quarta-feira, 11 de maio de 2022

Jejum intermitente não é melhor que restrição calórica para perder peso

Pesquisadores chineses aplicaram um tipo de jejum intermitente em pessoas com obesidade por um ano para avaliar seu potencial na perda de peso. Mais uma vez, no entanto, a conclusão é que ficar longos períodos sem comer não traz benefício adicionais em quem precisa reduzir a cintura – segundo o artigo, o importante é fazer uma restrição calórica.

O estudo publicado no The New England Journal of Medicine ganhou destaque pelo tempo em que os participantes foram observados. Enquanto a maioria das pesquisas aplica esses métodos por alguns meses, nesse caso os voluntários foram acompanhados por um ano.

Para fazer a comparação, 139 pessoas foram dividas em dois grupos. Parte adotou um formato de jejum intermitente em que é permitido comer apenas entre 8 horas da manhã e 4 da tarde.

A outra turma podia se alimentar em qualquer horário, porém precisava ingeria o mesmo número de calorias dos que estavam fazendo o jejum. Foi definido que homens comeriam de 1500 e 1800 calorias, e mulheres, de 1200 a 1500.

Após 12 meses, os cientistas notaram que o jejum não proporcionou uma redução de peso corporal ou da diminuição de gordura estatisticamente maior.

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Essa pesquisa tenta responder se o jejum intermitente induz o organismo a acelerar a queima de calorias, ou se a perda de peso observada em regimes nessa prática dá as caras apenas por causa da menor ingestão de comida. De acordo com ela, é a segunda opção que faz sentido.

“Fiz uma revisão sobre o tema, e a maioria dos estudos já demonstrava que ficar o jejum intermitente só tem efeito positivo quando a pessoa o usa como forma de ingerir menos calorias”, acrescenta Bruno Halpern, endocrinologista do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.

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Atenção: para algumas pessoas, restringir horário de comer pode culminar em menor comilança. Há quem, por exemplo, naturalmente dispense o café da manhã ou não goste de jantar. Para essa turma, o jejum intermitente talvez funcione.

“Mas não significa que a prática é um fórmula mágica de emagrecimento”, reforça Halpern.

Além disso, essa história de proibir a alimentação em certos horários é uma cilada para outros grupos. “Após passar muito tempo sem comer, quem tem tendência a transtornos alimentares ou de ansiedade pode descontar em itens mais fáceis e rápidos, como frituras”, lembra o nutricionista Thiago Monteiro, do Rio de Janeiro.

A escolha errada dos alimentos não leva ao emagrecimento e ainda pode prejudicar a saúde como um todo.

Para Monteiro, não há uma receita pronta para todos. “O melhor método é aquele que a pessoa consegue incorporar por toda a vida. Não adianta fazer algo por um período e depois abandonar”, defende Monteiro.

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Para além da perda de peso

Outra discussão em relação ao jejum intermitente envolve a escolha por comer apenas durante o dia e pular as refeições noturnas. “Isso porque o organismo foi feito para ingerir comida durante o dia e jejuar à noite, quando vamos dormir”, contextualiza Halpern. “Nesse caso, até pode haver uma melhora na pressão sanguínea e na resistência à insulina. Mesmo assim, esses pontos continuam controversos”, avalia.

diversos outros estudos que tentam descobrir possíveis benefícios do jejum intermitente na prevenção e até no tratamento de doenças crônicas, como o diabetes. Mas os resultados, até o momento, estão longe de firmarem uma conclusão mais sólida.

Os principais protocolos de jejum intermitente

  • 16 por 8: são 16 horas sem comer (o sono pode entrar na conta)
  • 5 por 2 de restrição: Em dois dias da semana (que não sejam seguidos), comer apenas 500 calorias
  • 5 por 2 de jejum completo: Não comer nada durante dois dias da semana. Nesse caso, os dias de jejum total não podem ser seguidos
  • Dia sim, dia não: Um dia come à vontade, e no outro não ingere nada (ou quase nada)
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Jejum intermitente não é melhor que restrição calórica para perder peso Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

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