segunda-feira, 23 de maio de 2022

Mielodisplasia: desconhecimento pesa no diagnóstico e no tratamento

Você já ouviu falar em síndrome mielodisplásica ou mielodisplasia? Mesmo em espaços especializados em saúde, essa doença nem sempre é abordada com a devida frequência e conhecida pelos profissionais. Para entender seus impactos e o diagnóstico e tratamento, primeiro é necessário explicar de onde ela vem e o que provoca no organismo.

A síndrome mielodisplásica é um tipo de câncer que aparece predominantemente em idosos, apesar de existirem também casos em crianças. A maior incidência acontece a partir dos 65 anos, sendo que os homens têm maior probabilidade de serem afetados do que as mulheres.

Na maioria dos quadros clínicos, a mielodisplasia é acompanhada de alterações que impedem a medula óssea de produzir de forma suficiente as células do sangue. Isso acontece pela falência medular ou pela proliferação anormal de certas células, num processo que lembra o da leucemia.

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Nos Estados Unidos, a incidência desse câncer considerado raro é de 3 a 5 casos por 100 mil habitantes por ano, aumentando significativamente com a idade, de acordo com a MDS Foundation, que registra entre 12 mil e 20 mil casos anualmente no país. No Brasil, a incidência está em torno de 5 casos por 100 mil habitantes.

O diagnóstico começa com a identificação da redução no número das células do sangue, que fica abaixo dos níveis normais. Nesse caso, é recomendado um estudo completo da medula óssea para a confirmação do quadro. A pesquisa de mutações genéticas por técnica de sequenciamento de nova geração auxilia a estabelecer também o diagnóstico e o prognóstico para o paciente.

A mielodisplasia permanece um desafio diagnóstico e terapêutico. Por conta disso, nos últimos anos diversos centros médicos estão aprimorando suas pesquisas em busca de novas opções de tratamento. Hoje é consenso entre os profissionais que a principal forma de tratar é o transplante de medula óssea.

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Ele pode levar à cura da doença. Mesmo assim, nem todo mundo está apto a esse procedimento, justamente pelo fato de a doença atingir a maior parte dos pacientes acima de 60 anos.

Outras opções de tratamento são os fatores de crescimento da medula óssea, agentes hipometilantes ou quimioterapia em situações específicas, ou, ainda, transfusão de sangue quando há uma anemia grave. A escolha da abordagem terapêutica vai depender da análise caso a caso.

No entanto, nem todos os pacientes necessitam de tratamento imediato. Podemos, em um primeiro momento, apenas monitorar a situação. Por isso é fundamental o acompanhamento de um hematologista, assim como o diagnóstico correto.

Com a disseminação do conhecimento a respeito e os avanços no tratamento, podemos ampliar a qualidade e a expectativa de vida de mais pessoas que encaram a mielodisplasia.

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* Nelson Hamerschlak é hematologista, livre-docente pela USP, professor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein e coordenador do Programa de Hematologia, Transplantes de Medula Óssea e Terapia Celular do Hospital Israelita Albert Einstein (SP)

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