uso contínuo reduzem a atividade da doença, previnem as crises e até interrompem a progressão.

“No mundo, há hoje 16 tratamentos reconhecidos, e no Brasil são cerca de 13 medicamentos com bula aprovada pela Anvisa. Destes, nove estão disponíveis no SUS”, conta Bichuetti. “Nenhum pode ser visto como bala de prata”, completa.

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Enquanto um fármaco menos agressivo já dá conta do recado em algumas pessoas, outras necessitam de terapias mais intensas, ou combinadas.

Medicamentos disponíveis

A lista de remédios para os diferentes tipos de esclerose múltipla cresceu nos últimos anos no Brasil, tanto na rede pública como na privada. Em 2018, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o remédio ocrelizumabe, da farmacêutica Roche, para as duas versões da doença: a remitente recorrente e a primária progressiva.

Tipos de medicamentos disponíveis

Imunomoduladores convencionais: são os mais antigos. Administrados por meio de injeções, têm potência baixa.

Imunomoduladores sintéticos: no SUS, esses comprimidos são prescritos quando a situação tem uma gravidade média.

Anticorpos monoclonais: grupo dos princípios ativos mais modernos e potentes. O problema é o custo elevado.

Terapias de apoio: Fisioterapia, suporte emocional e fortalecimento físico são essenciais para minimizar as sequelas

+ LEIA TAMBÉM: Esclerose múltipla: novo tratamento já era usado contra outras doenças

Acesso ao tratamento

Os avanços da medicina, no entanto, ainda não estão disponíveis a todos. A busca pelo acesso ao melhor tratamento é a maior luta da AME, na visão de San Martin.

“Quem é diagnosticado com a esclerose múltipla do tipo progressiva não tem cobertura obrigatória pelo SUS de nenhum medicamento. O protocolo aprovado pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema de Saúde) se concentra na forma remitente-recorrente. E há algumas terapias indicadas que são consideradas ultrapassadas”, lamenta.

Saber o protocolo correto dentro de tantas especificidades também depende de médicos especializados. “Talvez nos grandes centros seja mais fácil encontrar profissionais com familiaridade para essas drogas, mas nas regiões mais afastadas essa personalização do tratamento é um desafio”, conta San Martin.

+ LEIA TAMBÉM: Pesquisa mapeia os impactos da esclerose múltipla

Desemprego e equidade no tratamento são desafios

“Deve existir alguém com quem você já trabalho que foi diagnosticado com esclerose múltipla e você nunca soube”, aposta Bichuetti.

É que a doença pode ser silenciosa ou estar bem controlada, mas nem por isso livra o paciente de surtos incapacitantes. “A fadiga que eu sinto às vezes é aquela em que você dorme 16 horas e ela não passa. É difícil falar porque a língua enrola”, relata San Martin.

Há outros desses sinais que prejudicam a rotina, como a depressão, comum entre os diagnosticados, distúrbios do sono e alterações de humor.

Diante disso, Bichuetti coleciona relatos de pacientes que abriram o jogo sobre a doença a seus contratantes e acabaram demitidos. Tanto que em conjunto com a AME e com o apoio da Unifesp, há dois anos ele publicou um levantamento sobre o tema. Os dados apontaram que a taxa de desemprego entre pacientes quase dobra após o diagnóstico da doença: de 23% para 41%.

+ LEIA TAMBÉM: Um sintoma diferente da esclerose múltipla: o desemprego

“É preciso encarar a esclerose múltipla como qualquer doença crônica. Ela tem tratamento e não tira a capacidade da pessoa de trabalhar e de relacionar”, reforça Inara. Claro que alguns ajustes podem ser necessários, mas o paciente é capaz de desempenhar muito bem.

Dito isso, confira respostas para dúvidas comuns sobre a esclerose múltipla:

Atividade física é benéfica?

Pode parecer estranho usar exercícios físicos como tratamento de uma doença que tem a fadiga como um dos piores sintomas. Mas sim: os exercícios devem fazer parte da vida dos diagnosticados.

“A atividade física vai melhorar os sintomas que justamente eram empecilhos para se exercitar”, avalia Inara. O jeito de praticá-los é o que muda. “É preciso começar de forma lenta e gradual, e estamos falando de minutos por semana. Aos poucos, esse tempo aumenta e a pessoa começa a sentir diferença na qualidade de vida”, esclarece Inara.

Mulheres com esclerose múltipla podem engravidar?

