quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Câncer de pênis causa centenas de amputações por ano

Os números estão em queda desde 2018, mas o câncer no pênis ainda afeta os homens de maneira brutal. Só no ano passado foram 1 933 diagnósticos e 459 amputações do membro, segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em parceria ao Ministério da Saúde. O número representa 2% do total de tumores masculinos.

Em 2020, foram registradas 463 mortes devido a esse tipo de câncer. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor de pênis é mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.

Como a falta de higiene é a maior causa evitável dessa doença, o diagnóstico é mais recorrente entre homens com condições socioeconômicas precárias, segundo análise da SBU.

Em muitas regiões do país, há problemas de acesso à água e tratamento de esgoto: 5 milhões de pessoas não têm acesso a um banheiro, segundo dados do Instituto Trata Brasil. Pouco mais de 3,3 milhões dessas pessoas estão na região Nordeste do Brasil.

Para evitar esse cenário, a SBU realiza, pelo terceiro ano seguido, uma campanha de esclarecimento da população. De acordo com o urologista Alfredo Canalini, presidente da entidade, a ação é mais acentuada nas regiões de alta prevalência da doença, que são as áreas de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Mas há desinformação generalizada de como se lava corretamente o pênis. “Também se fala pouco do quanto é importante fazer a cirurgia de retirada do prepúcio quando há uma fimose, que impossibilita a higiene correta”, afirma Canalini.

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Buscar o médico só quando existe um problema é outro hábito preocupante. É importante contar com o acompanhamento de um especialista desde cedo.

“O número de consultas de meninas adolescentes é 18 vezes maior do que a de meninos da mesma faixa etária, e a vacinação contra o HPV [que também pode provocar esse tumor] nos meninos está longe do ideal”, afirma o médico.

Quais são os fatores de risco para o câncer de pênis?

Há uma secreção localizada no pênis chamada esmegma. Ela fica entre a glande (cabeça) e o prepúcio (pele que recobre o órgão). Sem a higiene correta, pode ser acumular e dar início a um processo inflamatório que leva ao câncer.

O excesso de prepúcio dificulta a higienização correta do pênis, aumentando o risco da doença. Nesse caso, médicos costumam indicar a cirurgia de postectomia, que faz a retirada desse excesso.

Não ter tomado a vacina do HPV também coloca o homem em perigo, assim como o hábito de fumar.

Como se prevenir?

A limpeza adequada do pênis é a atitude mais importante. É preciso puxar o prepúcio para realizar a higiene da glande. Basta usar água e sabão. Essa higienização deve ser feita todos os dias e após as relações sexuais.

Também é essencial utilizar preservativo durante o sexo, para evitar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o HPV. Nas mulheres, esse vírus está relacionado ao câncer de colo de útero e, nos homens, ao de pênis.

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Há vacina contra o HPV. Na rede pública, é possível imunizar meninos de 9 a 14 anos, mas, na rede privada, há imunizantes para homens de até 45 anos. Como as injeções não são baratas, um médico pode orientar sobre a necessidade de correr atrás da vacina.

+ Leia também: Como evitar as ISTs mais comuns entre os homens

Primeiros sinais da doença

Ela se manifesta por verrugas, feridas ou nódulos mais firmes que não cicatrizam após um mês, mesmo após tratamento. Essas feridas surgem, geralmente, na glande ou na face interna do prepúcio.

“Essa lesão costuma estar associada a coceira local, queimação, dor e odor desagradável”, descreve o médico José de Ribamar Rodrigues Calixto, supervisor da disciplina de câncer de pênis da SBU.

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O tratamento

Via de regra, ele envolve remover cirurgicamente o tumor. Dependendo do grau de acometimento do pênis, é preciso fazer a amputação. Se descoberto no início, quando há uma lesão ainda pequena, o problema tem uma alta taxa de cura.

Infelizmente, a falta de informação, a dificuldade em obter atendimento e a vergonha fazem com que muitos homens só busquem o médico quando a doença está avançada — estudos indicam que isso ocorre em até 50% dos casos.

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Nesse cenário, existe a possibilidade de as células malignas atingirem os gânglios da região inguinal, que abrange a virilha, e se espalharem para o resto do corpo. Em última instância, as chamadas metástases atingem órgãos vitais, como fígado e pulmão.

Estatísticas de câncer de pênis no Brasil

Casos por ano

2018 – 2 134
*2019 – 2 156
*2020 – 2 064
2021 – 2 072
*2022 – 1 933

Amputações por ano no Brasil

2018 – 639
2019 – 637
2020 – 525
2021 – 570
*2022 – 459

Fonte: SIH/DATASUS
* Dados até novembro de 2022.

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Câncer de pênis causa centenas de amputações por ano Publicado primeiro em https://saude.abril.com.br

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