sábado, 14 de maio de 2022

O desconhecimento é o principal adversário do coração da mulher

Os problemas cardiovasculares continuam sendo a principal causa de adoecimento e morte em todo o mundo. Apesar dos avanços médicos dos últimos anos, observamos que a redução de eventos como infartos e AVCs entre as mulheres não foi tão significativa quanto a registrada em homens.

Historicamente, as mulheres crescem com a noção de que devem fazer consultas ginecológicas de rotina e se cuidar para prevenir enfermidades como o câncer de mama. Não por acaso, temos evidências de que a mulher realiza menos exames cardiológicos e é subtratada nesse contexto. Tudo isso contribui para taxas mais altas de letalidade e de complicações.

A compreensão das diferenças quanto à evolução e ao controle dessas condições no sexo feminino é essencial para um diagnóstico adequado, a estratificação de risco e a escolha do tratamento. O que funciona para o homem pode não funcionar para a mulher.

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É necessário, assim, conhecer melhor as origens, os sintomas e a apresentação da doença cardiovascular entre elas. É a única forma de atuar precocemente e de forma mais efetiva.

Um dos desafios é o reconhecimento dos sinais suspeitos de um infarto em mulheres. Muitas vezes, ele não se manifesta com aquela dor no peito em aperto ou queimação que é desencadeada por esforço. Os sintomas podem ser atípicos: fadiga, falta de ar, dor de estômago, náuseas, dor na região cervical, na mandíbula, nos braços ou nas costas…

Sem identificá-los, familiares, médicos e a própria mulher podem menosprezá-los. Com frequência, esses sintomas aparecem em situações de impacto emocional, o que também leva as pessoas a acharem que é ansiedade, pânico, depressão…

As mulheres compartilham com os homens alguns fatores de risco cardiovascular bem conhecidos: hereditariedade, diabetes, hipertensão, tabagismo, colesterol alto, obesidade e sedentarismo. Mas podem encarar condições únicas como diabetes gestacional e hipertensão na gravidez.

Apesar de serem transitórios, ambos estão associados a maior risco de doença cardiovascular no longo prazo — daí a necessidade de um monitoramento cuidadoso.

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É interessante notar, ainda, que as mulheres tendem a sofrer com o infarto em média de dez a 15 anos mais tarde que os homens. Especula-se que isso se deva à proteção oferecida pelo hormônio estrogênio até a menopausa.

Mais recentemente, foi demonstrado que, quanto mais cedo a mulher entra na pós-menopausa, maior o risco anual de eventos cardíacos. Outro fator a ser considerado.

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Tudo isso nos leva aos estudos científicos. Somente há poucos anos as mulheres têm sido realmente incluídas nas pesquisas de saúde cardiovascular. Em geral, a representatividade feminina gira em torno de 20 a 30%, no máximo.

Para que haja mudanças nesse cenário, precisamos aumentar esses números, sensibilizar os profissionais de saúde e a população feminina e encorajá-la a adotar bons hábitos e o acompanhamento médico regular. Afinal, conhecimento é sinônimo de proteção para o coração da mulher.

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* Paola Smanio é cardiologista do Grupo Fleury e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP)

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