terça-feira, 17 de maio de 2022

Precisamos encarar o colesterol alto como um problema sério

Como médico e professor de cardiologia, me deparo diariamente com questões e dúvidas focadas no coração. No entanto, é importante entender que a aterosclerose, o processo de formação das placas capazes de obstruir as artérias, atinge muito mais que um só órgão.

Estamos falando de uma doença que acomete o corpo inteiro e para a qual existe um conjunto de fatores de risco. Um dos principais é o colesterol alto.

O colesterol é carregado na corrente sanguínea em microesferas chamadas lipoproteínas. A LDL é uma delas: distribui o colesterol pelo organismo e seu excesso é o maior responsável pelo desencadeamento da aterosclerose.

Só que colesterol alto não dói, ninguém se queixa disso.

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Basicamente, a aterosclerose é caracterizada por placas repletas de gordura dentro da parede das artérias que podem obstruir o fluxo de sangue cronicamente ou se romper, causando uma oclusão aguda em um vaso. É o que está por trás do infarto do miocárdio e do AVC isquêmico.

Nesse sentido, a aterosclerose é a principal causa de morte no Brasil. E, mesmo quando os eventos não são fatais, deixam sequelas e uma maior chance de recorrência.

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Portanto, a relação é clara: conter os níveis de LDL (popularmente chamado de “colesterol ruim”) é indispensável para reduzir o risco cardiovascular e ganhar longevidade.

Para pessoas que já tiveram eventos cardiovasculares, é necessário manter o LDL-colesterol abaixo dos 50 mg/dL. Contudo, os centros de referência apontam que 62% dos pacientes não estão na meta recomendada.

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Para o LDL ficar sob controle, um estilo de vida saudável é importante, mas insuficiente. Isso significa que cuidar da alimentação, da prática de exercícios e afins é bem-vindo, só que o uso continuado de medicamentos é inescapável. Falamos de remédios largamente estudados e considerados seguros e eficazes.

Em suma, o LDL-colesterol é um fator de risco cardiovascular controlável cujo tratamento pode aumentar a expectativa e a qualidade de vida. Colesterol é coisa séria e precisa ser visto como uma “dor” urgente.

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* Andrei Sposito é professor titular de cardiologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretor do Laboratório de Biologia Vascular e Aterosclerose da instituição

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