Exaustão e preocupação constante são os fatores que mais sabotam o bem-estar no ambiente de trabalho. Esse é um dos resultados de uma pesquisa realizada pela plataforma Zenklub, que ouviu 500 funcionários de empresas de todas as regiões do Brasil em março deste ano.
As questões respondidas pelos participantes consideram os seguintes fatores: relacionamento com líderes e com colegas, conflitos, exaustão, preocupação constante, desconexão do trabalho, volume de demanda, autonomia e participação e clareza das responsabilidades.
Entre esses componentes, o mais citado foi a exaustão (39%). Na sequência, vem a preocupação constante (30%). Juntos, eles representam 69% das respostas.
Cabe destacar que ambas as características podem integrar um quadro de burnout – definido como exaustão física e mental provocada pelo trabalho. A carga de tarefas em si ou clima no expediente não raro disparam esse problema.
Hoje, o burnout é considerado uma síndrome ocupacional pela própria Oganização Mundial da Saúde (OMS).
“Essa exaustão apontada na pesquisa reflete a forma de trabalho dos últimos dois anos. Estamos mais digitalizados e precisamos sempre estar disponíveis. Ou seja, nem sempre esse cansaço é reflexo de uma alta demanda de trabalho”, contrapõe Rui Brandão, médico, CEO e cofundador da Zenklub.
Já o alto índice de preocupação constante, segundo Brandão, teria a ver como a dificuldade para se desconectar do trabalho fora do expediente ou realizar pausa. A sensação de culpa ao tirar folgas ou férias também inflaria esse número.
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Ao analisar a exaustão, dados interessantes surgem conforme a faixa etária e o gênero. Por exemplo: 53% das mulheres afirmam que o cansaço vem do volume de demanda.
“Elas são mais atingidas por jornadas duplas e até triplas de trabalho, que se acentuaram durante a pandemia”, conta o CEO. Brandão lembra que as mulheres se sobrecarregaram ainda mais com o isolamento na pandemia, uma vez que cuidaram mais de filhos e da casa.
Já os jovens entre 25 e 34 anos são os mais esgotados. E eles também reclamam da quantidade de tarefas (47,3%). “Essa faixa etária é altamente estimulada pelas redes sociais, que têm conexão com ansiedade, depressão e déficit de atenção”, avalia Brandão.
Índice dá sinal amarelo na média nacional
A pesquisa em questão usa dados como os apresentados para criar o chamado Índice de Bem-Estar Corporativo (IBC). Ele consiste de uma nota que vai de 0 a 100 pontos – quanto maior, melhor. Empresas podem usar esse índice para verificar se os funcionários estão de bem com a vida – e, de maneira mais geral, é possível verificar se o cenário corporativo no Brasil é saudável ou não.
Pois bem: o levantamento feito em 2022 chegou a um média de 61 pontos, o que coloca a maioria das empresas no nível de atenção – representado pela cor amarela. O ideal é ficar acima de 78 pontos (sinal verde). Por outro lado, a situação fica crítica quando o número está abaixo de 53 (sinal vermelho).
Para subir no conceito da saúde mental, as empresas precisam primeiro acolher considerar essa questão, segundo Brandão. “Se não tivermos mais conversas sobre o ser humano que está ali trabalhando, e não só sobre custos, vamos continuar agindo como um moedor de carne”, informa o empresário.
A boa notícia: companhias que se preocupam com o bem-estar físico e mental de seus colaboradores asseguram equipes mais fiéis e motivadas, na experiência de Brandão. “Abrir caminho para conversa é a primeira coisa a se fazer. Depois é necessário treinar as lideranças e o departamento de recursos humanos para lidar com as respostas que virão”, explica Brandão.
Os dois fatores que mais afetam o bem-estar no trabalho, segundo pesquisa Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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