terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Engasgo infantil? Saiba o que fazer diante desse acidente

O medo do engasgo infantil é frequente entre pais e cuidadores. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a aspiração de corpo estranho é observada principalmente nas crianças do sexo masculino, na faixa etária de 1 a 3 anos.

Mais de 50% das aspirações ocorrem em crianças menores de 4 anos, e mais de 94% antes dos 7 anos de idade.

Um estudo realizado entre 2009 e 2019 e apresentado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mostrou que, no Brasil, ocorreram 2 148 notificações de óbitos de crianças entre 0 a 9 anos por engasgo. Dessas mortes, 72% eram bebês menores de 1 ano, e 21,6% crianças de 1 a 4 anos.

Mas o que os pais e educadores podem fazer para evitar esse tipo de acidente na infância?

Conversamos com a coordenadora do programa de Aerodigestivo do Sabará Hospital Infantil, Saramira Bohadana, para falar um pouco sobre o assunto.

+ Leia também: Como saber se a criança está apresentando o desenvolvimento adequado?

O que é a manobra de Heimlich?

A manobra de Heimlich é uma técnica que consiste na tração abdominal em que a vítima é abraçada por trás ao redor do abdome, promovendo um aumento da pressão intratorácica, com o objetivo de expelir o corpo estranho aspirado.

Em menores de 1 ano, a manobra deve ser adaptada para percussões nas costas e compressões no peito.

São técnicas que podem ser ensinadas ao público leigo e devem ser conhecidas por quem habitualmente cuida de crianças!

<span class="hidden">–</span>Arte: Valeska Medeiros de Morais - Sabará Hospital Infantil/Divulgação

Qual é o momento de procurar um pronto-socorro?

Se a criança não está respirando, não emite som e se estiver ficando roxa, leve-a imediatamente ao pronto-socorro.

Mesmo que a criança apresente melhora, caso ainda exista suspeita de obstrução das vias aéreas por algum objeto ou alimento, é importante procurar um pronto socorro para uma avaliação.

Dependendo da situação, a criança realizará exames de endoscospia digestiva e, se houver necessidade, o objeto será retirado da árvore respiratória por meio do procedimento de broncoscopia.

+ Leia também: Introdução alimentar: como ter sucesso

O que os pais nunca devem fazer em situações de engasgo?

Caso os pais não saibam fazer as manobras de desengasgo, devem ligar para o 192 para pedir ajuda.

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Nunca devem sacudir a criança muito menos tentar retirar o produto de engasgo com as mãos, porque pode acabar empurrando-o mais para dentro, dificultando sua remoção.

Quais são os sintomas que a criança apresenta se estiver de fato engasgada?

Tosse, espirro, ânsia de vômito e choro durante a alimentação, dificuldade ao respirar ou estar ofegante; lábios azulados, palidez ou vermelhidão na face; não conseguir falar.

+ Leia também: Pneumonia infantil requer atenção

Crianças em situações complexas são mais suscetíveis ao engasgo?

Sim. São mais suscetíveis ao engasgo porque podem ter dificuldade de deglutição, desnutrição e problemas pulmonares graves – que dificultam a manobra de Heimlich.

Essas crianças são, em geral, mais propensas à aspiração.

Os pequenos com condições complexas ainda têm o comum agravante de alterações cognitivas e necessitam de supervisionamento em tempo integral.

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Quais são os objetos mais comuns que causam esse tipo de acidente?

Pilhas, baterias e ímãs que podem estar nos brinquedos. Esses são mais perigosos também, pois podem soltar componentes corrosivos e lesar o nosso organismo.

Grãos como arroz, feijão, milho, pipoca, amendoim, além de pedaços de fruta escorregadias (como manga ou banana), pequenos brinquedos ou peças soltas (como moedas e botões) também são motivos frequentes de engasgos.

A ingestão de líquidos quando a criança está deitada deve ser evitada, pois pode ocorrer engasgo.

Quais os riscos de um engasgo com baterias?

Os acidentes com baterias podem perfurar o esôfago. A lesão no esôfago inicia-se 15 minutos após a ingestão e pode levar à perfuração por necrose do tecido, devido à alcalinização do meio.

Um estudo realizado nos Estados Unidos evidenciou que a irrigação com mel no tecido lesado promovia a neutralização do PH, evitando a necrose e perfuração do esôfago.

Então, sugere-se a ingestão de 10 ml de mel a cada 10 minutos logo após o acidente. Repita a oferta até chegar ao pronto-socorro.

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