Todas, ou pelo menos a maioria das mães ao ler este texto, passaram por isso: assim que descobrimos a gravidez, iniciamos a saga nas redes sociais procurando roupinhas e dicas de sono e de rotina e passamos a acompanhar outras mães no Instagram.
E, tão logo entramos no mundo da maternidade, deparamos com fotos e histórias de mães que amamentam por pelo menos dois anos, conseguem manter a casa impecavelmente limpa, deixam seus filhos sempre arrumados e de cabelos penteados e ainda os fazem comer todos os vegetais do prato. É difícil não se comparar, e aí acabamos vivendo a “síndrome da mãe insuficiente”.
Eu, e talvez você também, não conseguimos acompanhar esse “alto padrão”, e, honestamente, se esse for o padrão-ouro da maternidade, definitivamente não sou mãe o suficiente. No final das contas, não poderia nem me considerar uma boa mãe.
Mas, calma lá, quando olho para minhas filhas com um sorriso sincero no rosto, aprendendo coisas novas a cada dia, e converso com outras mulheres que se sentem “insuficientes” como eu, concluo que o sonhado patamar que muitas mães tentam alcançar é irreal.
A sociedade de comparações tem criado uma batalha entre mães. Além dos padrões exigidos, há um monte de pontos de discussão: amamentação X mamadeira; chupeta X chupar o dedo; telas X livros; introdução alimentar tradicional X método BLW. Tudo é motivo para comparação.
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Só que, no meio dessa luta, quem realmente perde são as próprias mães, que insistem em ignorar a individualidade de seus filhos em prol da moda do momento. Em artigo publicado no livro Are You Mom Enough, a americana Christine Hoover diz o seguinte:
“Existe um perigo inerente em reunir mães em um quarto: imediatamente comparamos os marcos, as personalidades e os hábitos de sono de nossos filhos. Na verdade, estamos comparando a nós mesmas, imaginando se somos boas mães. […] Até pararmos de nos comparar ou de dizer a outras mães que elas deveriam ser mães de acordo com nosso jeito, vamos passar nosso tempo juntas nos sentindo isoladas e condenadas.”
A verdade é que todas as mães têm o mesmo objetivo: criar os filhos para serem seres humanos respeitosos, responsáveis, inteligentes e capazes de contribuir para um mundo melhor. Capazes de realizar seus próprios sonhos e serem felizes.
Por isso, essas discussões entre as mães não deveriam nem sequer existir. Não se trata de competição, mas de construção. A causa é maior. Então, imagine se, em vez de comparações e comentários destrutivos, cultivássemos empatia e acolhimento?
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A maternidade já é um período especialmente desafiador. O que nós, mães, precisamos fazer é dar as mãos e apoiarmos umas às outras, ao invés de julgar a criação dos filhos alheios. Construir em vez de destruir.
Mas, afinal, qual é a melhor forma de maternar? Como posso ser uma mãe suficientemente boa? Como saber o que é melhor para os meus filhos diante de tanto palpite?
A resposta é: depende. Depende de você e sua família, suas crenças e circunstâncias.
Amamentar até os 2 anos é o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e proporciona incríveis benefícios para o bebê e para a mãe. No entanto, existem mulheres que retornam ao trabalho e não conseguem manter a produção de leite ou que estão exaustas com o processo de acordar na madrugada com uma criança associando o peito ao sono.
Da mesma forma, munida de todas as evidências em relação aos riscos e vantagens da chupeta, uma mãe pode decidir oferecê-la ao seu bebê. E eu pergunto: essas mães são menos mães? CLARO QUE NÃO! São simplesmente mulheres que estão buscando prover o que é melhor para sua família e para si mesmas.
Além disso, precisamos considerar que cada criança é um ser único, diferente do outro. Para quem tem mais de um filho em casa, é fácil perceber que as ferramentas usadas na disciplina e no ensino de um podem não funcionar para o outro.
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O estabelecimento da rotina e do momento de dormir pode ser mais tranquilo quando se tem uma criança que adormece no berço, mas pode ser um trabalho árduo quando o bebê chora diariamente com cólicas. Por essa razão, não podemos estabelecer um padrão. Nunca.
As crianças, ainda que compartilhando o mesmo pai e a mesma mãe, são tão diferentes. E sabe de uma coisa? Essa é a maior beleza que podemos desfrutar ao criar os filhos. É uma forma de mostrar a todos os pais (e mães, principalmente) que não há motivo nenhum para se atordoar com comparações.
Sem o mito da mãe perfeita
Sabe o que você pode fazer todas as vezes que ver aquela mãe aparentemente perfeita e autossuficiente?
Primeiro, entender que todas (repito: TODAS) as mães têm suas dificuldades. Pode ser que não compartilhem as mesmas lutas que você, mas certamente lutam. Quando olhamos o outro pelos olhos do outro, podemos enxergar suas dores também. Comece a enxergar com esse olhar, porque, onde tem amor de mãe, não cabe julgamento.
Segundo, não coloque seu filho numa caixinha. Entenda que ele é único e, ao tentar moldá-lo para entrar nessa caixa, você pode prejudicá-lo. Confie no potencial dele. Precisamos dar colo, carinho, incentivo e segurança. O maior combustível para ele alçar voos mais altos.
Terceiro e último: entenda que você está fazendo seu melhor, e isso sim é ser mãe suficiente. Tenha por certo que o seu filho sabe quanto você o ama. Quanto se esforça e até mesmo quanto você se culpa. Ele sente o seu amor em cada gesto diário, seja ninando em seu colo, seja dando de mamar em madrugadas insones, seja cuidando dele quando está doente.
Você é a melhor mãe que seu filho poderia ter. Embora não seja perfeita, você é a mãe suficiente. E isso basta.
Mas o que é ser uma mãe “suficiente”? Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br
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