Ter uma gestação não é contraindicado a essas pacientes, segundo Inara. Embora demande alguns cuidados, a gravidez tem inclusive um ponto positivo: ela ajuda a aliviar os sintomas.

“O sistema imune da pessoa com esclerose múltipla está muito ativo, por isso vêm os surtos. Já a gestação reduz essa atividade imunológica e faz a doença ficar mais quieta. A maior preocupação é o puerpério, porque aí os surtos podem voltar”, relata Inara.

De todo modo, há um cuidado extra com o tratamento. “Já existem medicações que podem ser utilizadas em alguns períodos da gestação, mas é preciso fazer um plano”, esclarece a médica.

Esclerose não é um problema de idosos?

O brasileiro ainda tende a relacionar o termo “esclerose” com “demência em idosos”. Só que não! Esse conceito errôneo prejudica pessoas a descobrirem a doença mais cedo.

“O indivíduo diagnosticado pode até ter uma alteração cognitiva relacionada à falta de atenção e dificuldade de concentração, mas a franca demência ocorre em apenas 5% dos pacientes que não recebem tratamento”, esclarece o neurologista.

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O plano de saúde está caro? Saiba o que fazer para mudar de convênio

O setor privado de saúde já conta com 49,1 milhões de beneficiários, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Isso evidencia, entre outras coisas, a insegurança do brasileiro em depender só do SUS. Manter essa assistência médica, no entanto, se tornou um desafio para as famílias, principalmente em um cenário de inflação alta, aumento dos preços e redução do poder de compra.

Ainda mais com o último anúncio da ANS sobre o índice máximo de reajuste para planos individuais e familiares de 15,5%, o maior na série histórica. 

Ao longo dos últimos anos, deparamos com uma postura arrojada do mercado de saúde suplementar. Isso impulsionou o aumento das contratações de produtos com rede própria e mais acessíveis, a troca de operadora e até maior dependência da rede pública.

No movimento de mudança do plano de saúde, muitas pessoas relatam inúmeros empecilhos criados pelas empresas para trocar o produto, principalmente quando há doença crônica, lesão preexistente, deficiência ou idade avançada.

+ LEIA TAMBÉM: O que levar em conta ao escolher um convênio?

Mas qualquer barreira imposta pelo convênio médico é ilegal. O entendimento que prevalece na Justiça é a exigência de carência pelo período de 24 horas para atendimentos considerados de urgência ou emergência, que impliquem risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente. Caso o consumidor tenha algum tipo de doença grave, a restrição de cobertura exigida é de dois anos.

Então, quando é possível alterar a assistência médica sem carência? A portabilidade permite trocar de plano, a qualquer momento, sem a exigência do cumprimento de novos prazos de carência e Cobertura Parcial Temporária (CPT) de 24 meses, quando observados os seguintes requisitos:

– O plano de origem deve ter sido contratado após 1º de janeiro de 1999 ou ter sido adaptado à Lei dos Planos de Saúde (Lei nº 9.656/98);
– O contrato atual deve estar ativo;
– O beneficiário deve estar com as mensalidades em dia;
– O plano de destino deve ter preço compatível com o atual;
– O beneficiário deve cumprir o prazo mínimo de permanência no plano (primeira portabilidade: dois anos de permanência no plano de origem ou três anos se tiver cumprido a CPT; segunda portabilidade: permanência de ano ou dois no plano de origem, caso a portabilidade para o plano de destino englobe coberturas não previstas no anterior).

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A portabilidade é exercida individualmente pela pessoa física. Porém, a isenção pode ser aplicada a planos individuais/familiares, coletivos por adesão ou até mesmo empresariais.

Após o pedido de portabilidade, a operadora de destino terá o prazo de até dez dias para analisar a solicitação. Caso a empresa não responda dentro do prazo máximo, a aceitação deve ser automática.

O plano de origem não deve ser cancelado até a efetivação da portabilidade. Finalizado o processo, a assistência médica anterior deverá ser informada para que realize o cancelamento até o quinto dia após o início da vigência do novo.

+ LEIA TAMBÉM: Outros artigos da coluna “Seus Direitos na Saúde”

Outra hipótese de mudança se dá por intermédio da aplicação da Súmula Normativa nº 21 da ANS, que obriga o convênio a considerar todos os prazos de carência já cumpridos dentro da mesma operadora.

Mesmo atendendo a todos os requisitos previstos, nem sempre o consumidor consegue efetivar a troca do convênio. Diante dos obstáculos, muitas vezes o poder judiciário vira alternativa para intervir em condutas abusivas das operadoras.

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